Revista de Estudios Sociales

Indigeneity and Indigenous Politics: Ground-breaking Resources

Abstract: The purpose of this article is to relate the very important question of the autonomy of indigenous peoples to freely make decisions about their life with the notion of indigeneity, reconceptualised as a socially constructed and deeply contested resource. Resources are more than mere static assets or quantities of matter waiting to be measured, explored or protected. Something becomes a resource through joint processes of quantification, valuation, and normalisation. Along these lines, indigeneity is not just the ascertainment of something or someone in relation to ‘somewhat else’, but a nexus of indigenous peoples’ self-realisation and political intervention. To be indigenous is to exist politically in space and in relation to antagonist forces and processes that constantly downgrade their ethnic and social condition. Indigeneity is, thus, a resource that presupposes the value and the fight for their rights and for other (so-called) indigenous resources found in their lands. The main contribution here is the claim that indigeneity is a ground-breaking resource and a reaction formulated in the interstices of the old and new machineries of market-oriented coloniality. Indigeneity is reinterpreted as a special, highly politicised resource that directly and indirectly opposes processes of world grabbing and the appropriation of other territorialised resources from indigenous areas. It is concluded that indigeneity, as a resourceful resource, has become a key factor in the process of external and internal recognition, which galvanises political mobilisation and instigates novel forms of interaction. What makes indigenous peoples more and more unique is also what makes them share a socio-political struggle with allied, subaltern social groups.

Resumen: El propósito de este artículo es relacionar la importante cuestión de la autonomía de los pueblos indígenas, en términos de tomar decisiones sobre su vida libremente, con la noción de indigeneidad, reconceptualizada como un recurso socialmente construido y profundamente cuestionado. Los recursos son más que simples activos estáticos o cantidades de materia a la espera de ser medidos, explorados o protegidos. Algo se convierte en recurso a través de procesos conjuntos de cuantificación, valoración y normalización. En este orden de ideas, indigeneidad no es solo la constatación de algo o alguien en relación con “algo más”, sino un nexo de autorrealización e intervención política de los pueblos indígenas. Ser indígena es existir políticamente en el espacio y vinculado con fuerzas y procesos antagonistas que degradan constantemente la condición étnica y social. Por lo tanto, la indigeneidad es un recurso que presupone el valor y la lucha por los derechos y por otros recursos (llamados) indígenas que se encuentran en sus tierras. La principal contribución de este artículo es la afirmación de que la indigeneidad es un recurso innovador y una reacción formulada en los intersticios de las viejas y nuevas maquinarias de la colonialidad orientada al mercado. Se reinterpreta como especial y altamente politizado, y opuesto directa e indirectamente a los procesos de acaparamiento del mundo y a la apropiación de otros recursos territorializados de las zonas indígenas. Se concluye que la indigeneidad, como recurso innovador, se ha convertido en un factor clave en el proceso de reconocimiento externo e interno, que galvaniza la movilización política y propicia formas novedosas de interacción. Lo que hace que los pueblos indígenas sean cada vez más únicos es también lo que los hace compartir una lucha sociopolítica con grupos sociales aliados y subalternos.

Resumo: O objetivo deste artigo é relacionar a importante questão da autonomia dos povos indígenas, em termos de tomar livremente decisões sobre sua vida, com a noção de indigeneidade, reconceituada como um recurso socialmente construído e profundamente questionado. Os recursos são mais do que simples ativos estáticos ou quantidades de matéria à espera de ser avaliados, explorados ou protegidos. Algo se converte em recurso por meio de processos conjuntos de quantificação, valorização e normalização. Nessa ordem de ideias, indigeneidade não é somente a constatação de algo ou alguém com relação a “algo mais”, mas também de autorrealização e intervenção política dos povos indígenas. Ser indígena é existir politicamente no espaço e vinculado com forças e processos antagonistas que degradam constantemente a condição ética e social. Portanto, a indigeneidade é um recurso que pressupõe o valor e a luta pelos direitos e por outros recursos (chamados) indígenas que se encontram em suas terras. A principal contribuição deste artigo é a afirmação de que a indigeneidade é um recurso inovador e uma reação formulada nos interstícios das velhas e novas maquinarias da colonialidade orientada ao mercado. É reinterpretado como especial e altamente politizado, e oposto direta e indiretamente aos processos de acumulação do mundo e à apropriação de outros recursos territorializados das áreas indígenas. Conclui-se que a indigeneidade, como recurso inovador, é convertido em um fator-chave no processo de reconhecimento externo e interno, que estimula a mobilização política e propicia novas formas de interação. O que faz com que os povos indígenas sejam cada vez mais únicos é também o que os faz compartilhar uma luta sociopolítica com grupos sociais aliados e subalternos.

Redistribuição do poder em cenários de conflito socioambiental, direitos humanos e capital político: o caso da hidroelétrica El Quimbo, Colômbia

Resumen: A través del estudio de caso del proyecto de hidroeléctrica de El Quimbo (Colombia), este artículo investiga el problema de las asimetrías de poder en escenarios de conflictos socioambientales. Tales asimetrías son una condición inicial de los procesos de negociación en que participan agentes estatales, sociales y empresariales (específicamente, empresas multinacionales). Las asimetrías se reconfiguran a través de la transformación de recursos normativos complejos generados en el plano internacional (por la convergencia entre derechos humanos y medioambiente) que, al institucionalizarse en el plano doméstico, se convierten en recursos de capital político y sirven a los agentes en las posiciones más desfavorecidas al integrarlos en la gestión de sus estrategias prácticas de acción. La transformación de la normativa en un recurso de capital político y su aprovechamiento resultan en la reconfiguración de la distribución de poder y el aumento en la capacidad de incidencia de quienes usan estos recursos en la regulación de estas problemáticas ambientales. El presente estudio de caso sostiene empíricamente este argumento a partir de un diseño metodológico cualitativo de modelado longitudinal de procesos, que integra un enfoque de sistemas multiescalares y multiagente y usa una base de datos textuales amplia, relativa al proyecto de hidroeléctrica de El Quimbo. Estos datos se analizan con técnicas de minería de texto y procesamiento de lenguaje natural. El caso de estudio genera lecciones prácticas importantes sobre la posibilidad de movilizar recursos normativos, que vienen del largo proceso de convergencia entre derechos humanos y ambiente, como formas de capital político que tienen el potencial de alterar la distribución inicial de poder en estos escenarios de conflicto y avanzar en la protección de los derechos ambientales.

Abstract: This article investigates the problem of power asymmetries in contexts of socio-environmental conflicts through the case study of the El Quimbo hydroelectric project (Colombia). Such asymmetries are an initial condition of negotiation processes involving state, social, and business actors (specifically, multinational companies). Asymmetries are reconfigured by transforming complex normative resources produced internationally (by the convergence between human rights and the environment) which, when institutionalized nationally, become resources of political capital, and serve agents in the most disadvantaged positions by integrating them into the management of their practical action strategies. The transformation of regulations into a resource of political capital and their use result in the reconfiguration of the distribution of power and an increase in the advocacy capacity of those who use these resources in the regulation of these environmental problems. This case study empirically supports this argument based on a qualitative methodological design of longitudinal process modeling, which integrates a multiscale and multiagent systems approach and uses a large textual database related to the El Quimbo hydroelectric project. This data is analyzed using text mining and natural language processing techniques. The case study yields important practical lessons on the possibility of mobilizing normative resources, which come from the long process of convergence between human rights and the environment, as forms of political capital that have the potential to alter the initial distribution of power in these conflict scenarios and advance the protection of environmental rights.

Resumo: Por meio do estudo de caso do projeto de hidroelétrica de El Quimbo (Colômbia), neste artigo, pesquisa-se sobre o problema das assimetrias de poder em cenários de conflitos socioambientais. Essas assimetrias são uma condição inicial dos processos de negociação dos quais agentes estatais, sociais e empresariais (especificamente, empresas multinacionais) participam. As assimetrias são reconfiguradas por meio da transformação de recursos legais complexos gerados no plano internacional (pela convergência entre direitos humanos e meio ambiente) que, ao serem institucionalizados no plano doméstico, são convertidos em recursos de capital político e servem aos agentes nas posições mais desfavorecidas ao integrá-los na gestão de suas estratégias práticas de ação. A transformação da legislação num recurso de capital político e seu aproveitamento resultam na reconfiguração da distribuição de poder e no aumento na capacidade de incidência de quem usa esses recursos na regulamentação dessas problemáticas ambientais. Este estudo de caso apoia empiricamente esse argumento a partir de um desenho metodológico qualitativo de modelagem longitudinal de processos, que integra uma abordagem de sistemas multiescalares e multiagentes, e usa uma base de dados textuais ampla, relativa ao projeto de hidroelétrica de El Quimbo. Esses dados são analisados com técnicas de mineração de texto e processamento de linguagem natural. O caso de estudo gera lições práticas importantes sobre a possibilidade de mobilizar recursos legais que vêm do longo processo de convergência entre direitos humanos e ambiente, como formas de capital político que têm o potencial de alterar a distribuição inicial de poder nesses cenários de conflitoe avançar na proteção dos direitos ambientais.

Mediações entre endividamento e consumo: construção e consumidores financeiros e domesticação do crédito no Chile

Resumen: La forma particular cobrada por el capitalismo chileno ha requerido la producción de consumidores financieros que deambulan por la sociedad de consumo con ingresos bajos, pero con gran acceso al crédito. En consecuencia, estar endeudado es una expectativa habitual en Chile. A través de 46 entrevistas en profundidad con consumidores financieros endeudados, se abordan las prácticas, materialidades, y evaluaciones morales y sociales en torno al crédito y la deuda que pueden resignificarse y domesticarse en un contexto de profunda normalización del endeudamiento. A la luz de estos datos es posible identificar tres procesos relacionados: (1) las operaciones morales que permiten el desacople del crédito y la deuda; (2) la resignificación de precios, valores y materialidades mediante distintas prácticas de crédito que usan los consumidores financieros para sobrevivir en una sociedad de consumo precaria; y (3) la evaluación y categorización subjetiva de los niveles de endeudamiento al subvertir las cuantificaciones y categorizaciones convencionales sobre la deuda. Tales argumentos y sus respectivas evidencias ayudan a explicar cómo estos consumidores financieros pueden desmoralizar el endeudamiento y resignificar el crédito; y explorar cómo aquello podría abrir espacios de contraagencia, colectivización y politización de los sujetos endeudados. Este artículo contribuye a la discusión sobre el significado de la deuda, a comprender la financiarización de la vida cotidiana, y a entender la instalación y participación en la sociedad de consumo desde la perspectiva de sujetos subordinados en el sur global.

Abstract: Chile’s specific form of capitalism has given rise to a class of financial consumers who navigate a consumer society with low incomes but easy access to credit. As a result, being in debt has become a common expectation in Chilean society. In this study, we conducted 46 in-depth interviews with indebted financial consumers to examine the practices, materialities, and moral and social evaluations surrounding credit and debt. We explored how these concepts are reinterpreted and domesticated in a context where indebtedness is deeply entrenched. Through our analysis, we identified three interrelated processes: (1) moral operations that allow for the separation of credit from debt; (2) the redefinition of prices, values, and materialities through various credit practices used by financial consumers to survive in a precarious consumer society; and (3) the subjective evaluation and categorization of debt levels, which subverts conventional quantifications and categorizations of debt. Our findings demonstrate how financial consumers can unmoralize indebtedness and redefine credit, providing opportunities for counter-agency, collectivization, and politicization of indebted subjects. This article contributes to the discussion on the meaning of debt, provides insight into the financialization of everyday life, and offers a perspective on installation and participation in a consumer society from the viewpoint of subordinated subjects in the Global South.

Resumo: A forma particular adquirida pelo capitalismo chileno vem exigindo a produção de consumidores financeiros, que deambulam pela sociedade de consumo com renda baixa, mas com grande acesso ao crédito. Em consequência, estar endividado é uma expectativa comum no Chile. Com base em 46 entrevistas em profundidade com consumidores financeiros endividados, são abordadas as práticas, as materialidades e avaliações morais e sociais sobre o crédito e a dívida, que podem se ressignificar e se domesticar num contexto de profunda normalização do endividamento. À luz desses dados, é possível identificar três processos relacionados: (1) as operações morais que permitem o desajuste do crédito e da dívida; (2) a ressignificação de preços, valores e materialidades por meio das diferentes práticas de crédito que os consumidores financeiros usam para sobreviver numa sociedade de consumo precária; (3) e a avaliação e categorização subjetivas dos níveis de endividamento ao subverter as quantificações e categorizações convencionais sobre a dívida. Esses argumentos e suas respectivas evidências ajudam a explicar como esses consumidores financeiros podem desmoralizar o endividamento e ressignificar o crédito; e explorar como isso poderia abrir espaços de contra-agência, coletivização e politização dos sujeitos endividados. Este artigo contribui para discutir sobre o significado da dívida, para compreender a financeirização da vida cotidiana e entender a instalação e participação na sociedade de consumo sob a perspectiva de sujeitos subordinados no sul global.

As biopolíticas da financeirização da moradia: uma abordagem das violências epistêmicas do capitalismo financeiro

Resumen: Desde el concepto de biopolíticas de la financiarización de la vivienda, este artículo aporta una comprensión conceptual de los procesos de financiarización. A partir de las categorías foucaultianas de disciplinamiento y regulación, se elabora un análisis empírico de los mecanismos que propagaron en México la aspiración de diversos sectores de la población con recursos limitados para acceder a una vivienda propia mediante créditos hipotecarios. La construcción de la noción de biopolíticas de la financiarización de la vivienda se fundamenta en una investigación empírica realizada en dos momentos diferentes (2017 y 2020) y que consiste en entrevistas semiestructuradas a propietarios de vivienda económica en la periferia de la Zona Metropolitana del Valle de México. Se demuestra que, lejos de beneficiar a los acreditados, su inserción en las relaciones crediticias merma los ingresos e incide negativamente en su calidad de vida. La presente discusión se articula a través de cinco dispositivos del biocapitalismo financiero de la vivienda -el discurso del patrimonio propio, la estratificación socioterritorial, la falacia del crédito social, la realidad de la vida periférica y la de las vidas endeudadas-, los cuales ayudan a comprender las violencias epistémicas inherentes a un modelo de desarrollo económico y territorial financiarizado que genera ganancias económicas y políticas para unas pocas personas, en detrimento de quienes supuestamente se beneficiarían de las políticas de vivienda. En función del análisis efectuado, se ha podido observar que los dispositivos implementados muestran la sutilidad del ejercicio del poder en la provisión financiarizada de la vivienda.

Abstract: This article provides a conceptual understanding of the processes of financialization based on the concept of the biopolitics of housing financialization. Drawing on the Foucauldian categories of disciplining and regulation, we elaborate an empirical analysis of the mechanisms that, in Mexico, propagated the aspiration of various sectors of the population with limited resources to have access to a home of their own through mortgage loans. The construction of the notion of biopolitics of the financialization of housing is based on an empirical research conducted at two different times (2017 and 2020) and consisting of semi-structured interviews with owners of affordable housing in the periphery of the Metropolitan Area of the Valley of Mexico. It shows that, far from benefiting borrowers, their insertion in credit relations undermines income and negatively impacts their quality of life. The present discussion is articulated through five devices of the financial biocapitalism of housing -the discourse of personal wealth, socio-territorial stratification, the fallacy of social credit, the reality of peripheral life, and the reality of indebted lives-, which help to explain the epistemic violence inherent to a financialized model of economic and territorial development that produces economic and political gains for a few people, to the detriment of those who are supposed to benefit from housing policies. The analysis reveals that the devices implemented reflect the subtlety of the exercise of power in the financialized provision of housing.

Resumo: Do conceito de biopolíticas da financeirização da moradia, neste artigo, contribui para uma compreensão conceitual dos processos de financeirização. A partir das categorias foucaultianas de disciplinamento e regulamentação, foi elaborada uma análise empírica dos mecanismos que propagaram no México a aspiração de diversos setores da população com recursos limitados para ter acesso a uma moradia própria mediante créditos hipotecários. A construção da noção de biopolíticas da financeirização da moradia está fundamentada numa pesquisa empírica realizada em dois momentos diferentes (2017 e 2020) e que consiste em entrevistas semiestruturadas com proprietários de moradia econômica na periferia da Região Metropolitana do Valle do México. Demonstra-se que, longe de beneficiar os acreditados, sua inserção nas relações creditícias diminui os ingressos e incide negativamente em sua qualidade de vida. A presente discussão está articulada por meio de cinco dispositivos do biocapitalismo financeiro da moradia - o discurso do patrimônio próprio, a estratificação socioterritorial, a falácia do crédito social, a realidade da vida periférica e a das vidas endividadas -, os quais ajudam a compreender as violências epistêmicas inerentes a um modelo de desenvolvimento econômico e territorial financeirizado que gera lucros econômicos e políticos para umas poucas pessoas, em detrimento de quem supostamente se beneficiará das políticas de moradia. Em função da análise efetuada, tem podido ser observado que os dispositivos implementados mostram a sutilidade do exercício do poder na provisão territorial financeirizado da moradia.

Novos processos de identidade coletiva e práxis política: a irrupção do bairronalismo em Madri, Espanha

Resumen: A finales de los años sesenta, los movimientos vecinales irrumpieron en la agenda municipal en múltiples entornos metropolitanos a escala global mediante numerosas demandas relacionadas con necesidades básicas. En Madrid dichas demandas tomaron como escala geográfica de referencia diferentes espacios barriales y de algunos antiguos municipios que fueron integrados como distritos en el núcleo urbano madrileño, lo que situó a estos lugares en el centro del debate político, que fue difuminándose fruto de las distintas reformas municipales desarrolladas durante las dos primeras décadas de democracia parlamentaria en España. En los últimos quince años, las reivindicaciones en torno al barrio han tomado un cariz diferente, pues ha aparecido un fenómeno político vinculado a nuevas formas de protesta vecinal denominado barrionalismo, proceso que no solo no se vio mermado durante los momentos más duros de la pandemia global provocada por la covid-19, sino que, al contrario, se ha visto reforzado como dinámica de socialización política, solidaridad y resistencia cotidiana en múltiples barrios de la capital madrileña; de este modo, se han ampliado los referentes y elementos de identificación en torno al barrio, así como la propia práctica política del barrionalismo. Desde una perspectiva espacial de los movimientos vecinales que considera la identidad política como un proceso dinámico y resignificado mediante la propia protesta y la organización colectiva, y a través de la etnografía y el análisis de entrevistas en profundidad desarrolladas durante cinco años en el distrito madrileño de Hortaleza en torno a la Cabalgata de Reyes, este trabajo estudia cómo se están articulando dichas prácticas sociopolíticas en el espacio urbano y cómo el aprendizaje de esta forma de socialización espacial está influyendo en la agenda municipal de Madrid en su conjunto.

Abstract: At the end of the 1960s, neighborhood movements burst onto the municipal agenda in many metropolitan environments worldwide through numerous demands related to basic needs. In Madrid, these demands took different neighborhood spaces and some former municipalities that were integrated as districts in the city’s urban core as a geographic scale of reference. This placed these locations at the center of the political debate, which gradually faded away as a result of the various municipal reforms developed during the first two decades of parliamentary democracy in Spain. In the last fifteen years, neighborhood demands have taken a different turn, as a political phenomenon has appeared linked to new forms of neighborhood protest called neighborhoodnalism. This process was not diminished during the hardest moments of the global covid-19 pandemic; rather, it has been strengthened as a dynamic of political socialization, solidarity, and daily resistance in many of Madrid’s neighborhoods. As a result, the referents and elements of identification around the neighborhood, as well as the political practice of neighborhoodnalism itself, have been expanded. From a spatial perspective of neighborhood movements that considers political identity as a dynamic and resignified process through protest and collective organization, and through ethnography and the analysis of in-depth interviews held over five years in the Madrid district of Hortaleza around the Three Kings Parade, this paper studies how these socio-political practices are being articulated in urban space and how the learning of this form of spatial socialization is influencing Madrid’s municipal agenda as a whole.

Resumo: No final dos anos 1960, os movimentos de bairro irromperam na agenda municipal em múltiplos entornos metropolitanos em nível global mediante inúmeras demandas relacionadas com necessidades básicas. Em Madri, essas demandas tomaram como escala geográfica de referência diferentes espaços de bairro e de alguns antigos municípios que foram integrados como distritos no núcleo urbano madrilenho, o que situou esses lugares no centro do debate político, que foi se dispersando devido às diferentes reformas municipais desenvolvidas durante as duas primeiras décadas de democracia parlamentar na Espanha. Nos últimos 15 anos, as reivindicações em torno do bairro vêm ganhando um tom diferente, pois vem aparecendo um fenômeno político vinculado a novas formas de proposta de bairro denominado bairronalismo, processo que não somente não se viu diminuído durante os momentos mais duros da pandemia global provocada pela covid-19, mas também que, ao contrário, se viu reforçado como dinâmica de socialização política, solidariedade e resistência cotidiana em múltiplos bairros da capital madrilenha; desse modo, vêm se ampliando os referentes e elementos de identificação em torno do bairro, bem como a própria prática política do bairronalismo. Sob uma perspectiva espacial dos movimentos do bairro que considera a identidade política como um processo dinâmico e ressignificado mediante o próprio protesto e organização coletiva, e, mediante a etnografia e a análise de entrevistas em profundidade desenvolvidas durante cinco anos do distrito madrilenho de Hortaleza em torno da Cabalgata de Reyes, neste trabalho, estuda-se como estão sendo articuladas essas práticas sociopolíticas no espaço urbano e como a aprendizagem dessa forma de socialização espacial está influenciando na agenda municipal de Madri em seu conjunto.

O enquadramento “antigênero” e a (ultra)direita espanhola. Grupos de discussão com votantes do Vox e do Partido Popular

Resumen: El antifeminismo del discurso de Vox, un partido de ultraderecha emparentado con las nuevas derechas latinoamericanas y con la derecha radical europea, es una de sus señas de identidad. Pese a la relevancia mediática de la toma de posición “antigénero” de las élites de este partido -en otras palabras, de su oposición a la justicia de género y a la diversidad sexual-, poco sabemos de la resonancia de este marco entre el electorado del bloque de la derecha en un sentido más amplio, donde Vox cosecha votos. Abordamos esta tarea a través de tres grupos de discusión con votantes de Vox y del Partido Popular -los principales partidos de derechas en España- analizando cómo este marco de interpretación de la realidad se declina de modo diferencial en cuatro fracciones discursivas: (1) liberalismo androcéntrico; (2) conservadurismo patriarcal; (3) reaccionarismo misógino; y (4) radicalismo femonacionalista. Pese a las notables divergencias entre fracciones discursivas, hubo una resonancia transversal del marco antigénero que movilizó a los votantes de derechas contra las políticas de igualdad entre mujeres y hombres, y contra el feminismo. Solo el conservadurismo patriarcal mostró cierta ambivalencia, pues se desmarcó en algunos momentos. En cambio, la fracción liberal androcéntrica fue más consistente en su posicionamiento antigénero, en consonancia con el reaccionarismo misógino y el radicalismo femonacionalista. Ponemos de relieve que el liberalismo androcéntrico supone una amenaza para la política feminista, por cuanto niega la desigualdad entre hombres y mujeres a través de argumentos legales que gozan de legitimidad dentro del discurso democrático.

Abstract: One of the hallmarks of Vox, a far-right political party associated with both the Latin American new right and the European radical right, is its anti-feminist discourse. Despite the media prominence of the “anti-gender” stance taken by the elites of this party -in other words, of its opposition to gender justice and sexual diversity-, we know little about how this frame resonates among the broader right-wing electorate, where Vox gains support. To address this gap, we conducted three focus groups with voters from Vox and Partido Popular, the main right-wing parties in Spain. We analyzed how the anti-gender interpretation of reality is expressed in four discursive fractions: (1) androcentric liberalism; (2) patriarchal conservatism; (3) misogynist reactionaryism; and (4) feminist-nationalist radicalism. Despite significant differences between these discursive fractions, there was a transversal resonance of the anti-gender frame that mobilized right-wing voters against gender equality and feminism. Patriarchal conservatism was the only discursive fraction that showed ambivalence, dissociating itself from the anti-gender frame at some points. Conversely, the androcentric liberal faction was consistent in its opposition to gender justice, aligning with misogynist reactionaryism and feminist-nationalist radicalism. It is important to note that androcentric liberalism poses a threat to feminist politics as it denies the inequality between men and women through legal arguments that are legitimized within democratic discourse.

Resumo: O antifeminismo do discurso do Vox, um partido ultradireita alinhado com as novas direitas latino-americanas e com a direita radical europeia, é um dos seus sinais de identidade. Embora a relevância midiática da tomada de posição “antigênero” das elites desse partido - em outras palavras, de sua oposição à justiça de gênero e à diversidade sexual -, pouco sabemos da ressonância desse enquadramento entre o eleitorado do bloco da direita num sentido mais amplo, em que o Vox colhe votos. Abordamos essa tarefa por meio de três grupos de discussão com votantes do Vox e do Partido Popular - os principais partidos de direita da Espanha -, analisando como esse enquadramento de interpretação da realidade se declina de modo diferencial em quatro fracções discursivas: (1) liberalismo androcêntrico; (2) conservadorismo patriarcal; (3) reacionarismo misógino; (4) radicalismo femonacionalista. Apesar das notáveis divergências entre fracções discursivas, houve uma ressonância transversal do enquadramento antigênero que mobilizou os votantes de direitas contra as políticas de igualdade entre mulheres e homens, e contra o feminismo. Somente o conservadorismo patriarcal mostrou certa ambivalência, pois se desmarcou em alguns momentos. Em contrapartida, a fracção liberal androcêntrica foi mais consistente em seu posicionamento antigênero, em consonância com o reacionarismo misógino e o radicalismo femonacionalista. Enfatizamos que o liberalismo androcêntrico supõe uma ameaça para a política feminista, portanto nega a desigualdade entre homens e mulheres por meio de argumentos legais que gozam de legitimidade dentro do discurso democrático.

Perspectivas profissionais sobre a intervenção psicossocial no Chile. Uma revisão sistemática de estudos qualitativos

Resumen: Desde la instalación del modelo neoliberal y la implementación del enfoque de la nueva gestión pública en Chile, las políticas sociales han priorizado la eficiencia cuantificable en el cumplimiento de estándares administrativos antes que la resolución efectiva de los problemas sociales. En el ámbito de la intervención psicosocial, esto repercute negativamente en la experiencia de los/as profesionales y en la calidad de sus intervenciones. Sin embargo, las perspectivas de los/as interventores/as inciden significativamente en cómo implementan sus intervenciones y, en general, en la pretendida eficiencia de las políticas sociales. Al considerar la relevancia de estas perspectivas, el artículo tiene dos objetivos: (i) identificar en los/as profesionales aspectos subjetivos que están implicados transversalmente en distintas experiencias de intervención psicosocial, y (ii) dar cuenta de su articulación con el carácter neoliberal de las políticas sociales chilenas. Para ello se realizó una revisión sistemática focalizada en los puntos de vista de los/as profesionales acerca de las políticas sociales chilenas, su labor como interventores/as y los/as usuarios/as con quienes intervienen. El reporte de este estudio sigue las orientaciones PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses). Se identificó un total de 4.799 artículos en 5 bases de datos (Psycinfo, Scopus, Sociological Abstracts y Web of Science), 26 de los cuales cumplen los criterios de elegibilidad. La información fue analizada por medio de una síntesis temática. Los resultados se organizaron en cinco temas analíticos: marco contraproducente, obstáculos internos, usuarios/as en falta, tensiones amenazantes y respuestas de afrontamiento. Se concluye que en estos temas subyace una racionalidad interventora alineada con las condiciones laborales negativas y con los problemas de la intervención. Las respuestas a esta racionalidad son políticamente ambivalentes, pues pueden conducir a prácticas de intervención psicosocial que refuerzan las lógicas neoliberales y/o que representan líneas transformadoras para una disrupción radical.

Abstract: The adoption of the neoliberal model and the implementation of the new public management approach in Chile, have led to the implementation of social policies that prioritize quantifiable efficiency and adherence to administrative standards over effective solutions to social problems. This has had a negative impact on the experiences of professionals working in the field of psychosocial intervention, and on the quality of their interventions. However, the perspectives of these professionals play a crucial role in shaping how they implement their interventions and ultimately determine the perceived effectiveness of social policies. The article pursues two main objectives: firstly, to identify subjective aspects of professionals involved in various psychosocial intervention experiences, and secondly, to explore their connection to the neoliberal nature of Chilean social policies. To this end, a systematic review was conducted, focusing on the perspectives of professionals on Chilean social policies, their work as interveners, and the users they work with. The study followed the PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) guidelines, and a total of 4,799 articles were identified in five databases (Psycinfo, Scopus, Sociological Abstracts, and Web of Science), out of which 26 met the eligibility criteria. The information was analyzed using a thematic synthesis, and the results were organized into five analytical themes: counterproductive framework, internal obstacles, users at fault, threatening tensions, and coping responses. The study concludes that an intervening rationality aligned with negative working conditions and intervention problems underlies these themes. Responses to this rationality are politically ambivalent, as they can either reinforce neoliberal logics or represent transformative lines for radical disruption in psychosocial intervention practices.

Resumo: A partir da instalação do modelo neoliberal e da implementação da abordagem da nova gestão pública no Chile, as políticas sociais têm priorizado a eficiência quantificável no cumprimento de parâmetros administrativos antes do que a resolução efetiva dos problemas sociais. No âmbito da intervenção psicossocial, isso repercute negativamente na experiência dos/as profissionais e na qualidade de suas intervenções. Contudo, as perspectivas dos/as interventores/as incidem significativamente em como implementam suas intervenções e, em geral, na pretendida eficiência das políticas sociais. Ao considerar a relevância dessas perspectivas, este artigo tem dois objetivos: identificar nos/as profissionais aspectos subjetivos que estão implicados transversalmente em diferentes experiências de intervenção psicossocial, e evidenciar sua articulação com o caráter neoliberal das políticas sociais chilenas. Para isso, foi realizada uma revisão sistemática focada nas perspectivas dos/as profissionais sobre as políticas sociais chilenas, seu trabalho como interventores/as e os/as usuários/as com os quais intervêm. O relatório deste estudo segue as orientações do Prisma (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses). Foram identificados 4.799 artigos em cinco bases de dados (Psycinfo, Scopus, Sociological Abstracts e Web of Science), 26 dos quais cumprem os critérios de elegibilidade. A informação foi analisada por meio de uma síntese temática. Os resultados são organizados em cinco temas analíticos: marco contraproducente, obstáculos internos, usuários/as em falta, tensões ameaçadoras e respostas de enfrentamento. Conclui-se que, nesses temas, subjaz uma racionalidade interventora alinhada com as condições laborais negativas e com os problemas da intervenção. As respostas a essa racionalidade são politicamente ambivalentes, pois podem conduzir a práticas de intervenção psicossocial que reforçam as lógicas neoliberais e/ou representam linhas transformadoras para uma disrupção radical.

Manuel Zapata Olivella: reflexões contemporâneas sobre filosofia muntu, literatura política e trietnicidade latino-americana

Resumen: Este ensayo presenta una mirada compleja del pensamiento intercultural de Manuel Zapata Olivella. Desde campos recorridos por él como la antropología, la filosofía y los estudios literarios, se problematizan tres puntos centrales en su obra intelectual: la filosofía muntú, la literatura política y la trietnicidad colombiana y latinoamericana, en los que fue pionero y pilar. Se abordan sus ideas recurriendo a la hermenéutica de sus trabajos más representativos, como son Changó, el gran putas, La calle 10 y El hombre colombiano, a partir de las que se desarrolla un trabajo documental desde una perspectiva antropológica, literaria y filosófica para abordar su obra desde las tres aristas que él propone. El artículo muestra que existen claves histórico-sociales para comprender la sociedad colombiana, visibles desde las conceptualizaciones africanas como muntú (el ser humano articulado a la creación). Asimismo, se ofrece una comprensión del paradigma del multiculturalismo desde la perspectiva de las tradiciones africanas en la conformación del Estado-nación en Colombia. La investigación concluye que, a pesar de su silenciamiento e invisibilización cultural, las poblaciones afrocolombianas han hecho presencia en el mundo intelectual, literario e histórico-social nacional; que el fenómeno de la identidad y de la diversidad étnica, lingüística, religiosa y musical son la clave que ha definido a Colombia; y que obras como las de Zapata Olivella fueron fundamentales para colocar a la población afrocolombiana en el plano académico y político, entendiéndola como un sujeto central en la formación del Estado-nación.

Abstract: This essay presents a complex view of the intercultural thought of Manuel Zapata Olivella. Three central points in his intellectual work are discussed based on fields such as anthropology, philosophy, and literary studies: Muntu philosophy, political literature, and Colombian and Latin American triethnicity, in which he was a pioneer and pillar. His ideas are approached resorting to the hermeneutics of his most representative works, such as Changó, el gran putas, La calle 10, and El hombre colombiano, based on which a documentary work is elaborated from an anthropological, literary, and philosophical perspective in order to approach his work from the three aspects he proposed. The article shows that there are historical-social keys to understanding Colombian society, evident from African conceptualizations such as Muntú (the human being articulated to creation). It also offers an understanding of the paradigm of multiculturalism based on the perspective of African traditions in the formation of the nation-state in Colombia. The study concludes that, despite their silencing and cultural invisibilization, Afro-Colombian populations have made their presence felt in the national intellectual, literary, and historical-social world; that the phenomenon of identity and ethnic, linguistic, religious, and musical diversity are the key that has defined Colombia; and that works such as those of Zapata Olivella were fundamental to placing the Afro-Colombian population in the academic and political arena, understanding them as a central subject in the formation of the nation-state.

Resumo: Neste ensaio, é apresentada uma visão complexa do pensamento intelectual de Manuel Zapata Olivella. Sob campos percorridos por ele como a antropologia, a filosofia e os estudos literários, são problematizados três pontos centrais em sua obra intelectual: a filosofia muntu, a literatura política e a trietnicidade colombiana e latino-americana, nos quais foi pioneiro e pilar. São abordadas suas ideias recorrendo à hermenêutica de seus trabalhos mais representativos, como são Changó, el gran putas, La calle 10 e El hombre colombiano, a partir das quais é desenvolvido um trabalho documental sob uma perspectiva antropológica, literária e filosófica para abordar sua obra com base nas três arestas que ele propõe. Neste artigo, mostra-se que existem chaves histórico-sociais para compreender a sociedade colombiana, visíveis a partir das conceituações africanas como muntu (o ser humano articulado à criação). Além disso, é oferecida uma compreensão do paradigma do multiculturalismo sob a perspectiva das tradições africanas na conformação do Estado-Nação na Colômbia. Nesta pesquisa, conclui-se que, apesar de seu silenciamento e invisibilização cultural, as populações afrocolombiana vêm fazendo presença no mundo intelectual, literário e histórico-social nacional; que o fenômeno da identidade e da diversidade étnica, linguística, religiosa e musical são a chave que define a Colômbia; e que obras como as de Zapata Olivella foram fundamentais para colocar a população afrocolombiana no plano acadêmico e político, entendendo-a como um sujeito central na formação do Estado-Nação.