Scielo RSS <![CDATA[Antipoda. Revista de Antropología y Arqueología]]> http://www.scielo.org.co/rss.php?pid=1900-540720240004&lang=pt vol. num. 57 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://www.scielo.org.co/img/en/fbpelogp.gif http://www.scielo.org.co <![CDATA[Discussões interdisciplinares sobre persistência colonial, descolonização, experiência e passagens socioantropológicas e políticas latino-americanas]]> http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1900-54072024000400003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumen: En la actualidad, uno de los debates principales en las ciencias sociales que se desarrollan en América Latina es que todavía existen patrones, prácticas y componentes de dominación colonial en las formas de hacer investigaciones y pensar subjetivamente los problemas y sujetos en las sociedades. Pero, también, hay intentos descolonizadores que cuestionan las maneras en que la colonialidad se ha articulado con la expansión del capital en el siglo XXI. Por lo tanto, el objetivo de este artículo introductorio es realizar un acercamiento a los debates centrales de la persistencia colonial y la descolonización en las ciencias sociales. Este dosier se aborda mediante el uso de una metodología centrada en el análisis documental y reflexiones sociales y políticas participativas en la experimentación. La revisión de los artículos llevó a concluir que la persistencia colonial y la descolonización son dialécticas, contradictorias y conflictivas; se expresan en los diversos ámbitos sociales, culturales, económicos y políticos en los territorios. Por lo tanto, la originalidad de este número temático reside en que se logra conjuntar una discusión teórica y conceptual sobre problemáticas simbólicas de lo imaginario en la cultura, tanto antropológicas como jurídicas y educativas. Queda claro que en las luchas por la tierra y los recursos naturales estas problemáticas existen, son plurales y permiten enriquecer un conocimiento interdisciplinario sobre relaciones dialécticas sociales antropológicas, económicas y políticas con aspectos de artes del hacer estético en las culturas.<hr/>Abstract: A central debate in contemporary Latin American social sciences revolves around the enduring presence of colonial patterns, practices, and forms of domination in research methodologies and the subjective framing of societal issues. However, decolonizing initiatives are emerging, concurrently, to challenge the ways coloniality has been entwined with the expansion of capital in the 21st century. This introductory article explores the key debates surrounding colonial persistence and decolonization within the social sciences. The dossier employs a methodology centered on documentary analysis and participatory social and political reflection, particularly through experimental approaches. The articles reviewed reveal that colonial persistence and decolonization are inherently dialectical, contradictory, and conflict-ridden, manifesting across diverse social, cultural, economic, and political domains. The uniqueness of this thematic issue lies in its ability to weave together a theoretical and conceptual discourse on symbolic and imaginary aspects within culture, spanning anthropological, legal, and educational dimensions. The analysis underscores that these issues are pluralistic and deeply intertwined with struggles over land and natural resources, enriching interdisciplinary understanding of the complex dialectical relationships between social, anthropological, economic, and political factors, alongside the aesthetics of cultural practices.<hr/>Resumo: Atualmente, um dos principais debates nas ciências sociais da América Latina refere-se ao fato de que ainda existem padrões, práticas e componentes da dominação colonial nas formas de fazer pesquisa e de pensar subjetivamente sobre problemas e sujeitos nas sociedades. Contudo, há também tentativas descolonizadoras que questionam as maneiras pelas quais a colonialidade tem sido articulada com a expansão do capital no século 21. Portanto, o objetivo deste artigo introdutório é abordar os debates centrais sobre a persistência colonial e a descolonização nas ciências sociais. Este dossiê é conduzido por meio do uso de uma metodologia centrada na análise documental e em reflexões sociais e políticas participativas na experimentação. A revisão dos artigos levou à conclusão de que a persistência colonial e a descolonização são dialéticas, contraditórias e conflitantes; elas se expressam nas várias esferas sociais, culturais, econômicas e políticas dos territórios. Portanto, a originalidade deste número temático está no fato de que ele consegue reunir uma discussão teórica e conceitual sobre questões simbólicas do imaginário na cultura, tanto antropológicas quanto jurídicas e educacionais. Fica claro que, nas lutas pela terra e pelos recursos naturais, esses problemas existem, são plurais e permitem o enriquecimento de um conhecimento interdisciplinar sobre as relações dialéticas sociais, antropológicas, econômicas e políticas com aspectos das artes do fazer estético nas culturas. <![CDATA[Identidades fronteiriças: interstícios e pluralidades na construção da identidade nas comunidades étnicas de Manglaralto, Equador]]> http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1900-54072024000400023&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumen: El objetivo de este artículo es mostrar que las categorías sociales de lo indígena y de lo blanco-mestizo son esencialistas, reduccionistas y, por lo tanto, insuficientes para agrupar en ellas las diversas expresiones identitarias que existen. Como consecuencia de esto, se propone una nueva categoría: lo fronterizo, que se comprende a partir de líneas fluidas e intercambiables, como un intento de conjugar los opuestos y desmantelar los binarismos existentes para, de esta manera, poder captar la diversidad social multifacética de diferentes expresiones socioculturales. Aquello se ejemplifica mediante un caso concreto: las comunas étnicas de la parroquia de Manglaralto, situadas en la provincia de Santa Elena, Ecuador. Agrícolas antes, hoy han sido convertidas en lugares turísticos, conocidos a nivel internacional. A estas comunas se les niega el reconocimiento de su identidad étnica, resultado de las aculturaciones que han vivido a lo largo de varios períodos históricos. Sus miembros son declarados indígenas aculturados o cholos, porque son demasiado mestizos para ser indígenas y demasiado indígenas para ser mestizos. Para el trabajo etnográfico, durante un lapso de más de cuatro años, se utilizaron métodos cualitativos, como las observaciones participantes, las conversaciones informales y las entrevistas semiestructuradas. Los datos levantados y analizados más adelante mostraron cómo estas comunidades, por medio de una negociación constante con el mundo de los blanco-mestizos, adquieren autonomía aun en relaciones de profundas dependencias. Se muestra cómo actúan desde un intersticio, un espacio intermedio, que dificulta otorgarles un lugar dentro de las categorías sociales existentes. Con ello, se hace evidente la necesidad de pensar en nuevas categorías sociales fuera de los binarismos.<hr/>Abstract: This article demonstrates that the social categories of indigenous and white-mestizo are essentialist, reductionist, and therefore insufficient to encompass the diverse expressions of identity that exist. Understood through fluid and interchangeable lines, a new category is proposed: the border identity. Exemplified through the ethnic communes of the parish of Manglaralto, in the province of Santa Elena, Ecuador, this new category is intended to reconcile opposites and dismantle existing binaries to better capture the multifaceted social diversity of different sociocultural expressions. Previously agricultural, these communes have been transformed into internationally known tourist destinations, while being denied recognition of their ethnic identity due to the acculturations they have been subject to through various historical periods. Their members are labeled as acculturated indigenous or cholos, too mestizo to be considered indigenous and too indigenous to be considered mestizo. Qualitative methods such as participant observations, informal conversations, and semi-structured interviews were used for the ethnographic work spanning more than four years. The data collected and analyzed data showed how these communities, through constant negotiation with the white-mestizo world, achieve autonomy even within deeply dependent relationships. The study illustrates how they operate from an interstice, an intermediate space, which complicates their placement within existing social categories, underscoring the need to conceptualize new social categories beyond traditional binaries.<hr/>Resumo: O objetivo deste artigo é mostrar que as categorias sociais do indígena e do branco-mestiço são essencialistas, reducionistas e, portanto, insuficientes para agrupar as diversas expressões identitárias existentes. Como consequência, propõe-se uma nova categoria: o fronteiriço, que é entendido a partir de linhas fluidas e intercambiáveis, como tentativa de conjugar opostos e desfazer os binarismos existentes a fim de capturar a diversidade social multifacetada de diferentes expressões socioculturais. Isso é exemplificado por um caso concreto: as comunidades étnicas da paróquia de Manglaralto, localizadas na província de Santa Elena, Equador. Antes agrícolas, hoje elas foram convertidas em locais turísticos conhecidos internacionalmente. A essas comunidades é negado o reconhecimento de sua identidade étnica, resultado da aculturação que sofreram ao longo de vários períodos históricos. Seus membros são declarados indígenas aculturados ou cholos, porque são mestiços demais para serem indígenas e indígenas demais para serem mestiços. Para o trabalho etnográfico, em um período de mais de quatro anos, foram usados métodos qualitativos, como observações participantes, conversas informais e entrevistas semiestruturadas. Os dados coletados e analisados a seguir mostram como essas comunidades, por meio da negociação constante com o mundo dos brancos e mestiços, adquirem autonomia mesmo em relacionamentos profundamente dependentes. Evidencia-se como elas agem a partir de um interstício, um espaço intermediário, que torna difícil a atribuição de um lugar dentro das categorias sociais existentes. Com isso, fica evidente a necessidade de se pensar em novas categorias sociais fora dos binarismos. <![CDATA[Estado de exceção neoliberal e resistência no sudeste do México]]> http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1900-54072024000400047&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumen: En noviembre de 2021, el titular del poder ejecutivo federal de México (2018-2024) decretó los megaproyectos prioritarios del Plan Nacional de Desarrollo (Tren Maya, Corredor Interoceánico del Istmo de Tehuantepec, Refinería Dos Bocas) en el ámbito de seguridad nacional. Las inversiones públicas y privadas de aquellas obras tienen como destino el sureste de México que abarca los estados de Oaxaca, Chiapas, Quintana Roo, Campeche, Yucatán y Tabasco. Albergan allí pueblos originarios y comunidades que detentan el 45 % del total de la propiedad social de México y, en algunos casos, es visible su vinculación a espacios nacionales de organización política en torno a la defensa de la tierra-territorio. Ese decreto lo consideramos un estado de excepción ejercido sobre el uso de la tierra-territorio, con una doble implicación. Por un lado, la indivisión del campo social que trae consigo el derecho monopolizado por la métrica monetaria. Por el otro, la expansión de la condición neocolonial promovida por el Gobierno federal de México al desplazar la voz de la resistencia para adoptar la lógica del capital que se encuentra definida por la estratificación de la economía-mundo. La metodología se inscribe en el proceso de investigación acción participante desde 2019, investigación colaborativa por medio de la coordinación de talleres, caravanas, marchas y encuentros político-comunitarios, promovidos en conjunto con asambleas en lucha y resistencia por la defensa territorial. Anticipamos el uso creciente de esta clase de estado de excepción ante el incremento imbricado de las contingencias sanitarias, ambientales y económicas, que marcan el ritmo del ciclo económico, y la inefectiva política gubernamental formulada para tiempos regulares. En otras palabras, el estado de excepción es habilitado para garantizar la perpetuidad de la acumulación de capital gestada con la concentración de la propiedad privada.<hr/>Abstract: In November 2021, the President of Mexico (2018-2024) declared that the priority megaprojects of the National Development Plan (Maya Train, Isthmus of Tehuantepec Interoceanic Corridor, Dos Bocas Refinery) fall within the realm of national security. Public and private investments in these projects are directed towards southeastern Mexico, covering the states of Oaxaca, Chiapas, Quintana Roo, Campeche, Yucatán, and Tabasco. These regions are home to indigenous peoples and communities that hold 45% of Mexico’s total social property. In some cases, these communities are visibly linked to national political organizations that defend land and territory. The decree is considered a state of exception applied to land-territory use, with dual implications. On one hand, it represents the undivided social field monopolized by monetary metrics. On the other hand, it signifies the expansion of a neocolonial condition promoted by the Mexican federal government, which marginalizes the voice of resistance in favor of adopting the capital logic defined by the stratification of the global economy. The methodology involves participatory action research since 2019, collaborative research through the coordination of workshops, caravans, marches, and political-community meetings, promoted in conjunction with assemblies fighting for territorial defense. We anticipate the increased use of such state of exception in response to the intertwined rise of health, environmental, and economic contingencies that drive the economic cycle, coupled with ineffective governmental policies formulated for regular times. In other words, the state of exception is activated to ensure the continuity of capital accumulation driven by the concentration of private property.<hr/>Resumo: Em novembro de 2021, o chefe do Poder Executivo federal do México (2018-2024) decretou os megaprojetos prioritários do Plano Nacional de Desenvolvimento (Tren Maya, Corredor Interoceânico do Istmo de Tehuantepec, Refinaria Dos Bocas) no campo da segurança nacional. Os investimentos públicos e privados nesses projetos são destinados ao sudeste do México, que inclui os estados de Oaxaca, Chiapas, Quintana Roo, Campeche, Yucatán e Tabasco. Esses estados abrigam povos e comunidades indígenas que detêm 45 % da propriedade social total do México e, em alguns casos, estão visivelmente ligados a espaços nacionais de organização política em torno da defesa do território. Consideramos que esse decreto é um estado de exceção exercido sobre o uso da terra-território, com uma dupla implicação. Por um lado, a indivisão do campo social provocada pelo direito monopolizado pela métrica monetária. Por outro, a expansão da condição neocolonial promovida pelo governo federal do México ao deslocar a voz da resistência para adotar a lógica do capital, conforme definido pela estratificação da economia mundial. A metodologia está inscrita no processo de pesquisa-ação participativa desde 2019, pesquisa colaborativa por meio da coordenação de oficinas, caravanas, marchas e reuniões político-comunitárias, promovidas em conjunto com assembleias de luta e resistência pela defesa territorial. Prevemos o uso crescente desse tipo de estado de exceção diante do aumento entrelaçado das contingências sanitárias, ambientais e econômicas, que marcam o ritmo do ciclo econômico, e da ineficácia da política governamental formulada para tempos regulares. Em outras palavras, o estado de exceção é viabilizado para garantir a perpetuidade da acumulação de capital gerada pela concentração da propriedade privada. <![CDATA[Discursos sobre descolonização e conflito social. O caso da VIII Marcha Indígena na Bolívia (2011)]]> http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1900-54072024000400071&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumen: Este artículo indaga las formas en que la narrativa del Estado plurinacional fue el marco simbólico común en el cual se desarrolló el conflicto del Territorio Indígena y Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis) en 2011 en Bolivia, cuyo desacuerdo central era la construcción o no de una carretera que lo cruzaría. Este es uno de los problemas más importantes en la historia corta de Bolivia, pues representó un gran desencuentro entre organizaciones sociales campesinas e indígenas que compartían imaginarios reivindicativos comunes y que terminaron en grandes rupturas. Tal discusión se presenta como un espacio de observación clave para entender cómo operan en la realidad los imaginarios de la descolonización, a la que considero un punto nodal (point du capiton) en la narrativa del Estado plurinacional. Desde el análisis del discurso, la revisión de crónicas, las declaraciones de prensa y los relatos sobre la VIII Marcha Indígena busco establecer los hilos discursivos que plantearon debates sobre la descolonización. Así, podrá observarse cómo la descolonización puede ser un recurso retórico para encubrir el extractivismo o defender la “soberanía nacional” o en un argumento para preservar la autodeterminación de los pueblos indígenas. Por otro lado, hablaré sobre la manera como el repertorio de la marcha indígena se construyó discursiva y simbólicamente y qué huellas dejó en la historia corta de Bolivia. Con este ejercicio espero aportar elementos a los modos en que se construyen las percepciones sociales bolivianas en relación con la narrativa del Estado plurinacional y sus posibilidades de transformación social en tanto nuevo régimen de verdad.<hr/>Abstract: This article examines how the narrative of the plurinational state provided the common symbolic framework for the conflict over the Isiboro Sécure Indigenous Territory and National Park (Tipnis) in Bolivia in 2011. The central dispute, one of the most important in Bolivia’s recent history, was whether or not to construct a highway through this area, a debate that has led to a major rift between peasant and indigenous social organizations that shared common reivindicative imaginaries but ultimately experienced profound divisions. This discussion serves as a key observation point to understand how decolonization imaginaries actually function, which I consider a anchoring point (point du capiton) in the narrative of the plurinational state. Through discourse analysis, review of chronicles, press statements, and accounts of the VIII Indigenous March, I aim to identify the discursive threads that framed the debates on decolonization, showing that it can be used as a rhetorical tool to mask extractivism or defend “national sovereignty,” or as an argument to uphold the self-determination of indigenous peoples. I also examine how the repertoire of the indigenous march was constructed discursively and symbolically, and the impact it left on Bolivia’s recent history. I intend for this analysis to contribute to understanding how Bolivian social perceptions are shaped in relation to the narrative of the plurinational state and its potential for social transformation as a new regime of truth.<hr/>Resumo: Neste artigo, são exploradas as maneiras pelas quais a narrativa do Estado plurinacional foi a base simbólica comum em que se desenvolveu o conflito no Território Indígena e no Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis), em 2011, na Bolívia, cujo desacordo central era a construção ou não de uma estrada que o atravessaria. Esse é um dos problemas mais importantes da história recente da Bolívia, pois representou uma grande discordância entre organizações sociais camponesas e indígenas que compartilhavam demandas imaginárias comuns e que terminou em grandes rupturas. Essa discussão é apresentada como um espaço de observação fundamental para entender como os imaginários da descolonização operam na realidade, que considero ser um ponto de basta (point du capiton) na narrativa do Estado plurinacional. Por meio da análise do discurso, de uma revisão de crônicas, declarações à imprensa e relatos da VIII Marcha Indígena, procuro estabelecer os fios discursivos que suscitaram debates sobre a descolonização. Assim, é possível observar como a descolonização pode ser um artifício retórico para encobrir o extrativismo ou defender a “soberania nacional”, ou um argumento para preservar a autodeterminação dos povos indígenas. Além disso, discuto como o repertório da marcha indígena foi construído discursiva e simbolicamente e que traços deixou na história recente da Bolívia. Com esse exercício, espero contribuir com elementos para as formas pelas quais as percepções sociais bolivianas são construídas com relação à narrativa do Estado plurinacional e suas possibilidades de transformação social como um novo regime de verdade. <![CDATA[Comissões da verdade e legados coloniais: lições da Colômbia (2018-2022)]]> http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1900-54072024000400097&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumen: En 2016, con la firma del Acuerdo de Paz de La Habana, Colombia buscó poner fin a un conflicto armado de más de sesenta años de duración, que había dejado casi nueve millones de víctimas. Como resultado del acuerdo se generó un andamio de justicia transicional (JT), que incluyó la Comisión para el Esclarecimiento de la Verdad, la Convivencia y la No Repetición (CEV). El objetivo del estudio es identificar cómo la CEV incorporó los legados del colonialismo en su marco de análisis. La investigación se basa en entrevistas en profundidad realizadas a veinte académicos especialistas en el colonialismo y/o la JT, y diecinueve constructoras de paz, además de conversaciones informales con integrantes de la CEV y una revisión de diversos tomos del informe final. La observación resalta que la comisión tuvo una perspectiva histórica de larga duración, además de retomar algunas facetas del colonialismo español (incluyendo el racismo estructural y la hacienda como institución de ordenamiento territorial, político y económico), a modo de factores explicativos de las diversas violencias vividas en el marco del conflicto armado. Asimismo, en varios tomos del informe final se hace hincapié en el efecto de los legados coloniales en el presente; es decir, la CEV los comprende más como continuidades o “ruinas”, para emplear el concepto de Stoler (2008). Si bien se pone en tela de juicio la posibilidad de desarticulación de los legados coloniales en un plano material a raíz del trabajo de la CEV, se debe destacar su importancia en un plano simbólico, en un contexto en el que el Estado había buscado borrar el pasado colonial. Este artículo busca hacer un aporte a la literatura emergente que examina la JT desde un encuadre decolonial, con un análisis empírico de la CEV en Colombia que, consideramos, puede convertirse en caso de referencia obligatoria para este campo.<hr/>Abstract: With its signing of the Havana Peace Agreement in 2016, Colombia sought to end an armed conflict that had lasted more than sixty years and had left nearly nine million victims. The agreement led to the establishment of a transitional justice (TJ) framework, including the Commission for the Clarification of Truth, Coexistence, and Non-Repetition (CEV). This study identifies how the CEV incorporated the legacies of colonialism into its analytical framework. The research is based on in-depth interviews with twenty scholars specializing in colonialism and/or TJ, nineteen peacebuilders, informal conversations with CEV members, and a review of various volumes of the final report. The findings highlight that the commission adopted a long-term historical perspective, revisiting aspects of Spanish colonialism (including structural racism and the hacienda system as an institution of territorial, political, and economic order) as explanatory factors for the various forms of violence experienced during the armed conflict. Additionally, several volumes of the final report emphasize the ongoing impact of colonial legacies, viewing them more as continuities or “ruins,” using Stoler’s concept (2008). While the possibility of dismantling colonial legacies on a material level due to the CEV’s work is debated, its symbolic significance must be highlighted, especially in a context where the State had sought to erase the colonial past. This article contributes to the emerging literature that examines TJ from a decolonial perspective, providing an empirical analysis of the CEV in Colombia, which we believe can become a key reference for this field.<hr/>Resumo: Em 2016, com a assinatura do Acordo de Paz de Havana, a Colômbia procurou pôr fim a um conflito armado que durou mais de 60 anos e que deixou quase 9 milhões de vítimas. Como resultado do acordo, foi gerado um sistema de justiça de transição (JT), que incluiu a Comissão para o esclarecimento da verdade, do convívio e da não repetição (CEV). O objetivo deste estudo é identificar como a CEV incorporou os legados do colonialismo em sua estrutura de análise. A pesquisa baseia-se em entrevistas aprofundadas com 20 acadêmicos especializados em colonialismo e/ou JT e 19 construtores da paz, bem como em conversas informais com membros da CEV e na revisão de vários volumes do relatório final. A observação destaca que a comissão adotou uma perspectiva histórica de longo prazo, além de revisitar algumas facetas do colonialismo espanhol (incluindo o racismo estrutural e a fazenda como instituição de organização territorial, política e econômica) como fatores explicativos para as várias formas de violência sofridas no contexto do conflito armado. Além disso, vários volumes do relatório final enfatizam o efeito dos legados coloniais no presente, ou seja, a CEV os entende mais como continuidades ou “ruínas”, para usar o conceito de Stoler (2008). Embora a possibilidade de desarticular os legados coloniais em nível material como resultado do trabalho da CEV seja questionada, sua importância em nível simbólico deve ser enfatizada, em um contexto em que o Estado procurou apagar o passado colonial. Este artigo procura contribuir para a literatura emergente que examina a JT a partir de um quadro decolonial, com uma análise empírica da CEV na Colômbia, que, acreditamos, pode se tornar um caso de referência obrigatório para o campo. <![CDATA[“Bala por falarmos, dinheiro pra falarmos”. Diversidade étnica e educação no sudoeste da Colômbia]]> http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1900-54072024000400121&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumen: ¿Cómo son las relaciones que se tejen entre la idea de ser indígena y los procesos de etnoeducación en el suroccidente colombiano? A partir de una pregunta que cuestiona la manera como se implementan las tecnologías escolares y con un enfoque etnográfico, esta investigación se propone comprender las complejidades de la construcción de la identidad étnica de los pueblos indígenas de Nariño, en relación con la implementación de programas educativos orientados por una perspectiva poblacional, al cuestionar los referentes de la etnoeducación desde finales del siglo XX hasta principios del XXI. Con el fin de establecer una conversación entre los agentes que ocupan los diversos lugares en el panorama de nuestras instituciones y dentro del amplio marco de la organización social de base étnica, este artículo da cuenta de las relaciones históricas, los arcaísmos institucionales y los retos contemporáneos que enfrentan los procesos educativos étnicos que ocurren en el territorio nariñense. Al final se plantean algunas formas de entender la construcción de la identidad étnica y sus consecuencias en la configuración del supuesto orden social con el que se establecen las relaciones entre agentes comunitarios y representantes gubernamentales. Esta investigación entiende el triángulo conceptual que conforman el Estado, la escuela y la identidad étnica como parte estructural del proyecto moderno que el país intenta consolidar desde la época republicana. Dicho marco institucional ha estado determinado por la oscilación entre políticas proteccionistas, paternalistas o de asimilación cultural. En todo caso, el peligro de extinción física y cultural que nuestros pueblos ancestrales sufren en la actualidad se tiene que enfrentar a partir de los mecanismos institucionales del Estado nacional y sus tecnologías de Gobierno, elementos que pretenden responder a los retos de la interculturalidad en un marco de relaciones complejas y contradictorias.<hr/>Abstract: How do the relationships between the concept of being indigenous and the processes of ethnoeducation manifest in southwestern Colombia? This ethnographic study explores the complexities of constructing ethnic identity among the indigenous peoples of Nariño, focusing on the implementation of educational programs driven by a population perspective. By questioning the foundations of ethnoeducation from the late 20th century to the early 21st century, we establish a dialogue among various institutional agents within the broader framework of ethnic-based social organization. We also examine the historical relationships, institutional archaisms, and contemporary challenges faced by ethnic educational processes in Nariño. We conclude with insights into the construction of ethnic identity and its implications for the social order governing the interactions between community members and government representatives. We conceptualize the relationship between the State, school, and ethnic identity as a fundamental part of Colombia’s modern project, which has been in development since the republican era. The institutional framework has fluctuated between protectionist, paternalistic, and cultural assimilation policies. However, the current threats to the physical and cultural survival of ancestral peoples must be addressed through the State’s institutional mechanisms and governance technologies. These mechanisms are designed to tackle the challenges of interculturality within a complex and often contradictory framework of relationships.<hr/>Resumo: Como são tecidas as relações entre a ideia de ser indígena e os processos de etnoeducação no sudoeste da Colômbia? Com base em uma pergunta que questiona a forma como as tecnologias escolares são implementadas e com uma abordagem etnográfica, esta pesquisa tem como objetivo compreender as complexidades da construção da identidade étnica dos povos indígenas de Nariño, com relação à implementação de programas educacionais orientados por uma perspectiva populacional, questionando os referentes da etnoeducação desde o final do século 20 até o início do século 21. Com o objetivo de estabelecer um diálogo entre os agentes que ocupam diferentes lugares no panorama de nossas instituições e dentro da ampla estrutura da organização social de base étnica, este artigo apresenta um relato das relações históricas, dos arcaísmos institucionais e dos desafios contemporâneos enfrentados pelos processos educacionais étnicos que ocorrem no território de Nariño. Ao final, são apresentadas algumas formas de compreender a construção da identidade étnica e suas consequências na configuração da suposta ordem social com a qual se estabelecem as relações entre os agentes comunitários e os representantes do governo. Esta pesquisa entende o triângulo conceitual de Estado, escola e identidade étnica como parte estrutural do projeto moderno que o país vem tentando consolidar desde a era republicana. Essa estrutura institucional foi determinada pela oscilação entre políticas protecionistas, paternalistas ou de assimilação cultural. Em todo caso, o perigo de extinção física e cultural que nossos povos ancestrais enfrentam atualmente deve ser enfrentado por meio dos mecanismos institucionais do Estado nacional e de suas tecnologias de governo, elementos que buscam responder aos desafios da interculturalidade em um contexto de relações complexas e contraditórias. <![CDATA[Os voadores de Papantla: persistências coloniais e resistências comunitárias em duas práticas no México]]> http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1900-54072024000400147&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Resumen: La ceremonia ritual de los voladores es una práctica cultural prehispánica realizada desde el año 600 a. C., por diversos pueblos indígenas de México y Centroamérica. En general, la ceremonia ritual es un proceso complejo compuesto por múltiples momentos; empero, la parte más distinguida conocida como “el vuelo” consiste en que un grupo de cinco personas suben a lo alto de un mástil, llamado palo volador, para ofrecer cantos y danzas desde lo alto. Más adelante, atados de los pies por una cuerda, los voladores cuelgan y descienden en círculos concéntricos hasta regresar al suelo. Este artículo se limita al estudio de dos de las prácticas que se celebran actualmente en México: en el parque turístico de Xcaret, Quintana Roo, y en el municipio de Papantla, Veracruz. El objetivo del texto es comparar ambos ejercicios para exponer las tensiones que emergen entre las persistencias coloniales y las resistencias comunitarias. Para ello, mediante el método del montaje proponemos analizar dos imágenes dialécticas bajo diferentes dimensiones, a saber: los espacios, los tiempos, los contenidos técnico-materiales, los sujetos sociales que participan y la objetividad que adquiere la propia práctica. Los resultados del montaje expresan la tensión entre la persistencia colonial de la modernidad capitalista, por medio de la tendencia a la mercantilización y patrimonialización de la práctica, y las resistencias comunitarias gracias a la actualización de sus memorias y tradiciones en la práctica. En tanto la investigación revisa únicamente dos prácticas concretas, la propuesta metodológica y analítica puede extenderse a otras actividades de la ceremonia ritual de los voladores o, también, a otras prácticas culturales reconocidas como patrimonio cultural inmaterial de la humanidad, por lo que el texto contribuye al campo de los estudios críticos del patrimonio.<hr/>Abstract: The ritual ceremony of the Papantla flyers is a pre-Hispanic cultural practice performed since 600 B. C. by various indigenous peoples of Mexico and Central America. This intricate ceremony comprises multiple stages, with the most notable being “the flight,” where a group of five individuals ascend a tall mast, known as the flying pole, to perform songs and dances from the top. Tied by their feet with ropes, the flyers then descend in concentric circles until they reach the ground. This article focuses on two contemporary practices in Mexico: one at the Xcaret Tourist Park in Quintana Roo, and the other in the municipality of Papantla, Veracruz. The aim is to compare these practices to highlight the tensions between colonial legacies and community resistance. Using the method of montage, we analyze two dialectical images across different dimensions: spaces, times, technical-material contents, participating social subjects, and the objectivity of the practice itself. The results reveal the tension between the colonial persistence of capitalist modernity-manifested in the commodification and patrimonialization of the practice-and community resistance, demonstrated through the revival of memories and traditions. While this research focuses on two specific practices, the methodological and analytical approach can be applied to other activities within the ritual flyers ceremony, or to other cultural practices recognized as intangible cultural heritage. This study contributes to the field of critical heritage studies.<hr/>Resumo: A cerimônia ritual dos voadores é uma prática cultural pré-hispânica realizada desde 600 a. C. por vários povos indígenas do México e da América Central. Em geral, a cerimônia ritual é um processo complexo composto de vários momentos; no entanto, a parte mais distinta, conhecida como “o voo”, consiste em um grupo de cinco pessoas que sobem até o topo de um poste, chamado palo volador, para oferecer canções e danças do alto. Depois, amarrados pelos pés por uma corda, os voadores se penduram e descem em círculos concêntricos até retornarem ao solo. Este artigo se limita ao estudo de duas das práticas atualmente celebradas no México: no Parque Turístico Xcaret, em Quintana Roo, e no município de Papantla, em Veracruz. O objetivo do texto é comparar os dois exercícios a fim de expor as tensões que surgem entre as persistências coloniais e as resistências comunitárias. Para isso, utilizando o método de montagem, propomos analisar duas imagens dialéticas sob diferentes dimensões, a saber: os espaços, os tempos, os conteúdos técnico-materiais, os sujeitos sociais que participam e a objetividade que a própria prática adquire. Os resultados da montagem expressam a tensão entre a persistência colonial da modernidade capitalista, por meio da tendência de mercantilizar e patrimonializar a prática, e as resistências da comunidade, por meio da atualização de suas memórias e tradições na prática. Embora a pesquisa examine apenas duas práticas concretas, a proposta metodológica e analítica pode ser estendida a outras atividades da cerimônia de dança dos panfletos (ritual de los voladores) ou, ainda, a outras práticas culturais reconhecidas como patrimônio cultural imaterial da humanidade, de modo que o texto contribui para o campo dos estudos críticos do patrimônio.