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Avances en Psicología Latinoamericana

Print version ISSN 1794-4724On-line version ISSN 2145-4515

Av. Psicol. Latinoam. vol.42 no.1 Bogotá Jan./Apr. 2024  Epub Sep 21, 2024

https://doi.org/10.12804/revistas.urosario.edu.co/apl/a.10245 

Artículos

Representações sociais de mães sobre a homossexualidade

Representaciones sociales de las madres sobre la homosexualidad Social

Representations of Mothers on Homosexuality

1Universidade Federal do Rio Grande do Norte

2Universidade Federal da Paraíba


Resumo

Este estudo objetivou investigar as Representações Sociais (RS) de mães com filhos de dois contextos socio-educativos sobre a homossexualidade. Para tanto, foram entrevistadas 115 mães que tinham filhos em escolas públicas (58) e em escolas privadas (57), entre os anos de 2010 e 2011, na cidade de João Pessoa-PB. As entrevistas foram do tipo semiestruturadas, e, para este estudo, foi selecionada uma das questões que tratava a respeito das Representações Sociais RS acerca do público LGBTQIA+. Para a análise de dados, foi utilizado o software IRAMUTEQ e os resultados foram discutidos com base na teoria das RS e em estudos empíricos da área. Os discursos das mães foram categorizados em classes referentes aos conteúdos: Humanitário ou de aceitação; Respeito à autonomia; Aceitação e preconceito disfarçado; Direitos e deveres; Neutralidade; e Discurso religioso pró-discriminação. A partir dos resultados, verificou-se que os discursos das mães variaram em função do nível de aceitação da homossexualidade e da amplitude da perspectiva social que elas adotavam. As ancoragens sociais verificadas para as classes foram: nível socioeconômico das mães e pertença religiosa. Observou-se que, nesse período de estudo, nos discursos das mães evangélicas foram mais frequentes posicionamentos que justificavam posturas discriminatórias ao público LGBTQIA+. Nesse sentido, apesar dos avanços das leis nesse recorte de tempo, predominaram nos discursos posições discriminatórias e preconceituosas. Ainda assim, foram observados discursos indicativos de aceitação da homossexualidade.

Palavras-chave: representações sociais; mães; homossexualidade

Resumen

Este estudio tuvo como objetivo investigar las Representaciones Sociales (RS) de madres con hijos de dos contextos socioeducativos sobre la homosexualidad. Para ello, fueron entrevistadas 115 madres que tenían hijos en escuelas públicas (58) y privadas (57) entre 2010 y 2011, en la ciudad de João Pessoa-PB. Las entrevistas fueron semiestructuradas y para este estudio se seleccionó una de las preguntas que trataba sobre las Representaciones Sociales RS respecto del público LGBTQIA+. Para el análisis de los datos se utilizó el software IRAMUTEQ y se discutieron los resultados con base en la teoría de las RS y estudios empíricos en el área. Los discursos de las madres fueron categorizados en clases relacionadas con el contenido: Humanitarismo o aceptación; Respeto de la autonomía; Aceptación y prejuicio sutil; Derechos y deberes; Neutralidad; y Discurso religioso favorable a la discriminación. En los resultados se encontró que los discursos de las madres variaron dependiendo del nivel de aceptación de la homosexualidad y de la amplitud de la perspectiva social que adoptaron. Los anclajes sociales verificados para las clases fueron nivel socioeconómico y afiliación religiosa de las madres. Se observó que, durante este período de estudio, en los discursos de las madres evangélicas fueron más frecuentes posiciones que justificaban actitudes discriminatorias hacia el público LGBTQIA+. En este sentido, a pesar de los avances en las leyes en este período, en los discursos predominaron posiciones discriminatorias y prejuiciosas. Aun así, se observaron discursos que indicaban la aceptación de la homosexualidad.

Palabras clave: representaciones sociales; madres; homosexualidad

Abstract

This study aimed to investigate the Social Representations (SR) of mothers with children from two socio-educational contexts about homosexuality. To this end, 115 mothers who had children in public schools (58) and private schools (57) were interviewed between 2010 and 2011, in the city of João Pessoa-PB. The interviews were semi-structured, and, for this study, one of the questions was selected that dealt with SR regarding the LGBTQIA+ community. For data analysis, the IRAMUTEQ software was used and the results were discussed based on SR theory and empirical studies in the area. The mothers' discourses were categorized into classes according to content: Humanitarian or acceptance; Respect for autonomy; Acceptance and disguised prejudice; Rights and duties; Neutrality; and Pro-discrimination religious discourse. The results show that the mothers' discourses varied depending on the level of acceptance of homosexuality and the breadth of the social perspective they adopted. The social anchors verified for the classes were: mothers' socioeconomic level and religious affiliation. It was observed that, during this period of study, in the discourses of evangelical mothers, positions that justified discriminatory attitudes towards the LGBTQIA+ community were more frequent. In this sense, despite advances in laws in this period of time, discriminatory and prejudiced positions predominated in the discourses. Even so, discourses indicating acceptance of homosexuality were observed.

Keywords: Social representations; mothers; homosexuality

O presente trabalho buscou conhecer as Representações Sociais (RS) que mães tinham acerca da situação dos homossexuais, e como essas RS estavam relacionadas ao contexto socioeducativo dos seus filhos no contexto histórico de 2010 a 2011.

No Brasil, esse período histórico foi marcado pelo segundo mandato do presidente Luís Inácio Lula da Silva de 2007 a 2011. Segundo Machado e Rodrigues (2015) os governos do presidente Lula foram de ganhos importantes para as reivindicações dos grupos LGBTQIA+. Durante esses governos houve uma ampliação e diversificação das discussões sobre temas relativos à sexualidade e o desenvolvimento de ações como o Programa Brasil sem Homofobia que previa ações em campos como educação, assistência social e Direitos Humanos. Houve um aumento expressivo das paradas de orgulho gay e as políticas voltadas para a população LGBTQIA+ passaram a fazer parte do orçamento do Estado (Machado, 2013). Além disso, a mídia brasileira passou a abordar temas relativos a essa população com maior sensibilidade e liberdade. Embora, durante o segundo governo Lula já se observasse o avanço de pautas conservadoras que buscaram conter os avanços conquistados nesse período, predominava ainda no âmbito das políticas de Estado já implementadas um ambiente ainda favorável às pautas LGBTQIA+.

Embora seja possível destacar os avanços alcançados durante esse período, é importante enfatizar os dados apresentados no Relatório da Secretaria de Direitos Humanos do Governo Federal (Brasil, 2016), que apontaram 1.695 denúncias de 3.398 violações relacionadas à população LGBTQIA+ (Gays, Lésbicas, Transexuais, Bissexuais, Travestis, entre outros) em 2013. De acordo com essas informações, em torno de cinco pessoas por dia, no Brasil, são vítimas de violência ligada à homofobia, em suas diversas instâncias: violência psicológica, discriminação, violência física e negligência. Diante desses dados, cabe perguntar: Quais as representações que guiavam os comportamentos relativos aos homossexuais e que fatores contribuíram para a formação dessas representações em um contexto em que essas pautas tiveram maior visibilidade?

No campo da psicologia social, as concepções e ideias sobre diferentes fenômenos sociais têm sido estudadas enquanto teorias do senso comum, e constituem o que Moscovici (1961; 2012) chamou de Representações Sociais (RS). As RS são construídas ao longo da história e influenciadas pelos ambientes socioculturais em que as pessoas estão inseridas. Elas funcionam como guias para o comportamento, tendo, assim, um caráter prescritivo e normativo (Doise, 2002; Moscovici, 2001), ou seja, elas se impõem sobre os indivíduos de maneira que seus comportamentos se apresentam de acordo com elas.

Para fundamentar este estudo, adotou-se a teoria das Representações Sociais de Serge Moscovici na perspectiva de Willem Doise. Spini e Doise (1998) ressaltam a importância de conhecer as RS, as dimensões organizativas que lhe subjazem e suas afiliações psicossociais. Esse conhecimento permitiria compreender de modo mais complexo como as afiliações sociais atuam na construção dessas representações, assim como conhecer, a partir da interação com o sistema cognitivo dos indivíduos, quais são suas dimensões organizativas. Nesse sentido, Spini e Doise (1998) propõem o estudo das RS a partir da análise do seu campo representacional -caracterização das representações compartilhadas; dos seus princípios organizadores-, força subjacente que organiza as RS; e das suas ancoragens psicossociológicas -efeito de aspectos psicológicos e sociais nas RS-.

Estudos realizados por Queiroz (2014, 2015) e Camino et al. (2016) têm destacado o papel da socialização materna na microgênese das RS sobre os Direitos Humanos, incluindo direitos de grupos minoritários, como os dos homossexuais. Em relação a esse grupo, Gomes, Santos et al. (2018) verificaram que mães que socializavam seus filhos pautadas no diálogo democrático e no afeto produziam neles níveis mais elevados de comprometimento com a defesa da liberdade de expressão da orientação sexual, em comparação com mães que negligenciavam a socialização dos filhos. Esses estudos revelaram a importância do diálogo entre mães e filhos como mediador da construção das RS dos filhos sobre os Direitos Humanos referentes à homossexualidade, o que mostra a importância de se conhecer melhor o pensamento delas sobre a situação dos homossexuais.

É importante estudar as RS das mães sobre a homossexualidade dada a relevância que elas têm como agentes de socialização dos seus filhos (Hoffman, 1975, 2003; Musitu & Garcia, 2004). Na realidade, são as mães, em geral, juntamente com os pais, os primeiros agentes de socialização dos filhos e, portanto, podem ser os principais responsáveis pelo desenvolvimento de seus valores, atitudes e comportamentos (Petrucci et al., 2016).

Para compreender a direção dos estudos nacionais e internacionais sobre a temática da homossexualidade nos últimos anos, procedeu-se uma revisão da literatura que revelou algumas tendências de estudo: (1) em vários países, algumas pesquisas têm se concentrado em verificar fatores que contribuem para explicar determinadas atitudes ante os homossexuais, relativas ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e à adoção por casais homoafetivos, e têm destacado o papel do sexo (Vecho et al., 2016), de fatores culturais (Lin et al., 2016), do preconceito sexual (Vecho et al., 2018) e das crenças etiológicas sobre a homossexualidade (Sloane & Robillard, 2017) na adoção de atitudes mais ou menos tolerantes no que diz respeito aos homossexuais; (2) outros estudos têm sido empreendidos para analisar os fatores de risco associados à saúde mental dos homossexuais, tendo destaque, sobretudo, o desemprego, o desconforto com a orientação sexual e baixo apoio social (Kornblith et al., 2016; Wagner et al., 2018), a vitimização e a rejeição dos pais (La Roi et al., 2016); (3) estudos que buscaram compreender a relação entre homossexualidade e religião, indicando que homossexuais religiosos tendem a relatar melhores índices de saúde mental (Wilkinson & Johnson, 2020), embora experimentem conflitos ao conciliarem a identidade sexual com a religiosa (Pietkiewicz & Kolodziejczyk-Skrzypek, 2016), e que a aceitação de líderes religiosos estava condicionada à evitação da prática sexual (Mbote et al., 2016); (4) ainda, um estudo mostrou os efeitos psicológicos positivos da legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo para a população beneficiada (Ogolsky et al., 2019).

No que concerne, mais especificamente, a estudos pautados na teoria das RS ou que fazem uso de conceitos teoricamente alinhados a ela, a revisão da literatura revelou a existência de 10 trabalhos. Esses trabalhos demonstraram como diferentes amostras concebiam o fenômeno da homossexualidade (Escolano & Pereira, 2011; Jeolás & Paulilo, 2008; Novena, 2005) e como essas concepções estavam relacionadas a variáveis como: gênero, orientação sexual, cursos universitários, níveis educacionais e pertenças religiosas (Gonzaga et al., 2014; Hart-Brinson, 2016; Lacerda et al., 2002; Martins-Silva et al., 2012; Ohlander et al., 2005; Pereira et al., 2011; Rosa, 2002; Scardua & Souza Filho, 2006).

Representações da homossexualidade

Dentre os estudos que buscaram conhecer as RS sobre a homossexualidade, observou-se que alguns deles foram realizados com agentes de socialização, mais especificamente, docentes ou futuros docentes de diferentes áreas (Escolano & Pereira, 2011; Jeolás & Paulilo, 2008).

Nesse sentido, Jeolás e Paulilo (2008) objetivaram compreender as concepções dos docentes participantes do Grupo de Estudos sobre Educação Sexual (GEES) da Universidade Estadual de Londrina acerca da homossexualidade. Dentre os resultados, os autores destacaram a existência de quatro categorias: (1) crença no caráter inato da homossexualidade (inerente à natureza humana) ou (2) crença em seu caráter social; (3) atitudes e sentimentos em relação a amigos/as e a alunos/ as (visão positiva da homossexualidade por terem amigos e alunos nessa condição); e (4) atitudes e sentimentos associados a parentes e a filhos/as (demonstraram dificuldade de enfrentamento em casos de homossexualidade na família).

Já no estudo de Escolano e Pereira (2011), foram investigados futuros professores de física. A partir dessa pesquisa, verificaram que 70 % dos participantes concordavam total ou parcialmente com alguma dessas explicações relativas à homossexualidade: não ser uma doença (explicação psicossocial), ser consequência de traumas infantis (explicação psicológica) e ser um descumprimento da palavra de Deus (explicação religiosa).

Ainda em relação às representações da homossexualidade, Novena (2005) buscou compreender a concepção de adolescentes. A autora destacou, dentre os resultados, várias formas de enfocar a homossexualidade: questionamentos ("por que a pessoa é assim desse jeito?"); explicações sobre a causa (violência doméstica e falta de diálogo familiar); crítica à adoção por homossexuais (os filhos poderiam se tornar homossexuais também); visão ambivalente da homossexualidade (escolha pessoal ou fenômeno normal e expressão de preconceito); visão da homossexualidade como doença, desvio moral ou pecado; associação entre homossexualidade e doenças sexualmente transmissíveis; estigmatização da homossexualidade e suas consequências (desprezo, afastamento, exposição ao ridículo).

Representações da homossexualidade e sua relação com diferentes variáveis

No que concerne à influência de diferentes variáveis nas RS da homossexualidade, foram verificados estudos que analisaram o efeito de fatores como: sexo, orientação sexual, contextos socioeducativos, níveis de escolaridade, cursos universitários, contexto religioso e diferentes gerações históricas.

Scardua e Souza Filho (2006), por exemplo, buscaram investigar as representações sobre a homossexualidade com estudantes universitários homossexuais e heterossexuais por meio de uma associação livre com a palavra 'homossexualidade' e de uma pergunta sobre suas causas. Os resultados indicaram que, em relação à associação livre, mulheres homossexuais mais do que homens homossexuais, verbalizaram palavras relacionadas às redes de relações interpessoais (ex.: amigos). Já os homens homossexuais, mais do que as mulheres homossexuais, verbalizaram palavras relativas ao reconhecimento social dos homossexuais (direitos e símbolos); a temas agressivos (ex.: veado, sapatão); a aspectos sociomorais do grupo (ex.: futilidade, promiscuidade); e aos efeitos de aspectos sociais nos homossexuais (ex.: frustração, humilhação).

No grupo de heterossexuais, a associação livre indicou que as mulheres, mais do que os homens, verbalizaram palavras relacionadas às causas da homossexualidade, associando-a à intencionalidade (opção, escolha); ou à não intencionalidade (desejo, orientação); e palavras relativas a aspectos sociomorais positivos (alegria, fidelidade). Os homens, por sua vez, expressaram mais do que as mulheres, palavras relativas a explicações da homossexualidade como problema/falta (ex.: doença, carência), a temas agressivos (ex.: veado, sapatão); à normatização da homossexualidade (ex.: normal, anormal); e a uma afirmação da própria identidade heterossexual (ex.: não sou, opção que não é a minha).

No que concerne à pergunta sobre as causas da homossexualidade, Scardua e Souza Filho (2006) indicaram que, no grupo de homossexuais, as mulheres, mais do que os homens, prestaram explicações pautadas na intencionalidade ou não intencionalidade; na decepção ou insatisfação com o sexo oposto; na busca de realização pessoal; no desenvolvimento psicológico/biológico; ou indicaram que se tratava de um fenômeno multicausal. Quanto aos homens, estes indicaram, mais do que as mulheres, explicações concernentes a causas naturais, influências sociais, interação entre fatores biológicos e sociais, ou indicaram não existir causas específicas para a homossexualidade.

No que tange ao grupo de heterossexuais, as mulheres, mais do que os homens, explicaram a homossexualidade como algo não intencional; como uma descoberta sobre si mesmo; como consequência da decepção ou insatisfação com o sexo oposto; como uma busca de realização pessoal; e como uma atração pelo proibido ou uma forma de contestação dos padrões sociais. Os homens, mais do que as mulheres, deram explicações relacionadas às influências sociais; à interação entre fatores biológicos e sociais; a problemas psicológicos ou biológicos; ao desenvolvimento psicológico ou biológico; ou indicaram não saber.

Rosa (2002) realizou um estudo com estudantes do primeiro e sétimo períodos do curso de Educação Física de uma universidade do sul do Brasil, como o objetivo de investigar suas Representações Sociais acerca da homossexualidade. Destacam-se, entre os resultados, quatro principais categorias: Gênero, Identidade, Preconceito e Práticas Corporais.

Gonzaga et al. (2014) verificaram quais eram as representações de adolescentes que se identificaram como heterossexuais, do sexo masculino e do sexo feminino, de uma escola pública, acerca da pessoa 'gay'. Os autores verificaram que, de modo geral, o núcleo central das RS sobre os gays era composto por associações conflituosas. Entre as mulheres, o núcleo central foi constituído por representações comumente divulgadas na mídia acerca dos homossexuais e também a evocação da necessidade de respeito e liberdade dessas pessoas. Entre os homens, o núcleo central apresentou forte preconceito e hostilidade.

Em relação à consideração das influências grupais nas representações da homossexualidade, Gonzaga et al. (2014) observaram, de modo geral, representações do homossexual como uma pessoa que "causa repugnância" e "transgride os preceitos religiosos". Entre as mulheres, foram verificados termos como "Homossexual", "Exibido", "Decisão" e "Pecado". Já entre os homens, observaram-se termos como "Feminino", "Respeito", "Opinião" e "Feio".

Também buscando verificar as Representações Sociais referentes às pessoas homossexuais, Martins-Silva et al. (2012) realizaram um estudo com adolescentes de diferentes contextos socioeducativos (escolas públicas e privadas) da região metropolitana de um estado do sudeste do Brasil. Em relação aos resultados observados, os autores verificaram três classes semânticas para cada um dos contextos socioeducativos. Os discursos de estudantes de escolas privadas organizaram-se em torno do que era a homossexualidade, revelando as seguintes categorias: pessoa com atração por outra do mesmo sexo; homem que deseja virar mulher; e homem que se comporta como mulher. os discursos de estudantes de escolas públicas, por seu turno, organizaram-se em torno das causas da homossexualidade nas seguintes categorias: inata, escolha pessoal, construção social e atração por pessoa do mesmo sexo.

Lacerda et al. (2002) buscaram verificar como as representações da homossexualidade de estudantes de diferentes cursos universitários estavam relacionadas à expressão do preconceito contra o grupo de homossexuais. Os autores verificaram, principalmente, que explicações ético-morais e religiosas se opuseram às explicações psicossociais. As explicações ético-morais e religiosas ancoravam o preconceito flagrante, encontrando-se entre os estudantes de engenharia. Em contraposição, as explicações psicossociais ancoravam a não expressão de preconceito e o preconceito sutil, sendo mais referidas pelas mulheres e estudantes de psicologia. Os autores destacaram ainda que não foram observadas relações entre a pertença religiosa e a expressão de preconceito contra os homossexuais.

Pereira et al. (2011), partindo de um instrumental semelhante ao utilizado por Lacerda et al. (2002), buscaram observar como as representações sociais sobre a homossexualidade ancoravam-se em dois contextos religiosos, de seminaristas, distintos: católico e evangélico. Os resultados indicaram que os seminaristas evangélicos, mais do que os católicos, expressaram explicações religiosas e ético-morais acerca da homossexualidade, enquanto que seminaristas católicos, mais do que os evangélicos, emitiram explicações psicossociais e biológicas sobre o referido tema. Os autores destacaram ainda que as explicações ético-morais estavam mais associadas à expressão do preconceito flagrante, enquanto que as explicações psicossociais e biológicas estavam mais associadas ao preconceito sutil.

No que concerne ao efeito do nível de escolaridade sobre as representações relativas a homossexuais, Ohlander et al. (2005) buscaram conhecer qual a origem das diferenças educacionais na tolerância à homossexualidade. Os autores verificaram que a desaprovação das relações entre pessoas do mesmo sexo era duas vezes maior entre aqueles que não concluíram o ensino médio do que entre os que possuíam diploma de pós-graduação, e identificaram dois mecanismos que explicam essa relação: (1) uma maior escolaridade fornece maior apoio às liberdades civis em oposição a condenações de ordem moral, isto é, a homossexualidade passa a ser enquadrada não como uma questão de conduta sexual permissiva, mas sim em termos de liberdade pessoal e outros temas de direitos civis; (2) a alta escolaridade promove também uma maior sofisticação cognitiva, o que traz vantagens na avaliação de ideias complexas e na interpretação de novas informações, favorecendo uma maior tolerância intelectual.

Interessado em compreender a mudança nas representações sociais nas últimas décadas em direção a um maior apoio ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, Hart-Brinson (2016) analisou a percepção de dois grupos de pessoas diferentes sobre a homossexualidade: o primeiro grupo era formado por pessoas que atingiram a maioridade entre 1969 e 1970, e o segundo grupo era formado por participantes que alcançaram a maioridade entre 1980 e 1990. Como resultados, o autor aponta que o primeiro grupo associou a homossexualidade a comportamentos desviantes como gula, fumo, alcoolismo, uso de drogas e roubo. A homossexualidade era vista como uma escolha comportamental que as pessoas faziam. A segunda grupo, por sua vez, associou com mais frequência a homossexualidade à identidade, tal como raça e à própria heterossexualidade. Hart-Brinson (2016) discute essas diferenças à luz da mudança no imaginário social da homossexualidade, isto é, o processo coletivo de construção de significados culturais. No primeiro grupo, a imaginação social da homossexualidade estava associada à doença mental, enquanto no segundo período histórico, estava atrelado ao pressuposto de identidade coletiva, o que justifica uma maior tolerância da opinião pública.

Os estudos sobre as representações sociais da homossexualidade aqui apresentados foram realizados, sobretudo, com adolescentes, estudantes universitários, seminaristas, pessoas de diferentes gerações e docentes. Dentre essas amostras, destaca-se o estudo realizado com docentes, por serem agentes de socialização e, portanto, difusores de representações. Ainda, esses estudos apontavam para uma diversidade de representações da homossexualidade que, na maioria das vezes, expressam ideias paradoxais: desde ideias de aceitação a ideias que exprimem preconceito e discriminação. Observou-se também que as ideias de caráter mais preconceituoso vinham associadas: mais a homens do que a mulheres; mais a contextos socioeducativos de classe baixa do que àqueles de classe média; mais a pessoas com baixos níveis de escolaridade do que a pessoas com maior escolarização; mais a estudantes de cursos da área de exatas do que da área de humanas; e mais a contextos religiosos evangélicos que católicos.

A revisão da literatura realizada indicou ainda que apenas um grupo de agentes de socialização foi estudado, o de docentes. Essa informação sinaliza uma escassez de estudos sobre as Representações Sociais da homossexualidade com amostras de socializadores. Dada a importância que os processos de socialização podem ter para a formação das RS, conforme discutido anteriormente, considera-se relevante que se realizem novos estudos que busquem diminuir esta lacuna.

Um último dado importante é o fato de que os estudos realizados na área buscaram analisar as concepções sobre a homossexualidade e suas ancoragens em diferentes variáveis psicossociológicas. Entretanto, ainda não foi realizado um estudo na área que considerasse a perspectiva de Willem Doise referente às Representações Sociais e dessa forma permitisse verificar, além do campo representacional e das ancoragens psicossociológicas, a análise dos princípios organizadores dessas representações, bem como a discussão da influência de um contexto histórico político favorável às pautas LGBTQIA+.

Na tentativa de diminuir as lacunas aqui apresentadas, o presente estudo tem como objetivos principais: analisar as Representações Sociais de mães acerca da homossexualidade, suas ancoragens psicossociológicas, assim como os princípios organizadores dessas representações.

Método

Trata-se de uma pesquisa descritiva qualitativa, dada "a sua capacidade de fazer emergir aspectos novos, de ir ao fundo do significado e de estar na perspectiva do sujeito" (Serapioni, 2000, p. 190), e, pelo caráter descritivo, de "proporcionar novas visões sobre uma realidade já conhecida" (Augusto et al., 2013, p. 749).

Amostra

Este estudo baseia-se em entrevistas realizadas entre 2010 e 2011, no município de João Pessoa - PB, com 115 mães, dentre as quais 58 possuíam filhos em escolas públicas, e 57 em escolas privadas.

Os critérios de inclusão para participação nesta pesquisa consistiram em: mães de crianças ou adolescentes, com filhos matriculados na rede pública e privada de ensino na cidade de João Pessoa-PB. Como critério de exclusão, foram retiradas da amostra as mulheres que cumprem os requisitos, mas que não exercem papel de cuidado e/ou socialização dos filhos (exemplo: mães que não moram e/ou não mantêm contato com os filhos).

Instrumentos

Foi utilizada uma entrevista semiestruturada que abordava questões sociodemográficas e questões relacionadas aos Direitos Humanos. Dessas últimas, será analisada no presente estudo a seguinte questão: o que você pensa sobre a situação dos gays, das lésbicas e das travestis?

As entrevistas foram realizadas nas residências das participantes, nas datas e horários combinados previamente. Além disso, com a autorização das mães, as entrevistas foram gravadas para posteriores transcrições, a fim de se obter o discurso fidedigno das participantes.

Procedimentos: Éticos e de coleta de dados

O projeto referente a esta pesquisa foi submetido e aprovado pelo comitê de ética do Hospital Universitário Lauro Wanderley, da Universidade Federal da Paraíba.1 Os dados foram coletados por meio de uma técnica conhecida como 'bola de neve', em que as participantes, inicialmente indicadas por pessoas próximas do pesquisador, sugerem em seguida outras possíveis participantes com o perfil amostral pretendido pela pesquisa. Antes de participarem da pesquisa, as mães precisavam assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), que descrevia o objetivo do estudo e os aspectos éticos pertinentes.

Análise de dados

A análise dos dados se deu a partir do software de análise lexical IRAMUTEQ (Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires). Esse software realiza análises de dados textuais, organizando-os em classes lexicais a partir da coocorrência de palavras. Segundo Camargo e Justo (2013), esses contextos lexicais podem ser interpretados semanticamente, o que, ainda segundo esses autores, torna o IRAMUTEQ uma ferramenta por meio da qual é possível estudar as Representações Sociais. Além das classes lexicais, o programa permite ainda a verificação dos efeitos de variáveis intervenientes (obtidas por meio dos dados sociodemográficos) na formação do conteúdo das classes. Ademais, o IRAMUTEQ apresenta uma Análise Fatorial de Correspondência (AFC) que mostra como as classes lexicais e as variáveis intervenientes se organizam em relação aos eixos de um plano cartesiano. Essas características do programa correspondem/atendem ao preconizado por Spini e Doise (1998) para o estudo das Representações Sociais considerando o campo representacional, as ancoragens psicossociológicas e os princípios organizadores. Essa relação teórico-metodológica será assumida no presente estudo.

Resultados

O software dividiu as 115 entrevistas em 393 seguimentos de texto, dos quais 75,65 % foram aproveitados e organizados em 6 classes lexicais interpretadas semanticamente conforme descrito a seguir.

Classe 1 (Discurso Humanitário ou de Aceitação). Esta classe foi constituída por discursos de mães que reconheciam a existência de mudanças na sociedade em direção a uma maior aceitação e à conquista de direitos pelos homossexuais, sobretudo por meio dos movimentos sociais. Esses discursos também reconheciam que ainda havia muitas conquistas por serem alcançadas do ponto de vista institucional, legal e interpessoal. Além disso, embora as mães reconhecessem mudanças, ressaltavam que ainda existia um preconceito acentuado na sociedade e que isso causava sofrimento ao grupo. Os discursos que compuseram essa classe vieram de mães que estudaram em escolas particulares e cujos filhos também estudavam nesse tipo de escola, mães com pós-graduação, espíritas e com renda entre R$ 3.001,00 e R$ 7.500,00, e entre R$ 7.501,00 e R$ 15.000,00.

Exemplo: "É muito preconceito quanto a eles [...], o espaço deles vem crescendo, a sociedade vem aceitando, inclusive em alguns países a legislação já está aprovando o casamento deles, aos poucos eles vêm caminhando para conquistar a sociedade [...]" (Sujeito 101).

Classe 2 (Discurso de Respeito à Autonomia). Nos discursos agrupados nesta classe, as mães viram a sexualidade e, mais especificamente, a homossexualidade, como um aspecto da vida privada, de foro íntimo, e, desse modo, não caberia a outrem o papel de interferir ou manifestar-se a este respeito. Algumas mães indicaram em seus discursos que, ainda que não aceitassem plenamente a homossexualidade, agiam com respeito, eram favoráveis à inclusão e à não discriminação por orientação sexual. Verificou-se ainda que nos discursos agrupados nessa classe, o mais importante era viver com dignidade e ter respeito mútuo. Por fim, as mães consideraram que os movimentos organizados de homossexuais tinham conseguido gerar alguma conscientização na sociedade. As mães cujos discursos agruparam-se nesta classe possuíam renda inferior a R$ 1.000,00, tinham entre 31 e 40 anos de idade, estudaram em escolas públicas e seus filhos estudavam também nesse tipo de escola.

Exemplo: "[...] conheço várias pessoas assim, respeito, conversam normal comigo, eu dou o maior apoio, se é aquilo que aquela pessoa quer, ela siga em frente [...]" (Sujeito 80).

Classe 3 (Discurso de Aceitação e Preconceito disfarçado). Nessa classe foram agrupados os discursos de mães que indicaram dificuldade em elaborar um posicionamento relacionado à questão da entrevista. Embora considerassem a necessidade de respeitar os homossexuais e a liberdade de todas as pessoas de escolherem suas vivências sexuais, os discursos indicaram a existência de um preconceito disfarçado. Esse preconceito se se evidenciaria na dificuldade em aceitar casos dentro da família; no receio das consequências da discriminação direcionada ao grupo de homossexuais; e na dificuldade de aceitar essa situação em função da socialização conservadora que tiveram. Além disso, as falas reunidas nessa classe explicitavam a dificuldade de aceitação de travestis e transgê-neros, por adotarem publicamente identidades femininas, e atribuíam a esse grupo características como vulgaridade, promiscuidade e prostituição. Também julgavam difícil socializar os filhos em relação a essas questões, pois elas poderiam gerar confusão na cabeça das crianças. Outrossim, os discursos dessa classe indicaram como mais fácil a aceitação de homossexuais discretos socialmente e procuraram explicar a homossexualidade como resultado de abusos sexuais, falta de afeto, violência e autoritarismo intrafamiliar. Os discursos dessa classe estavam associados a mães cujos filhos estudavam na rede privada de ensino e que disseram não possuir afiliação religiosa.

Exemplo: "Muito complexo, porque [...] jamais eu desrespeito ninguém, mas eu acho que todo mundo deve respeitar a opinião de todo mundo [...] diz assim 'eu não tenho preconceito contra gay', mas pergunte se alguém quer ter um filho gay ou uma filha lésbica, ninguém quer, eu duvido que queira, então tem preconceito sim" (Sujeito 79).

Classe 4 (Discurso de Direitos e Deveres). Nesta classe, foram alocados os discursos das mães que mencionaram aspectos referentes aos direitos, aos deveres e às leis. Embora se tenha verificado, nos discursos desta classe, conteúdos que ora revelavam dificuldades na aceitação da homossexualidade, vendo-a como doença, ora a defendiam considerando-a normal, observaram-se ideias tais como: o dever de respeitar os homossexuais; o direito de eles escolherem livremente sua orientação sexual e de tomar decisões sobre a própria vida; a necessidade de leis contra o preconceito; o direito do homossexual não ser discriminado; a ideia de reciprocidade aos homossexuais e aos heterossexuais; críticas à troca de afetos em público pelos homossexuais e pelos heterossexuais; críticas à vulgaridade (ao se vestirem de mulher ou se prostituírem); crítica à falta de informação; e a difusão do preconceito pelas religiões. Estavam associados a essa classe os discursos de mães com nível de escolaridade superior e cujos filhos estudavam no sistema privado de ensino.

Exemplo: "[...] todo e qualquer ser humano tem seu direito sua liberdade, eu respeito todo mundo, vejo que a sociedade por influência da religião, falta de informação, em alguns casos também isso gera o preconceito [...]" (Sujeito 68).

Classe 5 (Discurso de Neutralidade). Os discursos que foram agrupados nesta classe apresentaram certa inconsistência, demonstrando uma dificuldade das mães de se posicionarem a respeito do tema. Embora, em muitos discursos se tenha verificado uma tendência das mães de se colocarem contra ou a favor da homossexualidade, a maior parte delas expressava uma indiferença em relação ao tema: considerava a vivência da homossexualidade como pertencendo à esfera pessoal; e destacava que não cabia a elas emitir um juízo sobre o tema. Os discursos desta classe referiram-se ainda às mudanças observadas ao longo da história, indicando haver uma maior aceitação da homossexualidade hoje em dia, a importância de não se discriminar, e uma visão religiosa negativa sobre a homossexualidade. Os discursos desta classe relacionaram-se a mães que estudaram em escolas públicas e cujos filhos estudavam também na rede pública, mães católicas e com idade superior a 41 anos.

Exemplo: "Aí eu não tenho nada contra não, eu não tenho o que dizer não, eles quem devem decidir a vida deles, não é a mim não, nem sim nem não, nem contra nem a favor" (Sujeito 43).

Classe 6 (Discurso Religioso Pró-discriminação). Nesta classe, foram agrupados discursos de mães que se posicionaram contra a homossexualidade, justificando seus posicionamentos por meio de ideias religiosas e de ideias que defendiam a existência de um padrão natural de vivência da sexualidade. Compuseram esta classe os discursos de mães que se declararam protestantes, que tinham renda familiar inferior a 2 salários mínimos e cujos filhos estudavam em escolas da rede pública.

Exemplo: "Ah isso aí eu acho errado, sou totalmente contra essa situação aí, isso aí não tem escrito na bíblia, Deus deixou homem para mulher e a mulher para o homem não deixou mulher com mulher, homem com homem, isso aí não existe, acredito que isso é doença, maníaco sexual, sou totalmente contra, acho que essas pessoas precisam de uma libertação" (Sujeito 29).

No que concerne à análise da Classificação Hierárquica Descendente (CHD), pode-se verificar, na Figura 1, o dendrograma onde se encontram dispostas as classes obtidas. O conjunto das classes foi denominado de Posicionamentos das Mães sobre a Homossexualidade. A partir desse conjunto de classes, foram verificados dois blocos: o primeiro, formado pelas classes 1, 3, 2, 4 e 5, denominado de Formas de aceitação X Discurso de neutralidade, que se distancia do bloco formado pela classe 6, denominado de Discurso religioso pró-discriminação. O bloco Formas de aceitação X Discurso de neutralidade subdividiu-se em dois agrupamentos de classes: um, formado pelas classes 1, 3, 2 e 4, chamado de Formas de aceitação: nível societal e nível intergrupal, que se distancia do agrupamento formado pela classe denominada Discurso de neutralidade. O agrupamento de classes Formas de aceitação: nível societal e nível intergrupal ainda se subdividiu em dois pares de classes: o primeiro, chamado de Nível societal, foi formado pela aproximação das classes Discurso humanitário ou de aceitação e Discurso de aceitação e Preconceito disfarçado, que se distancia do par de classes chamado de Nível Intergrupal, composto pela aproximação das classes Discurso de respeito à autonomia e Discurso de direitos e deveres.

Fonte: Os autores (2020)

Figura 1 Dendrograma da CHD obtida para a questão "O que você pensa da situação dos gays, lésbicas e travestis?"

Princípios organizadores

Os princípios organizadores da RS sobre a homossexualidade são identificados por meio dos resultados de uma Análise Fatorial de Correspondência (AFC), realizada pelo IRAMUTEQ. Como se pode verificar na Figura 2, a AFC apresenta a disposição das diferentes classes em um plano euclidiano, organizadas em função de princípios correspondentes aos eixos horizontal e vertical do plano e das polaridades referentes a esses princípios.

Fonte: Os autores (2020)

Figura 2 Gráfico da AFC relativo à questão: "O que você pensa da situação dos gays, lésbicas e travestis?"

O princípio organizador relativo ao Eixo 1 da Figura 2 foi chamado de Perspectiva social (Coletivismo X Individualismo) e é formado por elementos das classes que compõem esse eixo, apresentando uma porcentagem da inércia total de 25,21 %. Observa-se, na Figura 2, que os elementos associados a esse eixo estão relacionados ao foco dado pelas mães para a elaboração das suas RS sobre a homossexualidade. No lado negativo do eixo, o foco do discurso das mães estava relacionado ao coletivo, seja pela verificação de mudanças traduzidas em uma maior aceitação, seja pela consideração de que todos têm algum tipo de preconceito ainda que disfarçado ou ainda pela referência a códigos de leis e direitos que assegurassem o respeito. No lado positivo, observa-se que o discurso das mães focava em avaliações pessoais quer fossem de si próprias, quer fossem do outro. Dentre as ancoragens referentes aos discursos do lado negativo, destaca-se que as mães pertenciam a um contexto socioeducativo de escola privada, tinham nível de escolaridade superior ou eram pós-graduadas, e tinham renda superior a R$ 3.000,01. No lado positivo, as mães pertenciam a um contexto socioeducativo de escola pública, não possuíam nível de escolaridade superior ao ensino médio e tinham afiliações religiosas evangélicas ou católicas. Desse modo, é possível afirmar que os elementos dispostos no Eixo 1 organizam-se em função de uma perspectiva social que varia do coletivismo para o individualismo.

O princípio organizador relacionado ao Eixo 2, como disposto na Figura 1, foi chamado de Nível de aceitação da homossexualidade, e foi constituído por elementos de classes organizadas em função desse eixo, tendo uma porcentagem de inércia total de 26,61 %. Verifica-se na Figura 2 que os elementos relacionados a esse eixo expressam ou aceitação ou condenação do grupo de homossexuais. No lado positivo do eixo, verifica-se que os discursos versam sobre uma tendência à aceitação da homossexualidade. Essa tendência à aceitação é justificada por dois aspectos principais: pela consideração da igualdade entre todos e pelas conquistas sociais, o que representa uma aceitação mais acentuada; ou pela consideração do direito ou da autonomia pessoal, situação em que, embora as participantes pudessem pessoalmente não ter um posicionamento favorável ao grupo de homossexuais, consideravam que eles deveriam ser respeitados por terem o direito de escolha e por serem autônomos para tomarem suas próprias decisões. No lado negativo do eixo, as mães, em seus discursos, ao mesmo tempo em que reconheciam em si próprias e na sociedade a existência de um preconceito disfarçado, condenavam a homossexualidade por meio de ideias religiosas e da naturalização da heteronormatividade. Dentre os elementos do polo positivo, chama a atenção o fato de os discursos estarem relacionados a mães com diferentes níveis de escolaridade, diferentes níveis de renda e diferentes contextos socioeducativos. O polo negativo aparece relacionado, sobretudo, à religião evangélica. Assim, pode-se considerar que os elementos dispostos no Eixo 2 estão relacionados a discursos em que a aceitação social do grupo de homossexuais fica mais evidente e a discursos que se reconhecem preconceituosos e que condenam a homossexualidade.

Discussão

O objetivo do presente estudo foi analisar as Representações Sociais de mães sobre a situação dos homossexuais no contexto histórico de 20102011, bem como verificar as ancoragens sociais e princípios organizadores dessas representações.

Os dados obtidos neste estudo permitiram compreender como mães, agentes de socialização que têm ganhado destaque como mediadoras na construção da Representações Sociais, concebiam o fenômeno da homossexualidade no período estudado, e em quais afiliações sociais essas concepções estariam ancoradas em um contexto histórico de discussões e políticas mais favoráveis à população LGBTQIAP+.

Nas análises realizadas por meio do IRAMUTEQ, ressalta-se, na classe 6, o impacto da religião evangélica na formação das representações das mães sobre a situação dos homossexuais, o que leva o discurso dessa classe a se opor aos discursos das demais classes. Note-se que as mães que se denominaram evangélicas foram as que emitiram discursos que justificavam posicionamentos discriminatórios em relação às pessoas homossexuais. Esse resultado corrobora vários estudos na área que identificaram aspectos de afiliação religiosa associados a uma visão negativa da homossexualidade (Chichitostti, 2006; Escolano & Pereira, 2011; Gonzaga et al., 2014; Lacerda et al., 2002; Novena, 2005; Scardua & Souza Filho, 2006). Mais especificamente, os achados de Pereira et al. (2011) apontam para uma relação da religião evangélica com o preconceito flagrante contra os homossexuais.

Esses dados parecem indicar que a religião evangélica é a que mais estaria disseminando ideias que fundamentavam a discriminação contra o grupo de homossexuais. Isso significa que a luta contra o preconceito deve ter como uma de suas metas promover o diálogo com as religiões. Note-se que o resultado aqui obtido encontra uma ampla corro-boração pela literatura, indicando a necessidade de estudos que permitam uma melhor compreensão das nuances que envolvem o posicionamento das diferentes religiões diante do fenômeno da homossexualidade.

Ademais, acredita-se que as religiões, por meio dos seus dogmas, de suas lideranças e de suas dinâmicas institucionais, constituem fontes de socialização, o que as coloca também como agentes mediadores na construção das RS que precisam ser melhor estudados.

As demais classes parecem tratar dos problemas encontrados para a naturalização da homossexualidade na sociedade. Esse processo de naturalização estaria relacionado, por um lado, às diferentes formas de aceitação e, por outro, à indiferença (Classe 5).

Dentro do registro das classes que abordam as diferentes formas de aceitação, observa-se que duas são caracterizadas por discursos considerados societais e duas outras por discursos intergrupais. Os discursos societais foram apresentados por mães avaliadas como pertencentes à classe média. Destaca-se nesses discursos a emergência de dois diferentes fatores subjacentes à aceitação da homossexualidade: os movimentos sociais e as mudanças ocorridas historicamente que tiveram grande relevância no período histórico desse estudo. Já os discursos classificados como intergrupais mostram a incongruência entre o discurso de aceitação e o preconceito disfarçado.

Quanto aos discursos de aceitação, entende-se que, o fato de eles estarem associados à classe média, indica o acesso mais amplo aos meios de informação que frequentemente divulgaram os ganhos relativos ao grupo de homossexuais nesse período. Corrobora essa ideia o fato de que as ancoragens sociais observadas nos discursos dessa classe referem-se a mães com uma escolaridade elevada (pós-graduadas), fato este que ratifica os achados de Ohlander et al. (2005) acerca da influência dos níveis de escolaridade nas RS sobre a Homossexualidade. Tal fato sugere ainda que o posicionamento dessas mães pode estar relacionado a uma elite intelectual. Chama a atenção o fato de que em nenhum estudo anterior os resultados tenham apontado para as mudanças sociais em prol do grupo de homossexuais. Julga-se que a sensibilidade deste estudo a este aspecto pode estar relacionada a mudanças históricas na abordagem do fenômeno da homossexualidade observado nas políticas, na educação, na maior visibilidade do movimento LGBTQIAP+ e na mídia da época.

No que concerne ao preconceito disfarçado, acredita-se que a análise societal da homossexualidade feita pelas mães está pautada em teorias observadas no senso comum que indicam a existência de um discurso de aceitação politicamente correto reforçado pelo contexto do período histórico analisado, mas que não corresponde à prática cotidiana dessas mães. Nesta, predomina o preconceito - as mães não desejam um homossexual entre seus familiares próximos. Resultados semelhantes foram verificados por Jeolás e Paulilo (2008), e, também em consonância com os resultados deste estudo, a ideia de preconceito sutil foi observada no estudo de Pereira et al. (2011).

No que se refere às classes cujos discursos versaram sobre avaliações intergrupais, destaca-se na classe 2 a consideração de que não cabia a terceiros interferir em aspectos pessoais da vida dos homossexuais. Essa classe estava associada a mães de classe socioeconômica baixa. Em relação a essa associação, consideraram-se duas possíveis explicações: as pessoas de classe socioeconômica baixa serem normalmente mais vítimas de ações coercitivas do Estado em suas vidas e, em reação a isso, defenderem uma não intervenção na vida particular das pessoas; e o fato de mulheres de classe baixa, segundo Pequeno (2011), terem mais empatia com pessoas em situação de sofrimento, que mulheres de classe média.

No que tange à classe 4, os discursos indicaram que a visão das mães sobre os homossexuais era mediada por aspectos legais tais como as ideias de direitos, deveres e leis, e estava associada ao nível socioeconômico da classe média. Entende-se que essa pertença das mães à classe média facilita o acesso a informações referentes a normatizações que orientam a sociedade. Em relação a esse resultado, julga-se que conhecimentos do ponto de vista legal, favorecido pelo ganhos observados no contexto histórico estudado, podem, de fato, reverter em benefícios para a vida prática das pessoas pertencentes ao grupo minoritário dos homossexuais.

A última classe (Classe 5), referente ao discurso de neutralidade, diferencia-se da classe 2, que destaca o respeito à autonomia, não por indicar que, em geral, as pessoas não devam interferir na autonomia dos homossexuais, mas por, pessoalmente, não se identificarem como alguém credenciado para fazer essa avaliação. Acredita-se que a ideia de que as pessoas não devem ocupar a posição de avaliadores ou juízes da sexualidade alheia representa uma consideração de igualdade mais genuína, uma vez que não se observa na sociedade avaliações positivas ou negativas direcionada à heterossexualidade, por exemplo. Todavia, não fica evidente no discurso dessas mães quais os processos intrínsecos que as levaram a emitir tal posicionamento. O desconhecimento sobre essas razões sugere a necessidade de pesquisas futuras.

Em relação aos princípios organizadores, no que concerne ao princípio Perspectiva social (Coletivismo versus Individualismo), a avaliação adotada pelas mães do período histórico aqui analisado, parece ser regulada por seus contextos socioeconômicos. Enquanto que análises mais societais e teóricas aparecem relacionadas a mães pertencentes à classe média, as análises grupais surgem associadas a mães de classe baixa. Esses dados parecem reforçar que o acesso a meios de informação diversificados, privilégio da classe média, favorece a construção, pelas mães, de princípios mais abstratos -caracterizados por julgamentos societais- e a percepção de quando esses princípios não são respeitados. Por outro lado, considera-se que a restrição no acesso a conhecimentos e análises mais teóricas sobre o tema leva as mães de classe socioeconómica baixa a avaliar os homossexuais a partir de suas vivências interpessoais e de elementos da vida cotidiana. Julga-se que a dificuldade de mães de classe baixa terem acesso a meios de informação mais diversificados pode estar relacionado tanto à escassez de recursos econômicos como a uma escassez de tempo em função de múltiplas atividades de trabalho. Essa dificuldade de acesso à informação pelo referido público também é destacada por Sorj e Guedes (2005), que salientam o processo de exclusão digital.

No que se refere ao princípio organizador Nível de aceitação, chama a atenção o fato de que a aceitação revelada nos discursos das mães ocorre em diferentes contextos, diferentes níveis socioeconômicos e diferentes níveis de escolaridade. Avalia-se, portanto, que a aceitação dos homossexuais não é regulada por essas variáveis. Por outro lado, o fato de o polo negativo estar associado à religião evangélica, parece reforçar o efeito desse registro religioso nas representações de não aceitação ou condenação. Outro dado que chama a atenção é o fato de que o Discurso de neutralidade aparece no extremo oposto do Discurso religioso pró-discriminação, ou seja, ocupa a posição de maior aceitação. Tal fato reforça a ideia -aqui já discutida- de que o ponto mais alto no processo de naturalização da homossexualidade não seria o de posicionar-se favorável à aceitação, mas o não se reconhecer como arbitro das diferentes formas de expressão da sexualidade.

Considerações finais

De modo geral, observa-se que o fenômeno da homossexualidade, apesar dos avanços das políticas e das discussões próprias do período histórico estudado, seguiu sendo um tabu na sociedade da época, e que pensamentos de cunho preconceituoso e discriminatório continuaram presentes. Apesar disso, nos discursos de pelo menos três das seis classes obtidas por meio do IRAMUTEQ, verifica-se a existência de conteúdos que, quando comparados a dados de pesquisas anteriores, revelam mudanças indicativas de uma forma mais positiva de ver os homossexuais. A primeira dessas mudanças é a presença de um discurso humanitário e de aceitação que revela uma preocupação com o acolhimento desse grupo e uma sensibilidade para com as lutas dos movimentos sociais em busca de maior proteção e respeito para as minorias. A segunda consiste na indicação de mediadores como os Direitos Humanos, os deveres e as garantias legais em relação aos homossexuais. Esse discurso pode indicar que as mudanças nos aspectos legais repercutiram sobre a forma de agir e pensar das pessoas, e que se pode obter com isso mais condutas de respeito e menos violações aos direitos das pessoas homossexuais. A terceira mudança consiste na presença de um discurso de neutralidade, que pode ser visto como uma forma de tratar a homossexualidade semelhante ao tratamento dado aos heterossexuais, na medida em que se considera a homossexualidade um aspecto da vida das pessoas que não é passível de avaliação por terceiros.

Destaca-se também, dentre os resultados, a indicação de que a religião evangélica é a que mais tem fomentado representações de cunho depreciativo em relação aos homossexuais. Esse resultado aponta para a necessidade de uma maior conscientização dos praticantes dessa religião para as consequências negativas da difusão desse tipo de discurso e da necessidade de discursos que promovam mais empatia e respeito.

Ainda, é importante dar destaque ao fato de que na maioria dos discursos das classes obtidas, a homossexualidade é representada como uma escolha/opção. Esse dado também foi observado em outros estudos (Gonzaga et al., 2014; Jeolás & Paulilo, 2008), e, se por um lado, ele pode evidenciar uma tendência ao respeito pelas decisões das outras pessoas sobre a própria sexualidade, por outro, ele destaca que a homossexualidade é representada a partir de um viés de opção, o que levanta a seguinte questão sobre até que ponto, no âmbito do desenvolvimento, é possível escolher ou não determinada orientação sexual. É importante pontuar, nesse sentido, o conceito de opção e de orientação. Enquanto o primeiro se refere a uma escolha consciente, a orientação sexual consiste na atração de uma pessoa por outra que, apesar de ter a escolha de como irá demonstrar os seus sentimentos, pode não ser capaz de modificar essa atração simplesmente por vontade. Considera-se equivocada, portanto, a noção de opção relacionada à homossexualidade, tendo em vista que a construção da orientação sexual pode se dar a partir de múltiplos aspectos -psicológicos, sociais, culturais, entre outros- (Brasil, 2004; 2011).

Por fim, dentre os principais desafios para a realização desta pesquisa, destaca-se a dificuldade de acessar a amostra pretendida. Isso pelo fato de que, diferentemente de estudantes, que se encontram todos reunidos em salas de aula, as mães não têm espaços oficiais de reuniões regulares e ainda precisam coordenar uma série de afazeres no seu cotidiano. Esse aspecto tornou a coleta de dados extensa e demandou da equipe de pesquisa persistência e criatividade para a realização das entrevistas em dias, horários e espaços possíveis para as participantes, a partir do agendamento de visitas.

Ademais, julga-se importante a realização de novas pesquisas que explorem melhor a influência do contexto religioso na formação de Representações Sociais sobre a homossexualidade. Embora a presente pesquisa tenha apontado a religião evangélica como associada a representações discriminatórias, julga-se que o mundo evangélico é bastante plural e complexo e que, portanto, precisa ser melhor estudado. Também, considera-se importante que se continue a realizar estudos abordando agentes de socialização e o processo de formação das RS. A esse respeito poder-se-ia destacar o impacto da socialização ofertada por líderes religiosos, bem como os tipos de socialização desenvolvidas em ambiente virtual.

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1 Os participantes da pesquisa consentiram a participação voluntária e suas identidades foram preservadas, conforme o que preconiza a resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, sobre pesquisas realizadas com seres humanos.

Para citar este artigo: Queiroz, P., Gomes, R., Camino, C., & Braga, L. (2024). Representações sociais de mães sobre a homossexualidade. Avances en Psicología Latinoamericana, 42(1), 1-20. https://doi.org/10.12804/revistas.urosario.edu.co/apl/a.10245

Recebido: 24 de Fevereiro de 2023; Aceito: 08 de Março de 2024

A correspondência referente a este artigo deve ser endereçada à Pablo Queiroz, Avenida Rio Branco, S/N, Prédio, Centro, Santa Cruz - RN. Correio eletrônico: pabloqueiroz@live.co.uk

Esta pesquisa foi aprovada por Comitê de Ética competente e segue as orientações dispostas na resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde.

Não existem conflitos de interesse nesta publicação.

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