Este estudo aborda os fatores de risco que impactam o sistema cardiovascular dos Policiais Militares (PM). O aumento geral da violência e da criminalidade, aliado à carga de trabalho excessiva, o crescimento desordenado da população, os indicadores de qualidade de vida e os baixos salários têm tornado o ambiente de trabalho dos Policiais Militares (PM) prejudicial à sua saúde. No Brasil, uma das principais causas de afastamento desses profissionais está relacionada a doenças crônicas não transmissíveis (DCNTS), especialmente doenças cardiovasculares (DCVS) e diabetes, além de acidentes e mortalidade decorrentes de causas violentas, o que acarreta uma sobrecarga mental significativa.
Os policiais compõem uma das categorias de trabalhadores mais sujeita ao adoecimento físico e mental. As situações responsáveis pela reduzida qualidade de vida e vulnerabilidade às DCVs dos PM, têm sido apontadas como superiores comparadas as outras categorias profissionais 1.
Os Policiais Militares compõem um grupo de trabalhadores que estão em contato direto no combate a violência e a criminalidade, o que resulta em quadros de estresse e vários distúrbios da saúde, além disso estão expostos aos fatores de risco cardiovasculares 2.
No exercício da sua profissão, o PM é submetido a situações de alto risco para manter a segurança pública, enfrentando a brutalidade. É uma atividade que exige muito autocontrole, e trabalham sob forte tensão em momentos que lhe põe em risco a própria vida 3.
A profissão do PM propõe sentimentos mistos de sensações que os deixam aflitos, como o medo e desconfiança constante, isso interfere de forma significativa na sua vida pessoal e em suas relações, o que pode desencadear quadros graves de ansiedade, desgastes físico e psicológico 4.
A natureza das atividades realizadas, a sobrecarga de trabalho, as relações internas e externas à corporação, cuja organização se fundamenta na hierarquia rígida e disciplina militar, são algumas das características peculiares que combinam os riscos inerentes à profissão com o estilo de vida, contribuindo para a exposição de PM aos mais variados agravos de saúde 1.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as DCVs são um grupo de doenças do coração e dos vasos sanguíneos e são responsáveis pela principal causa de morte no mundo. Aproximadamente 20% dessas mortes ocorrem na população com idade superior a 30 anos(s). O impacto do risco cardiovascular e de seus fatores têm repercussão no aumento da carga global de doença no Brasil.
Os fatores de risco correspondentes as DCVs são classificadas em modificáveis e não modificáveis. Fatores de risco modificáveis são todos aqueles passíveis de modificações (p.ex. condições socioeconômicas, tabagismo, etilismo, diabetes mellitus, hipertensão arterial, excesso de peso corporal, obesidade abdominal, dislipidemias, consumo excessivo de gorduras saturadas de origem animal, sedentarismo e estresse). De maneira opostas, os fatores de risco não modificáveis são aqueles que não mudam (p.ex. sexo, idade, histórico familiar). Tais fatores são cruciais para manifestação de DCVs 1. Esses fatores de risco são considerados cardiodeléterios e estão envolvidos com os processos sindêmicos em saúde pública, já outros são emergentes, a cada dia surgi um novo fator de risco cardiovascular que entra para o rol dos fatores de riscos clássicos.
As enfermidades relacionadas ao trabalho e os fatores de riscos que contribuem para o agravamento da saúde cardiovascular em trabalhadores, especialmente em PM, são pouco explorados. Além disso, existe uma lacuna entre os achados de pesquisa e as possíveis melhorias que poderiam ser implementadas no ambiente de trabalho desses profissionais, visando reduzir sua vulnerabilidade ocupacional. Isso envolve aspectos da saúde física, mental e cardiovascular.
Diante do exposto surgiu o questionamento: Quais os fatores de risco cardiovascular presentes em policiais militares? Para responder a este questionamento, foi definido como objetivo deste estudo: descrever os fatores de risco cardiovascular em policiais militares.
O presente estudo reflete em impactos positivos para a sociedade, pois a atuação eficiente dos PM depende de sua saúde preservada. Ademais, a identificação desses fatores de risco implicam na possibilidade de estabelecer estratégias de vigilância à saúde cardiovascular, monitoramento e rastreamento, na perspectiva da prevençã, promoção a saúde e recuperação da saúde dessa população específica.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de revisão de literatura integrativa no qual foi realizado estudos sobre fatores de risco cardiovascular no policial militar. A fonte de dados escolhida para a busca foi a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) que permite uma busca simultânea em outras bases, e os Descritores em Ciências da Saúde (DECS) utilizados para a busca dos artigos por meio de cruzamentos.
O estudo foi desenvolvido respeitando as seguistes etapas: identificação do tema e elaboração das questões de pesquisa; estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão, definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados, seleção de banco de base de dados a serem consultadas, avaliação dos estudos incluídos na revisão, interpretação dos resultados e apresentação da síntese do conhecimento.
Após a formulação do objetivo, foram realizadas buscas sistemáticas dos artigos científicos. Na busca foram utilizados os descritores: "Polícia", "Fatores de Risco " e "Doenças Cardiovasculares" associados e cruzados com o booleando AND.
Inicialmente realizou-se a leitura dos títulos e resumos de todos os artigos. Foram excluídos artigos duplicados e em seguida foi realizada leitura dos artigos na íntegra.
Os critérios adotados para inclusão foram: artigos científicos publicados entre os anos de 2013 a 2018 no idioma português brasileiro, disponíveis gratuitamente, tendo como população alvo os trabalhadores Policiais Militares e como desfecho os fatores de risco cardiovascular relacionado a estes. Foram excluídos artigos de revisão de literatura, os que não abordavam sobre fatores de risco cardiovascular no Policial Militar e os que foram publicados fora do tempo estabelecido.
Na primeira seleção foi buscada todas as publicações em idioma português referentes ao cruzamento polícia AND fatores de risco AND doenças cardiovasculares, sendo encontrados 35 artigos, após filtrar foram selecionados 02 artigos no LILACS. Conforme Figura 1.
No cruzamento polícia AND fatores de risco, foram encontrados 593 artigos, após filtrar foram selecionados 04 artigos no LILACS. Figura 2
No cruzamento polícia AND doenças cardiovasculares, foram encontrados 48 artigos, após filtrar foram selecionados 02 artigos no LILACS. Figura 3.
Após essa busca foram selecionados no total 08 artigos, sendo lidos na íntegra 08 trabalhos, uma vez que foram apresentadas duplicatas no mesmo cruzamento e em cruzamentos distintos. Após a leitura destes 08 artigos e a partir dos critérios de inclusão, foram selecionados 04 artigos para análise que se adequavam aos objetivos propostos por este artigo. Para a obtenção dos dados foram criados dois tabelas apresentadas nos resultados, contendo as seguintes informações: autor, ano, revista, base de dados e local de estudo (Tabela 1) e tema, objetivo, desenho e principais resultados (Tabela 2).
N | Autor | Ano | Revista | Base de dados | Local de estudo |
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1 | Jesus et al. | 2013 | Rev Bras Ciênc Esporte | LILACS | Feira de Santana-BA |
2 | Barbosa et al. | 2013 | Rev Bras Cardiol | LILACS | Rio Grande do Sul |
3 | Silva et al. | 2014 | Revista Baiana de Saúde Pública | LILACS | Piauí |
4 | Liz et al | 2014 | Revista Cubana de Medicina Militar | LILACS | Florianópolis - SC |
Fonte: Dados Próprio da Pesquisa.
N | Tema | Objetivo | Desenho | Principais resultados |
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1 | Risco cardiovascular em policiais militares de uma cidade de grande porte do Nordeste do Brasil | Estimar a prevalência e os fatores associados ao rce de PMs, por meio do indicador antropométrico de obesidade abdominal cc. | Estudo transversa |
* Notou-se que a maioria dos pms do sexo masculino desempenham função operacional, ou seja, policiamento ostensivo. * Houve leve predominância de indivíduos com tempos na polícia superiores a 10 anos. * A maioria dos pms está na categoria de proteção em relação à idade, sendo a máxima 54, e nas mulheres 43 anos. * Quanto aos indicadores comportamentais - nível de atividade física e tabagismo, 6,3 % se declararam fumantes. * A média geral de cc nos homens foi de 85,9 cm e nas mulheres 73,9 cm. * Considerando os pontos de corte empregados na avaliação do risco cardiovascular, 32,3 % dos pms apresentaram rce (37,3 % entre homens e 12,5 % entre mulheres). * Notou-se que o rce foi mais frequente em pms com maior tempo na polícia, fisicamente inativos e casados. |
2 | Prevalência de Fatores de risco cardiovascular em policiais militares | Identificar a prevalência de fatores de risco cardiovascular modificáveis e não modificáveis, estratificados por sexo, em policiais militares pertencentes ao 35º Batalhão de Polícia Militar do estado do Rio Grande do Sul. | Transversal |
* A amostra foi constituída por 112 policiais militares e caracterizou-se como predominantemente masculina (87,50 %), com faixa etária entre 20-54 anos. * Observa-se que 58,04 % dos participantes tinham alguém na família com história antiga ou atual de dcv, apresentando diferença estatisticamente significativa entre os sexos. * Quanto ao histórico de tabagismo, 72,32 % eram não tabagistas, 100 % das mulheres e 68,37 % dos homens não fumavam. * Quanto ao histórico de etilismo, 67,86 % do total da amostra era etilista e, no sexo masculino, 73,47 %; já no sexo feminino, 71,43 % eram não etilistas. * A prática de atividade física evidenciou que 36,61 % da amostra total era insuficientemente ativa, sendo estatisticamente significativa a prevalência entre os sexos, homens foram considerados ativos e 42,86 % das mulheres, inativas. * Referente à hipertensão arterial, 36,11 % da amostra era de hipertensos, 40 % do sexo masculino hipertenso e somente 7,69 % do feminino. * A análise do imc demonstrou que 54,05 % da amostra total encontrava-se na faixa de sobrepeso sendo mais prevalente nos homens. * Quanto à obesidade abdominal, 81,73 % não apresentavam excesso de gordura na região abdominal, porém 42,86 % da amostra feminina apresentava. * A presença de dislipidemia foi identificada em 54,05 % do total da amostra estudada, sendo mais prevalente no sexo masculino. * Quando verificados os hábitos alimentares, constatou-se que 69,64 % dos participantes não consumiam excessivamente alimentos fontes de gordura de origem animal, sendo 68,37 % do sexo masculino e 78,57 % do sexo feminino. * A presença de estresse foi observada em 93,75 % dos participantes, distribuído em diferentes graus de intensidade, porém no sexo feminino apresentou-se com maior gravidade. |
3 | Fatores de risco para hipertensão arterial em policiais militares do Centro-Sul Piauiense | Identificar os fatores de risco para has nos policiais militares de município de Picos, Piauí. | Descritivo e transversal |
* A maioria dos participantes do estudo é do sexo masculino (75,8 %), com idade compreendidaentre 19 e 29 anos, e (60,4 %). é solteira. * Constatou-se que a maioria dos policiais apresenta uma pressão arterial caracterizada como normal (51,6 %). * Em relação à massa corpórea foi encontrado um índice compreendido entre 18,5 e 24,9 em 58 (63,7 %) policiais da população estudada. * Notou-se que (84,6 %) sempre consomem frituras e (68,6 %) tomam café com uma frequência de 1 a 3 vezes ao dia. * 20,9 % dos policiais militares não praticam atividade física, sendo que a indisposição (12,1 %) foi relatada como fator para a não realização de atividades. * Percebeu-se que (31,9 %) policiais militares se estressam com facilidade (68,1 %) consomem bebidas alcoólicas e (12,1 %) são tabagistas. |
4 | Características ocupacionais e sociodemográficas relacionadas ao estresse percebido de policiais militares | Comparar a percepção de estresse em policiais militares considerando as características ocupacionais e sociodemográficas destes. | Descritivo |
*A maior parte dos policiais são casados, possui tempo de serviço na Polícia Militar de até 14 anos. * Notou-se que a maioria trabalha exclusivamente na área operacional. * Com relação ao estilo de vida, não fuma, consome bebida alcoólica, são insuficientemente ativos fisicamente e consideram o sono de qualidade boa. * Os policiais com até 35 anos de idade apresentam maior iep do que os policiais com mais de 35 anos. * Policiais que atuam na área operacional apresentaram maior iep do que os policiais que atuam na área administrativa ou operacional e administrativa. *Maiores iep também foram identificados em policiais pertencentes a classes socioeconômicas inferiores, solteiros, que trabalham há 14 anos ou menos, que não possuem outra atividade profissional informal, são fumantes e ingerem bebidas alcoólicas. |
O estudo demonstra que todas as publicações foram artigos científicos onde: 02 artigos foram da região Sudeste e 02 artigos da região Nordeste. Todos os artigos foram realizados no Brasil, o que indica um interesse e necessidade de pesquisas no país relacionadas ao tema em estudo. Diante dos estudos selecionados, os artigos possuíam abordagem quantitativa, descritiva e/ou transversal.
DISCUSSÃO
Os autores 2, 6, observaram o tempo de serviço na Polícia Militar, o tipo de atividade, como a área operacional, ou seja, o policiamento ostensivo, associando a probabilidade de desenvolvimento das DCVs. Portando, evidenciou-se que os PM com mais tempo de trabalho estão mais sujeitos ao desenvolvimento das doenças cardiovasculares.
Somente dois artigos, 1 e 7, colheram histórico familiar de DCV e pressão arterial como fator de risco significativo para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares.
Segundo os autores 2, a maior prevalência do risco cardiovascular está entre PM do sexo masculino com maior tempo na polícia e fisicamente inativos. Os autores discutem a importância de políticas institucionais de enfrentamento da obesidade, manterem o foco nos policiais do sexo masculino, principalmente naqueles que não praticam atividades físicas, a fim de reduzir o risco cardiovascular nessa população.
Já 1, afirma que os fatores de risco cardiovasculares modificáveis e não modificáveis estão presentes nos PM e Apontam como fator não modificável para o risco cardiovascular o fator genético (p.ex. histórico familiar de DCV) e como fatores de risco modificáveis, o estilo de vida, inatividade física, sobrepeso e dislipidemias em PM do sexo masculino. Portanto, torna-se evidente a necessidade de implementar medidas abrangentes de promoção, prevenção, controle e reabilitação relacionadas ao risco cardiovascular, com o objetivo de reduzir as vulnerabilidades da saúde ocupacional enfrentadas por essa classe de trabalhadores. Essas ações visam não apenas melhorar a saúde e a qualidade de vida desses profissionais, mas também lidar com a complexidade, a multifatorialidade e os efeitos deletérios que incidem sobre o sistema cardiovascular. A prevalência e incidência dessas condições ocorrem devido à interação de diversos fatores de risco associados ao risco cardiovascular.
Nesse contexto, o gerenciamento desses fatores de risco e do próprio risco cardiovascular requer um esforço conjunto de diversos profissionais de saúde. O objetivo é reduzir, eliminar ou enfraquecer a ação sinérgica desses fatores, que continuam a afetar a saúde e a qualidade de vida da classe trabalhadora em questão.
O enfermeiro desempenha um papel fundamental na equipe de saúde multidisciplinar no controle deste problema de saúde. Isso é alcançado por meio de iniciativas educacionais e pela implementação de programas voltados para a saúde ocupacional e qualidade de vida, com o objetivo de promover a saúde da população em questão. Além disso, o enfermeiro busca fomentar o conhecimento desses fatores de risco de maneira precoce, a fim de reduzir a probabilidade de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e outros elementos de risco que se interagem de maneira sinérgica, podendo levar a eventos cardiovasculares.
Um dos fatores importantes para o risco cardiovascular em PMs, segundo 7, é a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), desencadeada por fatores associados aos hábitos de vida, padrão alimentar, sedentarismo e o estresse, fator fortemente presente nas atividades do Policial Militar. O enfermeiro desempenha um papel importante em medidas de prevenção e promoção a saúde, através da implementação de programas de qualidade de vida, cujo o objetivo é acompanhar a saúde desses trabalhadores em especial, a fim de reduzir os agravos, bem como os fatores de risco cardiovascular identificado, que as vezes passa despercebido pela maioria dos profissionais de saúde, bem como pelo próprio sujeito trabalhador.
Outros autores 6 apontam o estresse como um fator importante que está relacionado a saúde física dos indivíduos. Os estudos indicaram que os PMS com até 35 anos de idade, atuantes na área operacional, não praticantes de atividades físicas e que tem o sono ruim, apresentaram os mais elevados níveis de estresses. Os sintomas decorrentes do estresse elevado geralmente se manifestam inicialmente de forma psicológica e, posteriormente, se manifestam fisicamente, aumentando o risco de desenvolvimento de outras doenças, incluindo as Doenças Cardiovasculares (DCV). Portanto, é fundamental adotar estratégias que tenham como objetivo reduzir ou controlar o estresse entre os Policiais Militares, implementando essas medidas nos próprios batalhões.
Isso é especialmente importante, uma vez que esses profissionais enfrentam condições de vulnerabilidade ocupacional que podem resultar em efeitos deletérios que incidem sobre à saúde e à qualidade de vida, com repercussões significativas na saúde mental e emocional. Além disso, as situações de perigo às quais estão constantemente expostos devido ao aumento da criminalidade representam desafios adicionais que dificultam a manutenção de uma vida ativa e com qualidade de vida, bem como o seu autocuidado.
Todos os autores discutiram em comum a inatividade física como um fator de risco cardiovascular presente em PM, bem como o estresse. 1 e 7 citaram em comum hábitos alimentares como um fator de risco cardiovascular presente em PM. Já 1,2,6, apontaram em comum sobrepeso/obesidade como um fator de risco cardiovascular predominante nos PMS.
Os fatores mais significativos para o risco cardiovascular em Policiais Militares estão relacionados a inatividade física, os hábitos alimentares, o sobrepeso/obesidade, o estresse e a depressão. Todos esses fatores predominam no PM do sexo masculino atuante na área operacional, e com maior tempo de serviço.
Considerando a importância crucial do trabalho desempenhado pelos Policiais Militares na segurança da população e a crescente necessidade de desenvolver políticas públicas adequadas para atender a essa parcela de profissionais em constante crescimento, os resultados desta pesquisa servirão como base para discussões e reflexões sobre políticas públicas que visem a garantir sua integridade física e, bem como suas condições de trabalho e saúde.
Além disso, propõe-se a necessidade de melhorias na saúde cardiovascular e na qualidade de vida desses profissionais, o que, por sua vez, impacta positivamente em suas condições sociais, econômicas e de saúde. É essencial que políticas públicas relacionadas à segurança e à saúde sejam desenvolvidas para destacar a importância desses trabalhadores, especialmente devido aos efeitos cardiodeletérios aos quais estão sujeitos. Isso deve incluir medidas abrangentes de promoção, prevenção, controle e reabilitação das DCNTs.
É amplamente reconhecido que a maioria dos Policiais Militares são do sexo masculino. Portanto, é essencial incorporar na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, atenção a essa classe de trabalhadores. Isso permitirá a identificação dos principais fatores de risco e morbimortalidade, bem como de seus determinantes sociais que contribuem para a vulnerabilidade ocupacional dessa classe.
É importante notar que, em geral, os homens costumam procurar atendimento médico apenas quando já estão adoecidos cronicamente, devido aos efeitos da masculinidade que acaba dificultando o acesso à assistência integral à saúde. Isso tem um impacto negativo na vulnerabilidade ocupacional dessa população, especialmente em contextos de risco para a saúde cardiovascular, com consequências deletérias para a saúde e qualidade de vida dos policiais militares.
No que diz respeito aos PM, é importante levar em consideração os diversos fatores de risco e vulnerabilidades ocupacionais aos quais eles estão expostos devido à natureza de suas funções. Nesse contexto, é fundamental implementar estratégias de educação em saúde voltadas para a saúde desses profissionais, integrando-os aos serviços de saúde pública, com atendimentos centrados neste público e suas peculiaridades. Isso permitiria atender às suas necessidades de assistência de forma mais abrangente, destacando-os como indivíduos que enfrentam riscos específicos relacionados ao seu ambiente de trabalho e que podem adoecer em decorrência desses fatores.
Este estudo teve limitações em virtude de escassez de publicações cientificas relacionadas a população-alvo e a linha de pesquisa. Por esse motivo, espera-se que esse trabalho possa servir de referência reflexiva para outros estudos acerca da temática, de forma a possibilitar uma análise ainda mais criteriosa com relação a esses fatores e suas consequências.
Considerando o aumento significativo de casos de afastamento de policiais militares devido a doenças cardiovasculares e os elevados custos associados à previdência social, é fundamental realizar estudos que analisem a situação atual das vulnerabilidades ocupacionais dos trabalhadores. Essas pesquisas são essenciais para orientar a implementação de estratégias de prevenção e controle dos fatores de risco cardiovascular. Além disso, é crucial que os resultados desses estudos incentivem a adoção de hábitos de vida saudáveis pela população em questão, visando a melhoria da saúde, da qualidade de vida e do bem-estar dos policiais militares ♦