Objetivo/contexto:

O neologismo do Antropoceno é atualmente um dos conceitos mais debatidos na comunidade científica. Os debates sobre esse novo conceito transcendem as fronteiras disciplinares clássicas, particularmente entre as ciências naturais e as ciências sociais. O objetivo deste artigo é mostrar que a antropologia também pode desempenhar um papel importante nesse debate.

Metodologia:

Apoiando-se em um estudo de campo, de 2011 a 2017, com os Q’ero dos Andes peruanos (região de Cuzco), este artigo discute a relevância do neologismo de Antropoceno em sociedades não ocidentais.

Conclusões:

O artigo mostra que, quando confrontado em sociedades não ocidentais, o conceito mantém seu sentido na condição de ser analisado com base em outros pontos de vista, outros elementos, provenientes de ontologias não naturalistas. Portanto, o conceito de Antropoceno e sua possível reformulação abrem linhas de reflexão muito estimulantes - mesmo para ontologias naturalistas - que podem nos levar a imaginar e repensar outras formas de vida em comum com criaturas não humanas.

Originalidade:

O artigo mostra que a maioria dos Q’ero explica a mudança de alguns fenômenos atmosféricos e climáticos através do abandono gradual de alguns rituais. É justamente nas responsabilidades antrópicas que a discussão desse neologismo em uma sociedade considerada “não moderna”, como os Q’ero dos Andes peruanos, pode estimular o debate sobre sua pertinência.

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