Objetivo/contexto:

Nos últimos anos, os paradigmas que justificaram historicamente as exposições antropológicas foram objeto de uma revisão profunda, relacionada, entre outros fatores, a uma revinculação da disciplina com os museus e com a presença ativa de comunidades que exigem o exercício de um tipo de direito sobre o patrimônio. Paralelamente, no marco das tendências mais participativas, os estudos de público foram estabelecidos como uma área de pesquisa com alto impacto na gestão institucional. Neste artigo, pretendemos dar nossa contribuição para que o campo de reflexão que dialoga com o patrimônio antropológico nos museus e a teoria das representações sociais sejam enriquecidos, através de uma experiência particular em torno de exposições de restos mortais humanos (RMH), tomando como referência o caso do Museu de La Plata (Universidad Nacional de La Plata, Argentina). Faz alguns anos que essa instituição, com características do século XIX, vem desenvolvendo novas políticas sobre coleções bioantropológicas de origem americana, que foram retiradas de exibição.

Metodologia:

Trata-se de um estudo etnográfico-qualitativo que busca conhecer e analisar o conjunto de representações sociais, bem como sua dispersão e articulação, que aparecem no discurso dos visitantes. As entrevistas foram submetidas à análise do discurso, com base na semiótica de enunciados. Do ponto de vista construtivista, foi criado um modelo relacional que articula os componentes da argumentação para dar definição aos mundos semióticos, preservando sua dispersão e identificando tendências ou padrões.

Conclusões:

Os resultados permitiram modelar o sistema relacional que fundamenta os argumentos e identifica tendências no discurso dos visitantes: de acordo com o reconhecimento do sujeito da reivindicação, o status concedido ao RMH e a concepção do museu.

Originalidade:

As reflexões sobre um tema de transcendência política, ética e antropológica, como a exibição de restos mortais humanos e corpos mumificados, encontram nos estudos de público uma das estratégias de conhecimento que mais contribuem para a construção de um modelo dialógico, deixando espaço para controvérsia, contradição e multiplicidade de visões.

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