Objetivo/Contexto:

Neste artigo, é reconstruída a luta que os consumidores e o Estado enfrentaram para conter a inflação e a escassez de produtos no Chile de meados do século xx.

Metodologia:

Com base em arquivos do Ministério de Economia do Chile e na imprensa impressa, é avaliado como, na década de 1930, consumidores mobilizados e a Oficina Nacional de Controle de Preços chilena trabalharam juntos para criar a expectativa de que um Estado fortemente intervencionista pudesse conter a inflação e a escassez ao vigiar e regularizar o comportamento especulativo dos comerciantes privados. Logo, mediante um estudo dos textos de pensadores econômicos proeminentes do pós-guerra, é detalhado como a compreensão estatal do aumento nos preços e a escassez se voltou cada vez mais a questões estruturais de produção e distribuição econômica, particularmente na economia rural chilena.

Originalidade:

Enquanto a maior parte dos estudos sobre inflação e escassez na América Latina do século xx tendem a se focar no debate intelectual que rodeou os recortes e a volatilidade dos preços ou nas bases da experiência política com esses problemas, aqui é apresentado como as interações entre os consumidores e o Estado criaram um paradoxo: de um lado, os consumidores chegaram a esperar que o Estado tivesse o dever imediato e a capacidade de minimizar as dificuldades econômicas em curto prazo e, de outro, ao continuar identificando a inflação e a escassez como problemas impulsionados por atos individuais, muitos consumidores, incluídos alguns da esquerda política, perderam a fé na capacidade de planejamento do Estado em longo prazo.

Conclusões:

conclui-se com a apresentação de como, no início da década de 1970, durante um período de intenso conflito de classes, a adoção por parte do Estado de uma abordagem estrutural da inflação e da escassez em longo prazo abriu uma brecha entre o governo da Unidad Popular de Salvador Allende e sua base política.

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