Objetivo/Contexto:

Com base no caso da coalizão argentina Cambiemos, dominada pelo partido Propuesta Republicana (PRO), neste artigo, são analisados os limites da “virada à direita” em um contexto de fraqueza histórica das forças dessa facção política. Estuda-se a relação entre as características do processo da construção partidária do PRO e os alcances do desempenho reformista em prol do mercado uma vez no governo.

Metodologia:

Os dados provêm de uma pesquisa sociopolítica de grande esforço que, em diferentes etapas de trabalho de campo, utilizou métodos mistos sobre a construção partidária do PRO -en termos organizacionais, sociológicos e programáticos- e sua transformação, nos anos recentes, bem como sobre o desempenho do governo de Cambiemos. Esta pesquisa incluiu a realização de dois questionários a quadros partidários, entrevistas em profundidade com alguns líderes, a análise de materiais de imprensa e de documentos de partido, além da observação de atos e reuniões internas.

Conclusões:

Neste artigo, mostra-se que os baixos resultados reformistas do governo de Cambiemos estão associados com condicionamentos que o PRO teve que enfrentar para construir uma força competitiva em um país com direitas partidárias historicamente fracas. Esses condicionamentos são de dois tipos: internos, relativos à estrutura da coalizão política, e externos, associados com as condições de origem e de desempenho do governo. Os primeiros, observados a partir das divergências programáticas entre os membros da aliança de governo. Os segundos, por meio da estrutura de interesses ligada aos policy legacies do período anterior e à debilidade do poder eleitoral e legislativo de Cambiemos.

Originalidade:

Este artigo propõe um esquema teórico produto de um estudo de caso, para explicar a relação entre construção partidária e desempenho governamental em casos de virada à direita comandados por partidos de recente criação.