Objetivo/contexto:

A partir do caso colombiano, é proposta uma interpelação do conceito de soberania na teoria política crítica contemporânea sob uma perspectiva feminista, queer e decolonial, por meio da análise do papel da crueldade contra pessoas LGBTIQ+ no estabelecimento de uma forma de poder soberano parainstitucional nas guerras neoliberais.

Metodologia:

Trata-se de uma pesquisa teórica apoiada na análise documental dos relatórios do Centro Nacional de Memória Histórica da Colômbia.

Conclusões:

É demostrado que a circulação colonial e cis-heteropatriarcal da crueldade é um elemento essencial na instauração de um poder disciplinar que afeta a sociedade como um todo e que estabelece uma forma específica de poder soberano. Essa forma atualiza, na etapa neoliberal do capital, um governo dos corpos que faz uma diferença entre cidadania e sujeitos coloniais, e que é constitutiva do Estado-Nação.

Originalidade:

Demonstrar essa hipótese tem como consequência revelar uma forma específica de exercício do poder que produz corpos por meio do estabelecimento do que denomino “governo do sofrimento”, definido como o controle, racionalização e administração do sofrimento. Essa forma de poder ultrapassa os limites de leitura propostos pelos paradigmas da biopolítica e da necropolítica; portanto, a fim de abranger essa dimensão do político, proponho o conceito de “pathospolítica”, entendida como a forma do poder que converte o sofrimento em objeto de governo e que se desenvolve por meio deste.