Introdução
A dependência interpessoal pode ser definida como uma confiança nos relacionamentos pessoais, refletida em uma motivação para obter, manter e proteger essas relações (Rathus & O’Leary, 1997; Wang et al., 2014). Uma pessoa dependente emocionalmente pode apresentar comportamentos de submissão e subordinação, dificuldades de tomar decisões em seus relacionamentos, sentimento de responsabilidade por todos os acontecimentos, centrando-se completamente em sua relação (Bution & Wechsler, 2016). Uma revisão sistemática desenvolvida por (Bution e Wechsler. 2016) indicou que a prevalência de dependência emocional relatada nos estudos entre 2004 e 2014 variou entre 5% a 24,5%. Embora a dependência possa ser um processo natural do ser humano, em excesso pode trazer impactos negativos nos padrões que regem a vida profissional, pessoal e amorosa dos indivíduos, além de afetar o próprio funcionamento psicológico e trazer consequências na saúde e na qualidade de vida (Abuín & Rivera, 2015; Bornstein, 2005; Estévez, Urbiola, Iruarrizaga, & Onaindia, 2017). Tais implicações são verificadas mesmo em estudos com amostras subclínicas, cujos resultados indicam que a dependência patológica está relacionada a sintomas psicopatológicos, como: comportamento obsessivo-compulsivo, ansiedade, ideações paranoides (Abuín & Rivera, 2015), ansiedade e depressão (Beck et al.,1983; Blatt et al., 1976).
No contexto das relações amorosas, estudos relatam que a dependência do cônjuge pode ocasionar ansiedade, depressão, baixa autoestima e comportamento violento (Estévez et al., 2017; Kane & Bornstein, 2015). A despeito disso, um estudo de (Perles, San Martín e Canto. 2019), com uma amostra de 296 estudantes com idades entre 14 a 19 anos de idade, de ambos os sexos, no sul da Espanha, buscou conhecer se o gênero, o ciúme e a dependência explicavam estratégias específicas para a resolução de conflitos (agressão psicológica e agressão física leve). Os resultados apontaram que, em meninos, a violência psicológica e agressão física leve foram associadas à dependência. Além disso, em meninas, a interação entre ciúme e dependência previram a agressão psicológica. Tais dados evidenciam a necessidade de abordar o papel da dependência nos tipos de violência, bem como apontam que os impactos negativos da dependência podem se desenvolver desde muito cedo (García, Cuetos, & Sirvent, 2017; Valle & Moral, 2018).
Ainda sobre o gênero, (Bornstein. 2012) reportou, em seu estudo, que homens que são emocionalmente dependentes de suas parceiras tendem a desempenhar frequentemente o papel de abusadores, enquanto as mulheres dependentes desempenham o papel de vítimas. Tal evidência de que a dependência emocional explica o comportamento de algumas mulheres vítimas de violência por parceiro íntimo é sugerido em distintas pesquisas (Castelló, 2005; Bornstein, 2012; Deza, 2012; Tello, 2015), sendo este um dos motivos essenciais para a permanência das mulheres em relacionamentos violentos (Deza, 2012). Acerca disso, (Tello. 2015) aponta que uma mulher com dependência emocional experimentará altos níveis de medo quando pensa que seu relacionamento pode terminar. Em virtude disso, evitará por todos os meios que isso seja cumprido, tolerando comportamentos que vão da desatenção simples e esporádica de seu parceiro a insultos e ofensas repetitivas, incluindo agressões físicas. Se o parceiro ameaçar terminar a relação, a mulher mostrará resistência em aceitar o término; e se houver separação, tentará manter comunicação direta ou indireta (redes sociais).
Mas, o que causa a dependência emocional? Vários têm sido os teóricos que se dedicaram a entender esse comportamento que afeta emocionalmente os indivíduos. A teoria do apego (Bowlby, 1973) identifica as interações a partir da figura do apego e as situações de risco. Assim, quando a criança não é respondida de maneira a gerar segurança, sobressai a ansiedade e medo de não ter mais segurança. Isso explica a ansiedade de separação, a expressão afetiva de insegurança, a modificação de planos (para ficar mais tempo com o parceiro), o medo da solidão, a execução de atos extremos para manter o relacionamento (até mesmo automutilação), e uma necessidade psicológica constante da atenção do parceiro (González-Jiménez & Hernández-Romera, 2014). Segundo o modelo da autocomplexidade e extremidade afetiva, as estruturas cognitivas são importantes para determinar o afeto e autoavaliação (Linville, 1985). Quanto mais simples for a estrutura mental (menos complexo) mais as pessoas tendem a ligar suas representações à memória relacionada aos aspectos sociais e familiares, que podem ser experiências fracassadas, resultando em afetos negativos. Nesse sentido, a dependência exclusiva seria essa resposta emocional, dada pela falta de autocomplexidade (estruturas mais complexas ou representações mais positivas) do relacionamento amoroso. Os sociotropy and autonomy models (Beck et al.,1983) e da Depressão Analítica (Blatt et al.,1976), tratam dos esquemas mal adaptativos latentes, cujos componentes estão associados a uma necessidade de aceitação, medo excessivo de abandono, rejeição e desprezo. Por causa desse padrão de frustração das necessidades, o sujeito buscaria suprir seus desejos de uma forma mal-adaptativa, por meio do relacionamento em que está envolvido, chegando ao ponto de sofrer abusos e exploração apenas para não perder o parceiro (Sirvent, 2000). Essa dependência torna-se tóxica (Bornstein, 2012) e destrutiva para si e para os outros, de modo que é essencial o desenvolvimento de maneiras para mensurar esse construto nas mais diversas populações (González-Jiménez & Hernández-Romera, 2014).
Portanto, levando em consideração as implicações negativas relacionadas à dependência emocional, bem como o número expressivo de pessoas que sofrem dessa dependência, alguns instrumentos têm sido propostos, a fim de facilitar o seu diagnóstico, prevenção e tratamento adequados. Dentre eles: Interpersonal Dependency Inventory (IDI), Relationship Profile Test (RPT), Cuestionario de dependencia emocional (CDE) e o Spouse Specific Dependency Scale (SSDS).
A Interpersonal Dependency Inventory- Inventário de Dependência Interpessoal foi elaborado por (Hirschfeld, Klerman, Gough, Barrett, Korchin e Chodoff. 1977), partindo inicialmente de 98 itens, os quais foram aplicados a uma amostra não clínica e outra clínica. Após essa aplicação, decidiu-se por uma versão de 48 itens, que abarcasse três subescalas: Confiança emocional no outro, falta de autoconfiança social e afirmação da autonomia. Tal versão foi novamente reaplicada com amostra clínica e não clínicas, que apresentou alfas de 0,87, 0,78 e 0,72, respectivamente. A Relationship Profile Test (RPT)- Teste do Perfil do Relacionamento foi construído por (Bornstein, Geiselman, Eisenhart e Languirand. 2002), abrangendo três conceitos relacionados à dependência: dependência destrutiva, desprendimento disfuncional e dependência saudável, que apresentaram alfas respectivos de 0,85; 0,85; 0,76, e boa validade de construto, quando comparada a outras medidas já sólidas nesse campo de estudo (Haggerty et al., 2015). Contudo, como apontado por Bornstein et al. (2009), maneiras de acessar a validade do instrumento continuamente e sua utilidade em contextos sociais mais abrangentes ainda precisam ser mais claros.
O Cuestionário de dependencia emocional foi desenvolvido por Hoyos e Arredondo (2006), possuindo 23 itens que se dividem em 6 dimensões: Ansiedade de Separação (7 itens, α = 0,87), Expressão do par (4 itens, α = 0,84), Motivação de planos (4 itens, α = 0,75), Medo da Solidão (3 itens, α = 0,80), Expressão Limite (3 itens, α = 0,62) e Busca por Atenção (2 itens, α = 0,78). Entretanto, uma validação no Peru encontrou divergências psicométricas (Ventura & Caycho, 2016). Já a Spouse Specific Dependency Scale (SSDS), traduzida pelo presente estudo como Escala de Dependência Específica do Cônjuge, que foi elaborada por (Rathus e O'Leary. 1997), foi composta inicialmente de 178 itens, baseados em outras medidas de dependência emocional e nas informações do DSM III, acerca do transtorno de personalidade dependente. Essa medida foi reduzida em 30 itens, baseando seus conjuntos de itens em teorias diferenciadas, por exemplo, o dimensão do apego ansioso está relacionado à Teoria do Apego (Bowlby. 1973); a dimensão da dependência exclusiva está relacionada ao Modelo da Autocomplexidade e Extremidade Afetiva (Linville, 1985); e a dimensão da dependência emocional está relacionado à Sociotropia (Beck et al.,1983) e à Depressão Analítica (Blatt et al.,1976). O apego ansioso é caracterizado pelo sentimento de preocupação com o parceiro, medo da separação e do abandono do parceiro; a dependência exclusiva reflete a exclusividade social e conjugal ao parceiro, sem a necessidade de outra pessoa; e a dependência emocional é caracterizada pela elevada dependência do parceiro, passando a usar o relacionamento como fonte principal de manutenção da autoestima e do funcionamento psicológico geral. Tais dimensões apresentaram um alfa de 0,93; 0,89 e 0,88, respectivamente.
No contexto brasileiro, observam-se poucas pesquisas empíricas que tratem da dependência emocional (Bution & Wechsler, 2016), e nenhuma que se refira a validação de escalas específicas sobre esse tema. Neste sentido, a presente pesquisa optou por utilizar a Escala de Dependência Específica do Cônjuge (Rathus & O'Leary, 1997), uma vez que ela foca em um contexto interpessoal de parceiro especificamente, diferente das IDI e RPT. Além disso, a SSDS tem sido utilizada com sucesso em pesquisas, como a relação entre a dependência emocional e a agressividade (Petruccelli et al., 2014) e o impacto da dependência em dificuldades no relacionamento (Broozi & Fraghdani, 2018); além de contar com versões validadas em inglês e espanhol (Valor-Segura et al., 2009).
A partir dos dados apresentados, é possível compreender a importância de se estudar o fenômeno da dependência em relações matrimoniais, dando destaque ao fato de que o contexto em que essa dependência ocorre é, no geral, de um relacionamento abusivo. Além disso, considerando a realidade de um país como o Brasil, em que a violência contra a mulher ocorre em sua maior parte nesse cenário (Mapa da violência contra a mulher, 2018), o objetivo do presente estudo foi validar a Escala de Dependência Específica do Cônjuge para Mulheres (EDEC-M) para utilização no contexto brasileiro. Para atingir o objetivo proposto, realizamos dois estudos. O primeiro estudo, buscou explorar a distribuição dos itens. Parte-se da hipótese 1 de que a EDEC-M terá uma distribuição dos itens conforme o estudo original (Rathus & O'Leary, 1997). E o segundo estudo, buscou inovar testando modelos alternativos como o hierárquico para a EDEC-M. Com isso, formulou-se a hipótese 2, de que a EDEC-M obedeceria a uma ordem superior (e.g., dimensão geral), isto é, seria composta por uma dimensão geral que incluiria todas as formas de dependência do cônjuge. Essa hipótese é baseada no argumento de que o dependente emocionalmente não sofre apenas com uma forma específica da dependência (Abuín & Rivera, 2015; Bornstein, 2005; Estévez et al., 2017), mas, sofre com vários indicadores de forma simultânea. As dimensões de primeira ordem (dependência exclusiva, dependência emocional e apego ansioso) são mediadores na relação da variável observada com a dimensão geral da dependência emocional, isto é, para analisar a dimensão geral da dependência emocional, é necessário que se avalie primeiro as variáveis observadas (itens) que indicarão qual a dimensão mais presente do dependente emocional.
Estudo 1
Método
Participantes
Participaram do estudo 347 mulheres com idades entre 18 e 59 anos (M = 28,18; DP = 8,17). A maioria estava em algum relacionamento, como namoro (47%) e casadas (26,8%), estando com o atual parceiro de 1 a 5 anos (27,6%). As respondentes afirmaram residirem, a maioria, no Estado da Paraíba (46,7%), seguido de São Paulo (17%); declararam-se heterossexuais (87,9%) e bissexuais (6,6%); afirmaram, também, possuírem ensino superior incompleto (42,1%) e pós-graduação (27,4%). Quanto à religião, a maioria afirmou ser católica (40,1%), assim como não tem religião específica (29,1%). E possuírem renda de 1 a 3 salários mínimos (36%), e renda de 3 a 5 salários mínimos (32%).
Instrumento
Utilizou-se a “Spouse-Specific Dependency Scale”, traduzida para o presente estudo como Escala de Dependência Específica do Cônjuge para mulheres (EDEC-M), construída por (Rathus e O’Leary. 1997) no contexto dos Estados Unidos, com o objetivo de medir a dependência nos relacionamentos amorosos. A EDEC-M é composta por 30 itens, agrupados inicialmente em 3 dimensões: 1) Apego ansioso (e.g., “3. Fico ansioso(a) se eu acho que o(a) meu/minha parceiro(a) está chateado(a) comigo.”); 2) Dependência emocional (e.g., “Eu gosto do meu/minha parceiro(a) por ele(a) ser protetor(a) e compreensivo(a).”) e; 3) Dependência exclusiva (e.g., “Raramente eu durmo se o(a) meu/minha parceiro(a) não estiver comigo.”). Os itens originais, de acordo Rathus e O’Leary (1997), tratam apenas de casais heterossexuais, mas na presente pesquisa os itens foram adaptados para a inclusão de mulheres que possuem alguma dependência do(a) parceiro(a) em seus relacionamentos. As respondentes usaram uma escala do tipo Likert entre 1 (discordo totalmente) e 7 (concordo totalmente), avaliando a concordância com cada afirmação.
Além disso, também foi utilizado um questionário sociodemográfico, a fim de traçar o perfil da amostra, com questões como idade, status de relacionamento, tempo de relacionamento, Estado onde reside, orientação sexual, escolaridade, religião e renda familiar.
Procedimento
Inicialmente o estudo foi submetido à aprovação do comitê de ética, logo obtendo parecer aprovado (CAAE: 09344918.5.0000.5188). Seguiu-se os pressupostos de (Borsa, Damásio e Bandeira. 2012) para a fase da tradução e adaptação dos itens. Realizou-se a tradução dos itens por dois psicólogos bilíngues, do inglês para o português, seguido de um terceiro psicólogo bilíngue que possuía conhecimentos da temática de violência, retraduzindo do português para o inglês, a fim de verificar a equivalência semântica. Posteriormente, procedeu-se a validação semântica dos itens com a participação de 5 estudantes (2 participantes do sexo masculino e 3 do sexo feminino) do ensino médio para averiguar a capacidade da compreensão verbal do instrumento. Essa parte consistia em ler em voz alta e explicar o que eles entenderam de cada item. Todos os itens mostraram-se compreensíveis para a população alvo. Logo após essa etapa, iniciou-se a coleta da população alvo, após concordarem com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A coleta foi realizada de forma on-line, por meio de redes sociais (e.g., Facebook, E-mails, Instagram). As respondentes foram informadas de que a pesquisa seria voluntária e não receberiam nenhum retorno financeiro pela sua participação, e que foram tomados todos os cuidados para garantir o sigilo e a confidencialidade das informações individuais, preservando sua identidade, seguindo as recomendações da Resolução 466/12 e a 510/16 do Conselho Nacional de Saúde.
Análise dos Dados
Os dados foram analisados no programa estatístico IBM SPSS Statistics (versão 21), sendo realizadas estatísticas descritivas (medidas de tendência central e dispersão), além de verificar a fatorabilidade da matriz gerada. Foram avaliados os índices de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO), assim como a esfericidade de Bartlett. Por meio dos componentes principais (ACP) com rotação varimax, extraiu-se as dimensões. De acordo com a literatura, o instrumento era formado por três componentes. O número de dimensões se deu pelo critério de Kaiser e critério de Horn (Horn, 1965). A fim de assegurar que cada item representava o construto subjacente a dimensão, foi estipulada uma carga fatorial mínima de 0,30 para aceitar o item. O cálculo da precisão da escala foi realizado por meio do coeficiente alfa de Cronbach e confiabilidade composta.
Resultados
Inicialmente foi realizada análise de componentes principais, extraindo os índices Kayser-Meyer-Olkin (KMO), que indica a adequabilidade da amostra pela proporção da variância dos dados que pode ser considerada comum a todas as variáveis, apresentando resultados satisfatórios com KMO = 0,90. O teste de esfericidade de Bartlett apresentou-se significativo, comprovando a não existência de uma matriz identidade [X² (43) = 3756,39; p < 0,001]. Com isso, o teste de Kaiser apontou a existência de 6 dimensões. Os itens foram agrupados de maneira aleatória, em desacordo com a literatura (Rathus & O’Leary, 1997).
Para testar essa estrutura fatorial, fez-se análise paralela com 1000 simulações (Horn, 1965), critério este que é o mais adequado em 92% das análises na extração das dimensões. Comparando os valores próprios nos 6 componentes no critério de Kaiser (8,92; 2,11; 1,82; 1,47; 1,38; 1,03), consecutivamente, com os da análise paralela (1,79; 1,61; 1,59; 1,49), chegou-se a uma estrutura de três dimensões, pois o quarto valor próprio aleatório foi maior que o empírico.
Dando prosseguimento às análises, realizou-se uma nova análise, fixando em 3 componentes, previstos pela literatura e apoiados pela análise paralela. Usou-se a rotação varimax, assim como os autores (Rathus & O’Leary, 1997). A estrutura tri-dimensional explicou 42,85% da variância total. As comunalidades, por sua vez, variaram entre h > 0,30 (item 20) à h < 0,59 (item 2), sendo consideradas satisfatórias (Ver Tabela 1).
Nota: Componente 1 refere-se a apego ansioso, componente 2 refere-se à dependência emocional e o componente 3 referese à dependência exclusiva. Itens com (I) são invertidos
Alguns itens saturaram em dimensões diferentes do proposto pelos autores (Rathus & O’Leary, 1997) com carga > 0,30 (Nunnally, 1978; Saraph et al., 1989), o que não confirmou a hipótese 1 do estudo. Os itens 30, 26, 27 e 23, que pertenciam a dimensão da dependência emocional, passaram a pertencer a dimensão do apego ansioso. E os itens 18, 12 e 19, que pertenciam à dependência exclusiva, passaram a pertencer a dependência emocional.
Os alfas de Cronbach foram retirados a partir da distribuição dos itens, conforme a análise dos componentes principais; os coeficientes internos variaram de 0,70 a 0,80, e a escala total foi de 0,91, sendo estatisticamente satisfatório (Kline, 2015). Para verificar se as correlações são verdadeiras entre os escores observáveis, realizou-se a confiabilidade composta (Raykov, 1997), aos quais demonstraram confiabilidade de 0,88 para apego ansioso, 0,82 para dependência emocional e 0,72 para dependência exclusiva. Seguindo a distribuição das respostas em torno das médias, obteve-se que as mulheres apresentaram em seus relacionamentos um apego ansioso (M = 3,48; DP = 1,27), dependência emocional (M = 3,62; DP = 1,15) e uma baixa dependência exclusiva ao parceiro (M = 2,87; DP = 1,13).
Discussão parcial
Obteve-se uma distribuição dos itens levemente distinta da composição original. Uma das hipóteses para isso ter acontecido foram caraterísticas culturais diferentes dos EUA, como também o tempo em que a Escala original foi validada (e.g., 1997), no qual não existia o uso de smartphones e nem redes de comunicação atualizadas. Estatisticamente, os itens que saturam com carga acima de 0,30 em outras dimensões podem ser realocados para a dimensão que obtiveram carga satisfatória, mantendo-se equivalência semântica para sua manutenção no componente carregado (Nunnally, 1978; Saraph et al., 1989). Em geral, os resultados foram satisfatórios, pois, as três dimensões foram observados e apresentaram consistências internas específicas adequadas para nível de pesquisa (Kline, 2015; Nunnally, 1978). Entretanto, o modelo necessita ser testado em uma amostra independente, com o fim de obter índices de qualidade de ajuste. Isso foi realizado no Estudo 2, detalhado a seguir.
Estudo 2
Método
Participantes
Participaram do estudo 325 mulheres com idades entre 18 e 60 anos (M = 28,18; DP = 8,17). A maioria estava em algum relacionamento, como namoro (43,7%) ou casamento (31,4%), estando com o atual parceiro por um tempo de 1 a 5 anos (27,6%). Grande parte das participantes residiam no Estado da Paraíba (35,5%), seguido de São Paulo (22,2%); declararam-se heterossexuais (85,8%) e bissexuais (8,6%). Afirmaram, também, possuir ensino superior incompleto (40, 6%) e pós-graduação (28,9%). Em relação à religião, declararam-se católicas (40,6%) ou sem religião específica (29,8%). As principais rendas eram entre 1 a 3 salários mínimos (40,6%), e entre 3 a 5 salários mínimos (27,4%).
Instrumento
Foi utilizada a Escala de Dependência Específica do Cônjuge para mulheres (EDEC-M), proposta pelo Estudo 1. Além disso, também foi utilizado um questionário sociodemográfico, a fim de traçar o perfil da amostra, com questões como: idade, status de relacionamento, tempo de relacionamento, Estado que reside, orientação sexual, escolaridade, religião e renda familiar.
Procedimento
Mesmo procedimento do Estudo 1.
Análise de dados
Uma análise fatorial confirmatória foi utilizada por meio do programa Rstudio (versão 3.5.3). Para execução das análises, usou-se o Pacote Lavaan e o Estimador Weighted Least Squares Mean- and Variance-adjusted (WLSMV). Os indicadores de ajuste considerados foram: Chi-squared test (X²)/ degrees of freedom(df), que indica a magnitude da discrepância entre a matriz de covariância observada e a modelada, testando a probabilidade de o modelo teórico se ajustar aos dados. Quanto maior é esse valor, pior o ajustamento. Porém, tem sido pouco empregado na literatura, sendo mais comum considerar sua razão em relação aos graus de liberdade (χ2/df), cujos valores devem apresentar-se entre 1 e 3 (Hair et al., 2009). Os índices CFI (Comparative Fit Index) e TLI (Tucker Lewis Index), os quais calculam o ajuste relativo do modelo observado ao compará-lo com um modelo base, cujos valores acima de 0,95 indicam ótimo ajuste, e os superiores a 0,90 indicam ajuste adequado. RMSEA (Root-Mean-Square Error of Aproximation) é também uma medida de discrepância, sendo esperados resultados menores que 0,05, mas aceitáveis até 0,08, apesar de tal coeficiente penalizar modelos complexos. Por fim, o SRMR (Standardized Root Mean Square Residual) reporta a média padronizada dos resíduos (discrepâncias entre a matriz observada e modelada), sendo que índices menores que 0,10 são indicativos de bom ajuste (Hair et al., 2009; Kline, 2015).
Ainda, avaliou-se os parâmetros dos itens, mediante a Teoria de Resposta ao Item (TRI), com o Modelo de Créditos Parciais e calibração a partir do métodomaximum likelihood, por meio dosoftware Winsteps(Linacre, 2015). Com isso, obteve-se o nível de traço latente apresentado pelos sujeitos (theta), índices de dificuldade dos itens (b),os índices de ajustes dos itens (InfiteOutfit), correlação item-total e o Mapa de Itens da Escala.
Resultados
Para verificar qual a melhor estrutura fatorial das dimensões, levando-se em consideração a distribuição dos itens do Estudo 1, resolveu-se observar índices de ajuste em diferentes modelos. Para isso, testou-se a estrutura uni-dimensional, em que os itens se agrupariam em uma única dimensão; a estrutura tri-dimensional proposta pelos autores e encontrada no Estudo 1; além de uma estrutura hierárquica em que as dimensões (apego ansioso, dependência emocional e exclusiva) explicam uma dimensão subjacente, isto é, uma dimensão geral da dependência. Os itens foram testados a partir da estrutura dada no Estudo 1. Neste sentido, observou-se a comparação de três modelos: uni-dimensional, tri-dimensional e hierárquico (Ver Tabela 2). O modelo mais adequado foi aquele que apresentou melhor índice de ajuste ao modelo, sobretudo o que possui menor SRMR, o que significa que existe, além das três dimensões, uma dimensão geral que pode explicar as três dimensões específicas do cônjuge. Observando esses índices de ajuste ao modelo, nota-se que este é o mais adequado para a EDEC-M.
Nota-se que os loadings foram acima de 0,40, indicando que as variáveis observadas constroem os traços latentes, isto é, pertencem as dimensões (Nunnally, 1978), como sugerido anteriormente pelos autores (Rathus & O’Leary, 1997). Mas essas dimensões estão tão fortemente relacionadas que podem indicar haver uma estrutura hierárquica, formando uma dimensão geral, e de fato essa estrutura apresentou índices de ajuste ao modelo adequados (Observar Figura 1). Além disso, a consistência interna de cada dimensão mostrou-se adequada, todos > 0,70 (Kline, 2015): apego ansioso (α= 0,88), dependência emocional (α= 0,80) e dependência exclusiva (α= 0,72). O modelo hierárquico agrupado com as três dimensões de primeira ordem apresentou um valor de alfa de Cronbach de 0,89, isto é, estatisticamente satisfatório (Kline, 2015).
As análises foram realizadas considerando a dimensão geral avaliado pela EDEC-M, tendo em vista a importância da dimensão de ordem superior, verificada previamente. Em relação aos índices de dificuldade, verifica-se pequena variação em torno da média ancorada em zero. Tais resultados evidenciam que nenhum item se mostrou muito fácil nem difícil de ser endossado pelas mulheres, indicando também boa capacidade de avaliar a porção central do contínuo da dependência emocional. Referente aos índices de ajuste Infit, apenas os itens 3, 11, 13, 15, 16 e 28 não se apresentaram adequados (entre 0,7 e 1,3), conforme (Bond e Fox. 2001), indicando que a maioria dos itens apresentam ajustamento esperado pelo modelo. Quanto aos índices deOutfit, os itens 11, 13, 15, 16 e 28 apresentam valores fora do intervalo estabelecido (entre 0,7 e 1,3), sugerindo padrões de resposta inesperados pelo modelo. Mas, apenas o item 13 (Outfit = 2,06) extrapolou o valor considerado máximo para aceitação do item, sem interferir na validação do instrumento (Linacre, 2002).
Os índices de correlação entre o item e nível de theta das participantes apresentaram-se satisfatórios. O theta das participantes tendeu a endossar categoriais de resposta moderadas (M = -0,19 e DP = 0,30), e uma considerável amplitude dada pelos valores mínimo e máximo (-1,41 e 0,71). Quanto à probabilidade de endosso de cada categoria de resposta dos itens da EDEC-M, a análise das curvas características indicou uma relação monoatômica crescente entre os valores de theta e as categorias de resposta, ou seja, entre o nível de traço latente e o nível de dificuldade apresentado por cada uma das categorias de resposta. Para um maior detalhamento das informações ver Tabela 3.
Nota: b (dificuldade); EP (Erro Padrão); Infit e Outfit (índices de ajuste); r (Correlação entre os itens); M (média); DP (Desvio Padrão)
Por fim, avaliou-se o Mapa de Item-Pessoa, em que a linha vertical tracejada no meio da Figura 2 refere-se aos diferentes níveis de traço latente (dependência emocional) das participantes, no qual pode ser identificado o ponto médio (M), um desvio-padrão (S) para cima ou para baixo da média, e dois desvios-padrão (T), também para cima ou para baixo da média. Na direção de cada nível de theta encontram-se dispostos os limiares de itens ao lado direito, e os thetas estimados pelas pessoas ao lado esquerdo. A quantidade de símbolos “#” ou “X” indica a concentração de participantes naquela faixa de theta.
Com base na análise da Figura 2, observou-se que a dificuldade dos itens da EDEC-M esteve predominantemente entre -1 e +1, enquanto o theta das participantes esteve principalmente entre -0,5 e +0,5. Porém, verificou-se que a maioria dos itens da EDEC-M são pontuados por mulheres com traço latente moderado (theta próximo a -0,3). A média dos itens foi superior à média das pessoas, representando que os itens apresentaram dificuldade mediana pelas mulheres.
No que tange à facilidade dos itens, o item 24 (Eu prefiro enfrentar adversidades com o meu/minha parceiro(a) ao meu lado) foi o mais fácil de ser respondido. Os itens mais difíceis foram aqueles que se localizaram com theta acima de um desvio-padrão, tais como os itens 9, 11, 12, 18, 20, 22; sendo o item 11 (Raramente eu durmo se o(a) meu/minha parceiro(a) não estiver comigo) o mais difícil de ser endossado pelas mulheres. Somente pessoas com theta acima de 0,4 (lado esquerdo do mapa) responderam altas categorias nestes itens, valor de theta que pode ser indicativo de maior gravidade para a dependência emocional. Observa-se, ainda, que distribuições de limiares de itens e as estimativas de pessoas foram razoavelmente correspondidas, pois houve pouca quantidade de itens para níveis mais baixos do contínuo. Isso revela um padrão de melhor segmentação para pessoas com moderado nível de theta.
Discussão Parcial
Os resultados replicam a estrutura fatorial da escala original (Rathus & O’Leary, 1997), demonstrando a singularidade de cada construto, além de revelar a presença de um traço latente geral, como ficou demonstrado na qualidade do ajustamento do modelo hierárquico. Isto é, a dependência do cônjuge tanto ocorre de forma singular, como também ocorre simultaneamente de forma conjunta formando uma dimensão geral, comprovando a hipótese 2. Com respeito ao processo de validação neste estudo, pode-se verificar uma adequação dos itens à escala vista de maneira unidimensional, dada pela teoria de resposta do item (TRI). E a partir dessa teoria, pode-se verificar um item desajustado no processo de validação da EDEC-M (Rathus & O’Leary, 1997), que foi excluído para o não comprometimento da escala (Linacre, 2002).
Discussão Geral
O objetivo deste artigo foi descrever o processo de adaptação e validação de uma medida de dependência do Cônjuge específica para mulheres, composta com 30 afirmações que se distribuíram em três dimensões: apego ansioso, dependência emocional e dependência exclusiva. Nesse processo, desenvolveu-se dois estudos, cada um comportando uma hipótese diferenciada, o primeiro estudo, buscou explorar a distribuição dos itens conforme a escala original (Rathus & O’Leary, 1997), e o segundo estudo, buscou testar modelos alternativos com a proposta de encontrar uma estrutura fatorial para a EDEC-M.
No primeiro estudo, as análises apresentadas através da ACP evidenciaram que, assim como no estudo original, três componentes foram encontrados. Entretanto, a distribuição de alguns itens foi distinta, dados que as autoras acreditam em diferenças culturais e temporais. Isto é, a cultura assim como a língua se modifica ao longo do tempo, bem como os avanços em termos de garantias e direitos das mulheres em vários espaços públicos. Em 23 anos há uma mudança temporal, assim como há mudanças culturais. O que leva a supormos que a correlação entre itens na amostra brasileira pode ser diferente das mulheres norte-americanas, bem como a tradução dos itens podem ter modificado a forma como se entende o que é dependência hoje em dia. No segundo estudo, o melhor modelo foi o hierárquico de 2ª ordem. Os índices de qualidade de ajustamento apresentaram melhor ajustamento que o modelo original (tri-dimensional), demonstrando maior validade fatorial. O construto de ordem superior (Comrey, 1988) definido como dimensão geral de dependência do cônjuge foi produzido por meio da matriz de intercorrelações, resultado da estrutura já proposta pelos autores, isto é, os itens agruparam-se fortemente, indicando uma nova forma de medir a dependência de forma geral. Apesar do modelo tri-dimensional ter o mesmo valor de chi-squared test (X²)/ degrees of freedom(df), indicando que o modelo teórico ajustou-se às participantes, o critério da escolha de melhor modelo foi estabelecido por meio do SRMR, que indica a média dos resíduos. Quanto menor este índice menor é o erro do modelo (Hair et al., 2009), logo, o modelo hierárquico demonstrou < 0,08. É nesse sentido que a consistência interna foi estabelecida, além de observar a melhor estrutura, também se observa que a estrutura hierárquica apresentou consistência interna estatisticamente satisfatória (Kline, 2015; Nunnally, 1978).
Os itens que não se agruparam na dimensão proposta, como, por exemplo, os itens 30, 26, 27 e 23, mostraram saturações mais fortes em apego ansioso, ao invés de dependência emocional; e os itens 18, 12 e 19, que pertenciam à dependência exclusiva e passaram a ser da dependência emocional, tornam justificável a seu agrupamento por dois motivos: o primeiro que os itens possuem uma semântica parecida com a definição desses construtos, e segundo, as dimensões estão tão fortemente correlacionados que formaram uma dimensão de ordem superior (denominado de dimensão geral) (Comrey, 1988). E analisando de maneira robusta a contribuição de cada item, testou-se a partir da Teoria de resposta ao Item (TRI; Reise, Ainsworth & Haviland, 2005) verificou-se a unidimensionalidade das variáveis indicadoras como forma de analisar as propriedades psicométricas para se constituir como um traço latente. Ao se analisar a dificuldade do item verificou-se que as mulheres possuem boa capacidade de distinção entre as formas de dependência do cônjuge que sofrem (Harvey & Hammer, 1999), isso porque as respostas dadas por elas a dois itens são independentes (Pasquali & Primi, 2003).
Quanto aos Infit, foi verificado o padrão de respostas sensíveis às pessoas, e por meio do Outfit, verificou-se a sensibilidade dos padrões de resposta com dificuldade (Linacre, 2002). Logo, observou-se que 5 itens não apresentaram padrões de respostas esperados, ou seja, esses itens não foram sensíveis às pessoas e à dificuldade do item (Bond & Fox, 2001). Apenas o item 13 “tenho interesses e hobbies que me dedico sem meu/minha parceiro(a)”, mostrou-se desajustado, extrapolando o valor máximo de 2 no Outfit, o que pode comprometer a validação do teste (Linacre, 2002). Nesse sentido, optou-se pela exclusão desse item no processo de validação da Escala. Contudo, o mapa de Item-Pessoa permitiu verificar a existência de itens predominantemente difíceis de serem endossados pelas mulheres, ou seja, apenas mulheres com níveis maiores de dependência tenderão a concordar com tais itens. Desse modo, estamos, diante de um subteste útil para apontar níveis mais patológicos de dependência emocional. (González-Jiménez e Hernández-Romera. 2014) afirmam que existem várias causas da dependência ligadas ao desequilíbrio emocional, e por isso é tão difícil um dependente assumir que está em desarmonia interna.
Embora a EDEC-M apresente estatísticas favoráveis para seu uso, algumas limitações devem ser apontadas, como a amostragem não probabilística (por conveniência) e a baixa representatividade da amostra. Deve-se ponderar a generalização das conclusões do estudo para investigações posteriores, nas quais amostragens probabilísticas são realizadas e o comportamento do questionário é examinado em uma população mais ampla, diferente daquela aqui estudada. Além disso, ressalta-se a não equivalência entre as orientações sexuais, já que se busca validar tanto para mulheres heterossexuais como homossexuais. Outra limitação é não ter dados provenientes de várias regiões brasileiras (como por exemplo a região norte e centro oeste), situando a maior parte na região nordeste e sul, mais especificamente no Estado da Paraíba e São Paulo.
E por fim, apesar de atingirmos os objetivos e hipóteses instaurados no presente estudo, este ainda pode ser melhorado. Compreende-se a necessidade de estudos complementares, em amostras maiores e mais representativas da característica continental e diversificada culturalmente que o Brasil possui. Além disso, outros tipos de validade podem ser averiguados, como a validade convergente-discriminante e a incremental, assim como um estudo de fidedignidade teste-reteste do instrumento ao longo de alguns meses. A Teoria de Resposta ao item pode ser utilizada para investigação de funcionamento diferencial dos itens, dependendo de subgrupos amostrais, como a orientação sexual e fatores socioeconômicos. A medida aqui descrita pode ser utilizada a nível de pesquisa em estudos brasileiros descritivos populacionais, e para compreensão de correlações entre a dependência emocional e outros construtos, tal como a violência doméstica, autoestima e sintomas psicopatológicos decorrentes das relações amorosas. A medida poderá ser utilizada em modelos explicativos e processos psicológicos que envolvem a dependência emocional. Uma alternativa para aferir de maneira mais bruta a dependência emocional seria a comparação com o Implicit Association Test (IAT, Greenwald et. al., 1998) em que se deveria testar as dimensões por meio desse teste e compará-la com a presente escala.
A presente escala, além das contribuições psicométricas adequadas com uma nova forma de medir a dependência do cônjuge com uma dimensão geral, trouxe elementos a serem aplicados em mulheres homoafetivas, o que na escala original (Rathus & O’Leary, 1997) tratava apenas de mulheres heterossexuais. Além disso, o Estudo 2 mostrou, por meio da TRI, que os itens são endossados pelas mulheres de forma independente de cada dimensão, ou seja, os itens não contribuem de forma igual para dimensão, mas de forma específica com cada afirmação endossada por elas (Harvey & Hammer, 1999). Por fim, considera-se que a EDEC-M (Rathus & O’Leary, 1997) reuniu evidências psicométricas adequadas para o uso em mulheres brasileiras, e espera-se que a divulgação desse instrumento auxilie psicólogos na detecção de mulheres dependentes emocionalmente, que aceitam tudo em um relacionamento devido ao medo de ficarem sozinhas (Hasan & Clark, 2017); como também contribua em avaliações de vítimas de violência, para uma melhor adaptação, bem estar da saúde e obtenção de resultados em terapia (Moral, García, Cuetos, & Sirvent, 2017) ou estudos com mulheres que também praticam agressão (Bornstein, 2006).