SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
 número82Legitimar e resistir a violência espacial no sul do Chile (décadas de 1890 e 1910)Diplomacia, comércio e poder numa área de fronteira: o assassinato de um rei indígena em Talamanca, atual Costa Rica, 1870-1872 índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Em processo de indexaçãoCitado por Google
  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO
  • Em processo de indexaçãoSimilares em Google

Compartilhar


Historia Crítica

versão impressa ISSN 0121-1617

Resumo

OLANO, Christiane Hoth de. “Há bebidas espirituais destiladas em todos os lugares”: consumo de álcool e alcoolismo na fronteira chilena no início do século XX. hist.crit. [online]. 2021, n.82, pp.79-105.  Epub 26-Nov-2021. ISSN 0121-1617.  https://doi.org/10.7440/histcrit82.2021.04.

Objetivo/Contexto:

a incorporação da região da Araucanía ao território chileno após terminar a ocupação militar em 1883 resultou num intenso processo de colonização, exploração por cientistas viajantes e establecimiento de missionários na região. Além disso, trabalhadores rurais mestiços (‘rotos’) e colonos europeus se uniram aos fronteiriços, colonos que já estavam vivendo na fronteira antes da ocupação. Neste artigo, são analisados a dinâmica e os efeitos do consumo de álcool e do alcoolismo na percepção da população mestiça e da indígena na fronteira chilena no início do século XX.

Metodologia:

a análise está baseada em fontes primárias que ainda não foram suficientemente estudadas e que consistem principalmente em diários de viagens, relatórios e publicações científicas escritos por cientistas, políticos e missionários chilenos e europeus.

Originalidade:

utilizando o exemplo pouco estudado do consumo de álcool na fronteira chilena, a contribuição deste trabalho consiste em demonstrar como os intensos processos de ocupação e colonização -e, em particular, as percepções de diferentes atores sobre as populações indígenas e mestiças- deram como resultado novas formas de estigmatizar as populações denominadas ‘rotos’ e a população indígena, e, em consequência, a consolidação de hierarquias sociais.

Conclusões:

embora o consumo de álcool fosse aceitável para certos povos, como é demonstrado pela simultânea prosperidade da indústria do vinho, era reprovável para os indígenas e para os colonos mestiços. Devido à percepção estigmatizada desses grupos sociais como bêbados, vagabundos e pobres, especialmente no contexto da intensa colonização que provocou um crescimento interesse em terras ocupadas principalmente por indígenas e fronteiriços, o alcoolismo pode ser interpretado como um veículo para dinâmicas específicas de exclusão. As antigas concepções de uma cultura indígena heroica, em longo prazo, levaram os missionários a se esforçar para ‘proteger’ esses grupos do alcoolismo, enquanto os comerciantes usavam as imagens de araucanos heroicos para estabelecer economias extrativas para os mercados nacionais e internacionais. Os documentos analisados revelam que tanto a população indígena quanto os ‘rotos’ foram retratados por intelectuais e missionários como vítimas indefensas e necessitadas de educação moral, o que buscava legitimar o trabalho missionário. Nesse sentido, as percepções, as práticas sociais e a mobilidade do conhecimento sobre o consumo de álcool resultaram ser um campo muito controverso no contexto da colonização e da incorporação da Araucanía ao Estado chileno.

Palavras-chave : alcoolismo na ciência; colonização; consumo de álcool; cultura indígena; fronteira chilena; trabalho missionário; saúde pública..

        · resumo em Inglês | Espanhol     · texto em Inglês     · Inglês ( pdf )