Objetivo/contexto:

Neste artigo, proponho analisar as envolturas sagradas e o conceito de envolver entre os maias, a partir do uso do referencial teórico ontológico presente na Antropologia e na Arqueologia. São apresentados dois exemplos de uma possibilidade dessa abordagem para o estudo dos envoltórios de tecido presentes nos territórios maias e mesoamericanos, sob o conceito de ontologias relacionais e por meio de conceitos e teorias nativas. Com isso, pretende-se definir conceitualmente os envoltórios cerimoniais a partir de noções do próprio pensamento maia.

Metodologia:

Com uma análise de dados etnográficos, reflete-se sobre as noções pixan (almas, essências) e pix (envolver algo) para poder se aproximar do conceito de envoltura que define as envolturas cerimoniais. Assim, os dois casos que exemplificam essas reflexões são a envoltura Martín, padroeiro e protetor de uma comunidade tz’utujil do lago Santiago Atitlán na Guatemala, e a imagem de uma envoltura cerimonial em uma cena de entronização no Tablero del Palacio de Palenque em Chiapas, México.

Conclusões:

Com os exemplos apresentados, propõe-se pensar as envolturas como elementos que protegem e dão materialidade aos pixanes do outro mundo quando estão presentes no mundo ordinário. Dessa maneira, os envoltórios funcionam como um corpo para outra forma de existência, no primeiro caso, e como um elemento de proteção a objetos poderosos que origina um campo relacional entre os artefatos em conjunto, no segundo.

Originalidade:

Espera-se, com esta reflexão inicial, contribuir para a discussão sobre o uso do referencial teórico ontológico no estudo de materiais arqueológicos e etnográficos no território maia, a partir de reflexões acerca de conceitos próprios desses povos.

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