Introdução
O processo de ensino-aprendizagem se modificou no decorrer da história na medida em que se alteravam as necessidades sociais de cada época. O método tradicional, centrado no professor e na transmissão de conhecimentos, prevaleceu por muitos anos ao proporcionar sustentabilidade a uma época de mudanças lentas nas práticas pedagógicas. Porém, a atual conjuntura sociopolítica e cultural traz a necessidade de uma formação profissional condizente com os valores e conhecimentos requeridos para uma boa prática de trabalho 1-4.
A operacionalização dos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de um novo modelo assistencial trouxe consigo a necessidade de uma nova formação em saúde. Essa adequação dos currículos de graduação em saúde iniciou-se a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNS) na década de 1990, com propostas de reorientação das metodologias de ensino em consonância às realidades epidemiológicas atuais 2-4.
Para isso, foi necessária a substituição de currículos estruturados por disciplinas rígidas por aqueles organizados por meio de módulos flexíveis e inter-relacionados. Nesse sentido, iniciativas do governo federal, por meio de parcerias entre o ministério da saúde e o da educação, como o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET Saúde), em consonância com as novas DCNS dos cursos de graduação da área, têm estimulado esse processo com ênfase em reorientar a formação dos profissionais de saúde em todo o Brasil 4-6.
Nesse contexto, o uso de metodologias ativas e inovadoras no ensino-aprendizagem vão ao encontro do que trazem as novas propostas de curricularização. Algumas experiências exitosas de formação em saúde baseada nesses métodos evidenciaram que os estudantes compreenderam melhor a prática, organização e dinâmicas do SUS a partir de sua participação efetiva nas disciplinas ministradas em sala de aula 7,8.
Todavia, quando se trabalha com as diversas metodologias, é preciso ainda se ter em mente que os estudantes apresentam diferentes formas de apreender e compreender o conteúdo repassado. Por isso, as estratégias pedagógicas aplicadas na formação em saúde devem estar de acordo com os estilos de aprendizagem preponderantes entre os acadêmicos, a fim de tornar o processo de aquisição de conhecimentos e habilidades mais efetivos 7-9.
Existem diversas teorias que abordam o conceito de estilos de aprendizagem 8-10, as quais elaboraram modelos explicativos a partir de sua concepção com vistas a categorizar as diferentes formas de compreender, processar e organizar as informações no processo de ensino. A mais conhecida dessas teorias entre os pesquisadores da área se trata da Teoria de Estilo de Aprendizagem de Kolb 10, a qual se refere a um conjunto de características cognitivas, afetivas e psicológicas que são utilizadas como identificadores de percepção, interação e resposta de um estudante a um dado processo educacional.
Com base nessas características, Kolb 10,11 define os estilos de aprendizagem como "divergente" - aquele que possui preferência pela habilidade de observar e processar o conhecimento por meio da reflexão; "assimilador" - este é teórico, a partir da utilização de conceitos para embasar suas observações; "convergente" - integra a teoria e a prática, tendo preferência pela resolução de problemas práticos, e "acomodador" - interessado em fazer coisas, levar planos à frente, realizar e viver novas experiências.
Os chamados "estilos de aprendizagem" estão intimamente ligados às características e preferências de aprendizagem de cada estudante, o que possibilita uma descrição de habilidades que podem direcionar a atuação do professor durante o processo de ensino. Além disso, são capazes de avaliar suas aptidões e a existência de potencialidades e fragilidades associadas a cada perfil 11.
Dessa forma, justifica-se o presente estudo pela necessidade de se conhecer os estilos de aprendizagem predominantes entre os estudantes de Enfermagem, como forma de contribuir para potencializar o processo educativo em sala de aula, o que refletirá consequentemente na futura prática profissional. Além disso, o tema torna-se relevante por discutir a formação, por meio de um processo que vem sendo realizado a partir das mudanças nas DCNS dos cursos de Enfermagem de todo o país.
Assim, esta pesquisa tem como objetivo apresentar o perfil sociodemográfico e analisar os estilos de aprendizagem de acadêmicos do curso de Enfermagem de uma universidade no Nordeste brasileiro.
Materiais e método
Trata-se de um estudo de caso, com abordagem quantitativa. Esse tipo de estudo apresenta-se como uma investigação empírica que busca estudar um caso, investigando-o em sua totalidade de forma particular e levando em consideração o contexto social no qual está inserido 12.
O estudo foi realizado de agosto a dezembro de 2019 e teve como participantes os estudantes do curso de graduação em Enfermagem de uma universidade da região Nordeste do Brasil. Foram delimitados os seguintes critérios de inclusão: ser estudante do curso de Enfermagem e estar matriculados entre o 1° e o 7° períodos. Foram excluídos os estudantes que não estavam presentes em sala de aula no momento da coleta.
O curso contava com 223 alunos com matrículas ativas do 1° ao 7° períodos, tendo-se conseguido alcançar 183 destes (82% do total) que aceitaram participar voluntariamente da pesquisa. A representação da amostra por período, a partir da amostragem aleatória simples, está apresentada na Tabela 1.
Período | Matrículas ativas | Amostra populacional | Percentual |
---|---|---|---|
1 | 38 | 22 | 57,8% |
2 | 37 | 34 | 91,8% |
3 | 28 | 25 | 89,2% |
4 | 28 | 25 | 89,2% |
5 | 29 | 19 | 65,5% |
6 | 32 | 27 | 84,3% |
7 | 31 | 31 | 100% |
Total | 223 | 183 | 82% |
Fonte: dados da pesquisa.
Utilizou-se como instrumentos para a coleta de dados, um questionário sociodemográfico e o Inventário de Estilos de Aprendizagem de Kolb 10. A partir de 12 questões respondidas, o teste permite identificar com base nas dimensões de aprendizagem quatro estilos distintos: divergente, assimilador, convergente e acomodador.
Esse instrumento possibilita aos indivíduos aumentar sua compreensão de si mesmo e do seu processo de aprendizagem, além de proporcionar aos docentes universitários uma ferramenta de pesquisa e trabalho baseada na Teoria da Aprendizagem Experiencial. O inventário é conformado por 12 tópicos, cada um composto de quatro assertivas com itens de 1 a 4, seguindo a lógica de que 1 representa a característica com a qual o respondente menos se identifica e 4, a opção que mais o representa 11,13.
Segundo Kolb 10,11, o processo de aprendizagem é mapeado sobre dois eixos: o "fazer as coisas" ou processamento e o "pensar sobre as coisas" ou percepção. Nas extremidades desses eixos, existem dois modos distintos que compõem uma espécie de diagrama: no eixo do processamento, tem-se a "experimentação ativa" de um lado e a "observação reflexiva" no oposto; já no eixo da percepção, tem-se a "experimentação concreta" e a "conceitualização abstrata". Para mapear o estilo de aprendizagem, define-se um ponto sobre cada um dos eixos a partir da tendência de aproximação ou distanciamento com relação aos modos.
Dependendo do quadrante que a intersecção dos dois pontos se encontra, determina-se um dos quatro estilos de aprendizagem da seguinte forma: assimilador - quando houver proximidade com os modos de "observação reflexiva" e "conceitualização abstrata"; divergente - se a predominância estiver em "observação reflexiva" e "experimentação concreta"; convergente - quando "experimentação ativa" e "conceitualização abstrata" estiverem próximas; acomodador - se o diagrama mostrar aproximação nos modos "experimentação ativa" e "experimentação concreta" 10,11,13. A partir das respostas dadas a cada uma das assertivas, o inventário disponível on-line realiza a sobreposição dos eixos e os modos no diagrama, e define o estilo de aprendizagem predominante no respondente.
Para realizar a coleta, foi realizada a comunicação prévia com os professores sobre a aplicação dos instrumentos durante as aulas. Nesse momento, foi explanado brevemente sobre o que se tratava a pesquisa, bem como seus objetivos e importância para a formação acadêmica.
A partir do Inventário de Estilos de Aprendizagem de Kolb 10, foram analisadas as informações por meio do software gratuito do próprio questionário. As frequências de cada um dos quatro perfis de aprendizagem foram registradas e estratificadas de acordo com os semestres analisados, conforme se pode verificar na Tabela 2.
Período | Convergente | Divergente | Acomodador | Assimilador | Amostra |
---|---|---|---|---|---|
1 | 7 (31,82%) | 2 (9,09%) | 5 (22,73%) | 8 (36,36%) | 22 |
2 | 11 (32,35%) | 2 (5,89%) | 4 (11,76%) | 17 (50,00%) | 34 |
3 | 10 (40,00%) | 3 (12,00%) | 2 (8,00%) | 10 (40,00%) | 25 |
4 | 10 (40,00%) | 7 (28,00%) | 1 (4,00%) | 7 (28,00%) | 25 |
5 | 5 (26,31%) | 3 (15,79%) | 8 (42,11%) | 3 (15,79%) | 19 |
6 | 13 (48,15%) | 5 (18,52%) | 1 (3,70%) | 8 (29,63%) | 27 |
7 | 11 (35,49%) | 7 (22,58%) | 6 (19,35%) | 7 (22,58%) | 31 |
Total | 67 | 29 | 27 | 60 | 183 |
(%) | 36,61% | 15,85% | 14,75% | 32,79% |
Fonte: dados da pesquisa.
Os dados obtidos foram tabulados e analisados com o auxílio do Microsoft Excel 2013 para a melhor organização e sistematização dos dados. Foi utilizada a estatística descritiva simples e posterior discussão com a literatura científica.
A pesquisa foi realizada de acordo com a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, com vistas a obedecer aos princípios da bioética: autonomia, beneficência, não maleficência e justiça 14. Foi aplicado o termo de consentimento livre esclarecido (TCLE) aos estudantes que estavam presentes e aceitaram participar da pesquisa. Para os menores de 18 anos, foi incluído ainda um TCLE para os pais ou responsáveis, além de um termo de assentimento para a assinatura dos jovens.
O estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual Vale do Acaraú, Brasil, com Certificado de Apresentação de Apreciação Ética 04517518.0.0000.5053, e a coleta iniciada após a emissão de parecer favorável com número 3.095.530.
Resultados
Traçando-se um perfil de maior prevalência na amostra, com relação à faixa etária, 59,56% dos estudantes se encontravam entre 19 e 21 anos. Quanto ao gênero, 75,96% corresponderam ao gênero feminino e, ao estado civil, 97,81% afirmaram ser solteiros. Quando perguntados sobre a renda familiar, 77,60% disseram que a família vive com até três salários-mínimos e, sobre o item "motivações para o curso de Enfermagem", 67,76% disseram que está relacionada à realização pessoal (Tabela 3).
No que se refere ao envolvimento em atividades extracurriculares, 58,47% disseram que participam de ações de pesquisa, ensino e/ou extensão dentro da universidade. Além disso, a grande maioria dos acadêmicos, 84,15%, não recebe nenhum tipo de bolsa ou incentivo financeiro. Ademais, 62,84% dos acadêmicos não cursaram nenhuma graduação prévia ou curso técnico. Já no tocante a vínculos empregatícios, 95,63% afirmaram não possuir (Tabela 3).
Os resultados obtidos, a partir do Inventário de Estilos de Aprendizagem de Kolb, evidenciaram o perfil convergente (36,61%) como o mais prevalente na amostra, sendo predominante também no 4°, 6° e 7° períodos. Já o perfil assimilador (32,79%), segundo mais presente entre os estudantes analisados, apresenta maioria no 1° e 2° períodos. O 3° período apresenta o mesmo percentual (40%) dos perfis convergente e assimilador. Por fim, o 5° período diverge dos demais por apresentar maioria do perfil acomodador (42,11% [Tabela 3]).
A partir dos estudos de Schmitt e Domingues 15, adaptou-se o Quadro 1 a seguir com o consolidado dos perfis de aprendizagem predominantes do 1° ao 7° períodos e sugestões de metodologias de ensino mais adequadas a cada estilo, com atenção às suas características.
Discussão
Referente aos dados sociodemográficos, observa-se uma tendência maior do gênero feminino na graduação em Enfermagem. Números semelhantes foram encontrados em estudo prévio 16 em que realizaram a aplicação do Inventário de Estilos de Aprendizagem de Jan Vermunt, em estudantes de nível superior na Argentina, dos quais 66% foram mulheres.
Quando feita a análise da renda, prioritariamente de até três salários-mínimos, aliada ao fato da maioria afirmar não receber nenhum tipo de incentivo financeiro e não ter vínculos de trabalho, percebe-se a necessidade de estratégias de assistência estudantil e apoio financeiro aos discentes de baixa renda. Diante disso, o fomento a bolsas de estudo/extensão, de monitoria acadêmica ou iniciação científica pode ser ainda interpretado como mais uma alternativa para a aprendizagem do estudante, uma vez que este tem a oportunidade de aliar teoria e prática, estabelecer vínculo com profissionais e auxiliar no exercício da sua autonomia 15-17.
Ademais, o fato de a maioria dos estudantes não ter cursado outra graduação ou curso técnico anterior chama a atenção para um trabalho minucioso do docente como o uso de metodologias de ensino que despertem o interesse e a participação discente em sala de aula e tornem o ambiente propício ao desenvolvimento da aprendizagem 16,19. Para tal, um importante aliado ao professor na escolha dessas estratégias pedagógicas trata-se do diagnóstico dos estilos de aprendizagem predominantes entre os acadêmicos.
Com base nos dados sobre estilos de aprendizagem de Kolb 10, verificou-se que houve destacada prevalência geral dos estilos "convergente" (37%) e "assimilador" (33%). Isso sugere a presença de acadêmicos com preferências ligadas à definição de conceitos e padrões no momento de aprender, o que o autor nomeia de "conceitualização abstrata".
Aliado a isso, os de perfil convergente têm tendências à experimentação ativa do conteúdo, enquanto os de perfil assimilador preferem a observação reflexiva para uma melhor apreensão do tema. Munidos dessas informações, docentes e coordenadores dos cursos de graduação podem alinhar as estratégias pedagógicas alinhadas a essas dimensões mais prevalentes 13,18.
A maior presença de indivíduos do estilo assimilador nos semestres iniciais vai de encontro ao fato de que os módulos ofertados nesses períodos, no referido curso, apresentam predominância de conteúdos teóricos com menos momentos práticos com relação aos demais. Já o fato de os semestres mais avançados mostrarem maior quantidade de indivíduos convergentes relaciona-se ao fato de se ter, nesses períodos, o predomínio de módulos mais práticos, em que o estudante desenvolve uma carga horária determinada de vivências práticas em serviços de saúde 11,13,15,20.
Juntos, convergentes e assimiladores, correspondem a 70% do total dos estudantes analisados e, embora ambos os perfis apresentem tendências a conceituar as ideias, eles se diferem pelo modo como interagem com os temas apresentados pelos professores 15. Enquanto os assimiladores preferem refletir sobre a matéria, os convergentes tendem a agir e experimentar. Por esse motivo, diversos autores 19,20 chamam a atenção para que esses acadêmicos sejam bem orientados na tomada de decisões, no intuito de não as tomar de forma equivocada por sua rapidez de pensamento.
O fato novo proveniente da análise dos perfis de aprendizagem está na presença do predomínio do estilo acomodador no 5° período da graduação. Esse perfil de estudante tem a aprendizagem baseada em experimentação ativa e experiência concreta, ou seja, tem boa aptidão para realizar tarefas práticas do cotidiano, tendo características mais emotivas e intuitivas do que racionais 11.
Os divergentes, minoria entre os períodos analisados, 16%, destacam-se por suas habilidades em contemplar as situações de diversos pontos de vista. Esse estilo de estudante tem preferências pela experiência concreta e observação reflexiva, tornando-os habilidosos para a organização de serviços e atividades artísticas 11. Além disso, os estudos de Long e Gummelt 19 trazem que a ausência de um perfil divergente pode acarretar ao indivíduo dificuldades para o gerenciamento de conflitos e o aproveitamento de oportunidades.
O baixo número de indivíduos divergentes encontrados demonstra a necessidade de uma mudança no perfil profissional do enfermeiro ante as necessidades do mercado de trabalho atual. São os divergentes que mais realizam a ação de refletir a partir da ação prática, exercendo o senso crítico perante o seu fazer laboral. Eles são fartos de ideias e soluções exatamente porque reconhecem os problemas e enxergam neles oportunidades de melhorias e avanços 15,19,20.
Em estudo semelhante 21, analisaram as relações entre os estilos de aprendizagem de estudantes de Enfermagem e o grau de satisfação ante metodologias clínicas simuladas por meio do Index of Learnig Styles. Nesse caso, os perfis predominantes encontrados são semelhantes ao perfil convergente de Kolb 10, representando estudantes com preferências por métodos bem-estabelecidos com uma sequência linear e lógica de etapas.
O conhecimento a respeito dos diferentes estilos de aprendizagem possibilita a construção de novas ferramentas que facilitem o trabalho do docente em lidar com as características individuais e as preferências na forma de receber e processar os conteúdos. Da mesma forma, o estudante que reconhece suas preferências de aprendizagem é capaz de se colocar em um contexto apropriado para potencializar seus estudos, a fim de que esse conhecimento adquirido tenha significado relevante e compreensível 21,22.
A formação dos profissionais de Enfermagem deve ter como foco um processo transdisciplinar, que seja interativo e experiencial nas diversas áreas de atuação. Para que isso seja possível, a matriz curricular deve ser capaz de interagir teoria e prática, a fim de favorecer o desenvolvimento de competências estratégicas, de aspectos cognitivos e socioemocionais do estudante 23-25.
Os métodos que o professor utiliza em sala de aula podem estar alinhados às preferências de aprendizagem dos acadêmicos com vistas ao maior aproveitamento educacional. As estratégias e recursos são diversos, cabe ao docente o conhecimento do perfil da turma como avaliação diagnóstica, para a adequação do seu processo de ensino. Ter em mãos tal informação é capaz de potencializar o trabalho pedagógico e criar "atalhos" para o melhor aproveitamento dos conteúdos lecionados 18,22.
Ao conhecer o perfil da turma, o docente poderá preparar suas aulas com bases nos gostos e preferências de aprendizado mais predominantes, o que torna mais fácil a receptividade das estratégias e métodos utilizados por parte dos estudantes. Feito isso, tem-se a possibilidade da construção compartilhada desses momentos, com uma escuta inicial da turma, sobre que tipo de abordagem metodológica é vista como mais adequada aos conteúdos que serão abordados nas aulas 19,23-25.
Se as possibilidades levantadas a partir da pesquisa foram diversas, os desafios são ainda maiores, visto que ainda é incipiente a produção científica a respeito do tema e há escassa reprodução dos métodos de ensino mais adequados ao novo perfil profissional em saúde que se busca formar nas universidades 26,27. Em associação, os achados de um estudo anterior 26 colaboram com a necessidade de repensar propostas pedagógicas na formação em saúde a partir do conhecimento dos perfis de aprendizagem. O exercício de reformular os currículos e metodologias de ensino traz consigo a oportunidade de repensar também a própria Enfermagem. Mapear os estilos de aprendizagem com ênfase para uma melhor satisfação e desempenho do estudante ante as estratégias pedagógicas utilizadas tem implicações diretas na qualidade da formação e na escolha do perfil ideal de enfermeiros que serão o futuro da classe para agirem em prol de avanços no tocante à conscientização da importância da profissão para o sistema de saúde 27.
O presente estudo apresenta limitações por não ser capaz de generalizar os estilos de aprendizagem, a partir de uma amostra mais significativa de estudantes, por tal fato tratou-se de um estudo de caso único. Houve ainda a impossibilidade da realização de cruzamentos para a análise dos dados do Inventário de Estilos de Aprendizagem a partir do questionário sociodemográfico.
Diante disso, sugere-se que novos estudos sejam realizados no sentido de compreender as implicações dos estilos de aprendizagem na formação em saúde e como preparar os novos currículos a partir de princípios e metodologias baseadas em perfis de aprendizagem. Em consonância a isso, acredita-se que a divulgação de experiências exitosas nesse tipo de abordagem poderá demonstrar novas rotas que orientem uma matriz curricular personalizada capaz de realizar o correto diagnóstico das preferências acadêmicas.
Conclusões
Diante dos dados apresentados, os estudantes do curso de Enfermagem analisado apresentaram um predomínio geral dos estilos de aprendizagem de perfil assimilador e convergente. Houve maior predominância do primeiro nos semestres iniciais do curso e do perfil convergente nas turmas há mais tempo na graduação.
O modelo pedagógico de currículo trabalhado nessa graduação vai ao encontro dos perfis de aprendizagem encontrados. Houve predominância de metodologias teóricas e expositivas nos períodos de estilo assimilador e nos semestres de perfil convergente, observou-se uma maior quantidade de vivências práticas e atividades de extensão.
Entende-se que o presente estudo pode servir como importante ferramenta para coordenadores e docentes de cursos de Enfermagem, uma vez que evidencia a importância de uma avaliação diagnóstica dos estilos de aprendizagem para a escolha das metodologias de ensino mais adequadas. Dessa forma, abre-se espaço para a utilização de métodos inovadores que corroborem com o desenvolvimento de competências estabelecidas nos projetos pedagógicos dos cursos e estimulem o acadêmico a refletir sobre a melhora da prática de Enfermagem nos ambientes de saúde.