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Cuadernos de Geografía: Revista Colombiana de Geografía
versão impressa ISSN 0121-215Xversão On-line ISSN 2256-5442
Resumo
ORDUZ ROJAS, Claudia Marcela e BARROS PEREIRA, Doralice. O rompimento da barragem de Fundão e a ascensão do capitalismo de desastre no Brasil. Cuad. Geogr. Rev. Colomb. Geogr. [online]. 2023, vol.32, n.1, pp.19-34. Epub 29-Fev-2024. ISSN 0121-215X. https://doi.org/10.15446/rcdg.v32n1.94479.
O 5 de novembro de 2015, a barragem de rejeitos minerais de Fundão, de propriedade da Samarco (Vale SA/ BHP Billiton), rompeu-se, deixando dezenove mortos, milhares de atingidos e um rastro de destruição ao longo da Bacia do Rio Doce. Este artigo visa compreender a relação entre o rompimento da barragem e a ascensão do capitalismo de desastre no Brasil. As informações foram coletadas em fontes primárias e secundárias e em trabalhos de campo. Conclui-se que o rompimento do reservatório possibilitou a realização do primeiro experimento de grande monta do capitalismo de desastre no Brasil que se efetivou a partir de três terapias de choque. A primeira foi o próprio rompimento da barragem, que apesar de ser evitável, aconteceu de maneira abrupta e violenta. A segunda terapia foi um ambicioso programa econômico neoliberal, antidemocrático e impopular, adotado para reparar e compensar os danos ocasionados. Não sendo suficiente, os atingidos foram ainda submetidos a diversos mecanismos e técnicas de tortura coletiva que contribuíram para reduzir o gasto social, neutralizar a resistência ao tratamento econômico e consolidar a ascensão do capitalismo de desastre no Brasil. Em suma, os três choques permitiram o desenho de uma nova "normalidade" - mais doentia, brutal e perversa -, benéfica apenas para uma pequena elite empresarial global.
Ideias destacadas:
artigo de pesquisa que analisa, desde uma perspectiva crítica, as imbricações entre crises ambientais e novos nichos de mercado indispensáveis para consolidar o capitalismo de desastre e outorgar um novo fôlego ao capital.
Palavras-chave : barragem; Brasil; capitalismo; crises ecológicas; desastre; economia de mercado; ferro; mineração.