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Escritos

versão impressa ISSN 0120-1263

Resumo

VILLEGAS RESTREPO, Juan E. INRI: CANÇÃO ECO-PO-ÉTICA PARA UM CHILE ZURITANO. Escritos - Fac. Filos. Let. Univ. Pontif. Bolivar. [online]. 2014, vol.22, n.48, pp.169-188. ISSN 0120-1263.

Graças à inestimável contribuição de Foucault, sabemos hoje que a transição do ato de tortura de um espaço público e aberto a um espaço fechado e secreto trouxe consigo uma série de repercussões filosóficas, políticas e físicas de grande complexidade. Não obstante, vale a pena denotar que, dentro do contexto das ditaduras militares do Cone Sul, o ato da tortura - ainda que fiel à sua natureza fechada, inacessível e secreta - evidenciou em certos casos uma regressão atávica a espaços que, apesar de não serem públicos, sim eram abertos: os registros dos homens e mulheres que, depois de serem sedados, golpeados e brutalmente cegados, foram lançados ao mar; as montanhas, os vulcões e o deserto chileno assim o confirmam. Devido a isto, os traços físicos da geografia chilena terminam sendo constituídos pelos corpos anônimos de todas estas pessoas. Por isso, em seu afã por reconstruir tanto o corpo da nação chilena, como os corpos dos torturados, com seu INRI (2004) Raúl Zurita apela a uma inversão filosófica e física da geografia chilena. Se bem é certo que tal inversão cosmogônica confirma que a redenção está negada para estas almas, a expansão astuta do recurso da metalepse, como concatenação metonímica que de si mesma já o é, permite que estes corpos, antes fustigados, concebidos sempre como alheios ao país, ironicamente terminem por configurar a própria fisionomia de um Chile zuritano, no qual os termos "democracia" e "morte" implicam em estar ligados de maneira indissolúvel.

Palavras-chave : Chile; Tortura; Ditadura militar; INRI; Raúl Zurita.

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