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Revista Colombiana de Sociología
versão impressa ISSN 0120-159X
Resumo
MONTANA MESTIZO, Enver Vladimir. Negros etíopes, negros americanos, negros selvagens. Ideias de "liberdade" e representação de "negros". Rev. colomb. soc. [online]. 2021, vol.44, n.2, pp.143-167. Epub 06-Abr-2022. ISSN 0120-159X. https://doi.org/10.15446/rcs.v44n2.87904.
O texto procura demonstrar que a comutação e a diversidade das ideias de liberdade permitem ver e contrastar a mudança histórica na representação social das pessoas referidas como "negras". Em primeiro lugar, analisa-se a diferenciação que existiu nos séculos xv e xvi entre as vozes negras e etíopes, que não eram sinônimos, e cuja diferenciação e mudança histórica nos convida olhar de perto para as imagens sociais da Idade de Ouro espanhola, e estabelecer contrastes com o barroco americano. Segue-se uma análise das representações construídas ao longo do século XVIII, ilustradas e românticas, que injetaram o fator "paixões" e a ausência/presença de "espírito" nas ideias de humanização/desumanização dos "negros"; a existência de pessoas com paixões desbordadas e pobreza espiritual levaria à emergência de novos fatores de legitimidade para exercer governo, controlo e escravização. A seguir, sugere-se que o desenvolvimento da história natural, da zoologia, da anatomia e das fisiologias humana e animal, convergiram com o trânsito pós-colonial, levando à construção de uma imagem do "negro" cada vez mais relacionada com a alforria, mas também à representação de um negro neo-selvagem, e ao papel que esse mesmo exabrupto teria nas guerras coloniais na América e na própria libertação das novas nações. A libertação política é inseparável da libertação corporal, espiritual e apaixonada, e desta forma o governo autónomo do corpo e do espírito afetou a construção de um projeto nacional que tendia a ver um corpo exuberante, animalesco, e neo-selvagem (negro). Através deste panorama histórico de longo prazo, quer-se mostrar que a imagem do "negro" tem sido um cenário de lutas de representação em que novos significados, usos e funções do "negro" eram constantemente libertados e cativados, e que, por sua vez, geravam (agora também?), novas ideias de como libertar e cativar aquele outro "negro" cuja liberdade tem sido historicamente questionada desde pontos de vista diversos, hegemônicos e contraditórios.
Descritores: afro-americanos, afrodescendentes, história cultural, representações sociais.
Palavras-chave : etíope; liberdade; libertinagem; lutas de representação; negro; representação; selvagem.