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Antipoda. Revista de Antropología y Arqueología
versão impressa ISSN 1900-5407
Resumo
GARCIA-SANTESMASES FERNANDEZ, Andrea. Evocando desejos e revirando mal-estares: a im-pertinência das emoções no meu trabalho etnográfico. Antipod. Rev. Antropol. Arqueol. [online]. 2019, n.35, pp.69-89. ISSN 1900-5407. https://doi.org/10.7440/antipoda35.2019.04.
Objetivo/contexto:
Meu trabalho etnográfico tem girado ao redor do corpo e do desejo, suas articulações e suas reapropriações em pessoas expulsadas de suas representações habituais. Neste sentido, minha reflexão acadêmica centrou-se em abordar e analisar o corpo e o desejo de os outros, velando o meu próprio. No entanto, há décadas a epistemologia feminista critica a ciência que pretende se apresentar como objetiva e neutra, e nos interpela a produzir um conhecimento situado, a enfrentar a reflexividade e, em palavras de Haraway (1988), explicitar as objetividades encarnadas.
Metodologia:
Neste artigo, aplico a proposta metodológica da antropologia encarnada (Esteban 2004b) que me permite propor três áreas de reflexão ao redor da etnografia, a partir de duas passagens etnográficos nas que minhas emoções tiveram um papel fundamental: a construção do campo de pesquisa, as relações (de poder) estabelecidas e o gerenciamento da ética, a intimidade e o conflito.
Conclusões:
O impacto emocional do que foi vivido e dos vínculos estabelecidos não podem ser obviados. Precisamente o querer velá-lo, o apresentar trabalhos acadêmicos rigorosamente descorporeizados, pode gerar infiltrações inconscientes e incontroláveis. Pelo contrário, apresentar trabalhos honestos e valentes, nos que abordemos a influência das emoções no campo, pode constituir uma via de humanização da figura do experiente e de construção de horizontalidade e reciprocidade na relação com nossos interlocutores, esses nativos tecnologizados.
Originalidade:
A análise do papel das emoções no campo da pesquisa permite não só constatar a subjetividade inerente a toda produção epistemológica, mas também problematizar que tipo de vinculações geramos nas etnografias contemporâneas nas que os “nativos” são nossos vizinhos com smartphone e 4G: leitores instantâneos de nossas análises, cúmplices de nossos desejos, testemunhas de nossas faltas.
Palavras-chave : antropologia feminista; corpo; emoções; etnografia; reflexividade.