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Investigación y Educación en Enfermería

Print version ISSN 0120-5307

Invest. educ. enferm vol.32 no.3 Medellín Sept./Dec. 2014

 

ARTÍCULO ORIGINAL / ORIGINAL ARTICLE/ ARTIGO ORIGINAL

 

Qualidade de vida de idosos. Comparação entre as áreas urbana e rural

 

Quality of life of elderly. Comparison between urban and rural areas

 

Calidad de vida de los ancianos. Comparación entre las áreas urbana y rural

 

 

Darlene Mara dos Santos Tavares1; Alisson Fernandes Bolina2; Flavia Aparecida Dias3; Pollyana Cristina dos Santos Ferreira4; Vanderlei José Haas5

 

1Enfermeira, Doutora. Professora Universidade Federal Triângulo Mineiro -;UFTM-, Brasil. email: darlenetavares@enfermagem.uftm.edu.br.

2Enfermeiro, Doutorando. UFTM, Brasil. email: alissonbolina@yahoo.com.br.

3Enfermeira, Mestre. Professora UFTM, Brasil. email: flaviadias@yahoo.com.br.

4Enfermeira, Mestre. Professora UFTM, Brasil. email: pollycris21@bol.com.br.

5Físico, Doutor. Professor UFTM, Brasil. email: vjhaas@uol.com.br.

 

Fecha de Recibido: Agosto 12, 2013. Fecha de Aprobado: Junio 3, 2014.

 

Artículo vinculado a investigación: ninguna.

Subvenciones: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico (CNPq).

Conflicto de intereses: ninguno.

Cómo citar este artículo: Tavares DMS, Bolina AF, Dias FA, Ferreira PCS, Haas VJ. Qualidade de vida de idosos. Comparação entre as áreas urbana e rural. Invest Educ Enferm. 2014; 32(3): 401-413.

 


RESUMO

Objetivo. Comparar as pontuações de dois instrumentos que avaliam a qualidade de vida em anciãos das áreas urbana e rural. Metodologia. Estudo de corte transversal no que participaram 2 142 anciãos de zona urbana e outros 850 de zona rural do município de Uberaba (Mato Grosso, Brasil). Foram utilizados os instrumentos: Olders Americans Resoucers and Services, World Health Organization Quality of Life -; BREF (WHOQOL-BREF) e World Health Organization Quality of Life Assessment for Older Adults (WHOQOL-OLD). Resultados. Encontrou-se que predominaram as mulheres na área urbana e os homens na rural. Foi comum nas duas áreas: a idade de 60-70 anos, o estado civil casado, a escolaridade de 4 a 8 anos de estudo e a renda individual mensal de um salário mínimo. Os anciãos residiam na área urbana com seus filhos e na rural o faziam com o cônjuge. Na avaliação da qualidade de vida, os anciãos da área rural apresentaram pontuações significativamente superiores às da área urbana nos domínios físico, psicológico e de relações sociais no WHOQOL-BREF; e em autonomia, atividades passadas, presentes e futuras, participação social e intimidade do WHOQOL-OLD. Para este último instrumento os domínios funcionamento dos sentidos e de morte e morrer os anciãos da área urbana tiveram maiores pontuações do que os da área rural. Conclusão. Os anciãos da área urbana apresentaram uma maior afetação da qualidade de vida do que os residentes na área rural. Os enfermeiros que laboram em atendimento primário devem direcionar as estratégias de saúde de acordo com as especificidades das áreas urbana e rural.

Palavras chave: qualidade de vida; saúde do idoso; saúde da população rural; saúde da população urbana. 


ABSTRACT

Objective. Comparing the scores of quality of life according to place of residence (urban and rural areas). Methods. A cross-sectional study involving 2142 elderly in urban area and other 850 in rural area of the municipality of Uberaba (Minas Gerais, Brazil). Instruments used: Olders Americans Resources and Services, World Health Organization Quality of Life - BREF (WHOQOL-BREF) and World Health Organization Quality of Life Assessment for Older Adults (WHOQOL-OLD). Results. We found that in urban area predominated women and men in rural areas. It was common in two areas: 60–70 years old, married marital status, schooling of 4 to 8 years of study and the income of a minimum wage. The elderly residing in the urban area with their children and in rural areas did so with the spouse. In the evaluation of the quality of life, rural elders presented scores significantly higher than the urban area in the domains of physical, psychological, and social relations in the WHOQOL-BREF; and in the facets of autonomy, past, present and future activities, social participation and intimacy of the WHOQOL-OLD. For the latter instrument facets sensory ability and of death and dying the elderly's urban area had higher scores than the rural area. Conclusion. The elders of the urban area showed a greater involvement of the quality of life than the residents in the rural area. Nurses who work in primary care should address health strategies according to the specific needs of the urban and rural areas.

Key words: quality of life; health of the elderly; rural health; urban health. 


RESUMEN

Objetivo. Comparar los puntajes de dos instrumentos que evalúan la calidad de vida en ancianos de las áreas urbana y rural. Metodología. Estudio de corte transversal en el que participaron 2 142 ancianos de zona urbana y otros 850 de zona rural del municipio de Uberaba (Mato Grosso, Brasil).  Se utilizaron los instrumentos: Olders Americans Resoucers and Services, World Health Organization Quality of Life -; BREF (WHOQOL-BREF) y World Health Organization Quality of Life Assessment for Older Adults (WHOQOL-OLD). Resultados. Se presentó un predominio de  mujeres en el área urbana y de  hombres en la rural. Fue común en las dos áreas: el estado civil casado, la escolaridad de 4 a 8 años,  y la renta individual mensual de un salario mínimo. En el área urbana, los ancianos residían  con sus hijos, y en la rural  con el cónyuge. En la evaluación de la calidad de vida, los ancianos de esta última presentaron puntajes significativamente superiores a los del área urbana en los dominios físico, psicológico y de relaciones sociales en el WHOQOL-BREF; y en autonomía, actividades pasadas, presentes y futuras, participación social e intimidad del WHOQOL-OLD. Para este último instrumento, los ancianos del área urbana tuvieron mayores puntajes que los del área rural en los dominios funcionamiento de los sentidos y de muerte y morir. Conclusión. Los ancianos del área urbana presentaron una mayor afectación de la calidad de vida que los residentes en el área rural. Los enfermeros que laboran en atención primaria deben direccionar las estrategias de salud de acuerdo con las especificidades de las áreas urbana y rural.

Palabras clave: calidad de vida; salud del anciano; salud rural; salud urbana. 


 

INTRODUÇÃO

O envelhecimento é um processo individual que acontece de maneira peculiar a cada indivíduo. Isso ocorre devido aos diferentes fatores que influenciam nesse aspecto ao decorrer da vida como fisiológico, social, psicológico, econômico, ambiental e cultural; podendo também interferir na qualidade de vida.1 A qualidade de vida tem sido conceituada sob diversas abordagens, sendo tema de estudos importantes no campo da saúde. Para a Organização Mundial de Saúde, a qualidade de vida é considerada por meio da subjetividade, multidimensionalidade e elementos positivos e negativos. É definida como a ''percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações''.2

A literatura científica tem evidenciado que fatores ambientais, características socioeconômicas e demográficas, estilo de vida, dentre outros, podem interferir na qualidade de vida dos idosos.3 Diante desses achados, é possível que os idosos apresentem diferenças relacionadas a qualidade de vida de acordo com o local de moradia; entretanto, a influência do ambiente urbano ou rural nesse aspecto ainda não está bem esclarecida na comunidade científica.4Dessa maneira, questiona-se: qual a relação entre o local de moradia e a qualidade de vida dos idosos?

Inquérito realizado em Concórdia-SC observou que nos domínios sociais e de saúde os homens idosos da zona rural obtiveram resultados mais satisfatórios comparados àqueles residentes no meio urbano.5 Outra investigação desenvolvida na Índia verificou que os idosos residentes na comunidade urbana apresentaram escores significativamente inferiores nos domínios físico e psicológico em relação aos idosos rurais. Já nos domínios relações sociais e ambiental aqueles residentes na zona rural obtiveram média significativamente menor comparados aos da zona urbana. Este resultado foi justificado devido às diferenças entre as localidades em relação às características sociodemográficas, estilo de vida, recursos financeiros dentre outros.3

Diferentemente da presente investigação, esses estudos não realizaram controle para as potenciais variáveis de confusão.3,5 Nesse sentido, considerando que os fatores sociodemográficos podem interferir na qualidade de vida,5 faz-se necessário estudos que visem compreender esse aspecto nas diferentes localidades. Reforçando essa necessidade, sabe-se que 16.5% da população idosa ainda reside nas áreas rurais;6 porém, de fato, a literatura cientifica brasileira é restrita de publicações nesse meio.7 Sendo assim, acredita-se que pesquisas sobre a temática contribui para a construção do conhecimento acerca dos aspectos da qualidade de vida dos idosos que necessitam de intervenções de saúde nos diferentes contextos. Esse conhecimento poderá fornecer subsídios para que os profissionais de enfermagem, na atenção primária, direcionem as estratégias de saúde de acordo com as especificidades das áreas urbana e rural. Nessa perspectiva, este estudo teve como objetivos: descrever as características dos idosos residentes nas zonas urbana e rural segundo variáveis socioeconômicas e demográficas; e comparar os escores de qualidade de vida segundo o local de moradia, ajustados para as variáveis sexo e idade.

 

METODOLOGIA

Esta pesquisa faz parte de dois estudos do tipo inquérito domiciliar, transversal e observacional, realizados nas zonas urbana, em 2008, e rural em 2011, do município de Uberaba-MG pelo Grupo de Pesquisa em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Na área urbana foi utilizada a amostra populacional selecionada em pesquisas anteriores sendo calculada considerando 95% de confiança, 80% de poder do teste, margem de erro de 4.0% para as estimativas intervalares e uma proporção estimada de a=0.5 para as proporções de interesse. Os critérios de inclusão foram: ter 60 anos ou mais de idade; morar na zona urbana do município de Uberaba-MG; concordar em participar da pesquisa e não apresentar declínio cognitivo. Partindo-se de uma amostra populacional de 2.683 idosos, foram excluídos 541 idosos, dos quais, 201 não foram encontrados após três visitas, 174 recusaram, 142 foram a óbito e 25 estavam hospitalizados. Assim, a amostra populacional foi de 2 142 idosos.

Para compor a população da zona rural, obteve-se em junho de 2010, uma listagem dos idosos cadastrados pelas Equipes de Saúde da Família (ESF), a qual está distribuída em três Distritos Sanitários e que oferecem 100% de cobertura. Totalizaram em 1 297 idosos; sendo os critérios de inclusão: ter 60 anos ou mais de idade; morar na zona rural do referido município; concordar em participar da pesquisa e não apresentar declínio cognitivo. Do total de idosos, foram excluídos 447; sendo que 117 tinham mudado de endereço, 105 apresentaram declínio cognitivo, 75 recusaram participar, 57 não foram encontrados após três tentativas do entrevistador, 11 tinham ido a óbito, três encontravam-se hospitalizados e 79 devido a outros motivos, como residir na cidade. Dessa forma, ao final participaram 850 idosos.

A coleta de dados foi realizada no domicílio do idoso, por entrevistadores devidamente treinados, e que contaram na zona rural com a colaboração dos Agentes Comunitários de Saúde para a localização da residência. Reuniões sistemáticas foram realizadas com os supervisores de campo e pesquisadores. Antecedendo o início da entrevista foi realizada a avaliação cognitiva por meio do instrumento Mini Exame de Estado Mental (MEEM). Para os idosos da zona urbana utilizou-se a versão reduzida validada por pesquisadores do Projeto SABE,8 e para os idosos da zona rural, instrumento traduzido e validado no Brasil.9 Ambos os instrumentos consideram o nível de escolaridade do entrevistado para estabelecer o ponto de corte. Essa mudança no instrumento se justifica em virtude da coleta ter ocorrido em diferentes momentos, sendo percebido que o instrumento traduzido e valido no Brasil9 seria mais adequado para a população alvo desta investigação.

Utilizou-se o questionário Olders Americans Resoucers and Services (OARS), desenvolvido pela Duke University (1978), e adaptado à realidade brasileira,10 para a caracterização dos dados socioeconômicos e demográficos. Para mensurar a qualidade de vida dos idosos foram usados o instrumento genérico World Health Organization Quality of Life -; BREF (WHOQOL-BREF) e o específico para população idosa World Health Organization Quality of Life Assessment for Older Adults (WHOQOL-OLD); ambos validados no Brasil.11,12 O WHOQOL-BREF, instrumento genérico, é constituído por quatro domínios: físico (dor e desconforto; energia e fadiga; sono e repouso; atividades da vida cotidiana; dependência de medicação ou tratamentos e capacidade de trabalho); psicológico (sentimentos positivos; pensar, aprender, memória e concentração; autoestima; imagem corporal e aparências; sentimentos negativos; espiritualidade, religiosidade e crenças pessoais); relações sociais (relações pessoais; suporte social e atividade sexual); meio ambiente (segurança física e proteção; ambiente no lar; recursos financeiros; cuidados de saúde e sociais; disponibilidade e qualidade; oportunidade de adquirir novas informações e habilidades; participação e oportunidade de recreação/lazer; ambiente físico: poluição, ruído, trânsito, clima e transporte).11

O WHOQOL-OLD é um módulo específico para idosos que possui seis facetas: funcionamento dos sentidos (avalia o funcionamento sensorial e o impacto da perda das habilidades sensoriais na qualidade de vida); autonomia (refere-se à independência na velhice, descreve até que ponto se é capaz de viver de forma autônoma e tomar suas próprias decisões); atividades passadas, presentes e futuras (descreve a satisfação sobre conquistas na vida e coisas a que se anseia); participação social (participação em atividades cotidianas, especialmente na comunidade), morte e morrer (preocupações, inquietações e temores sobre a morte e morrer) e intimidade (avalia a capacidade de se ter relações pessoais e íntimas).12

As variáveis investigadas foram: sexo (masculino, feminino); faixa etária, em anos (60-69, 70-79 e 80 ou mais); estado conjugal (nunca se casou ou morou com companheiro(a); mora com esposo(a) ou companheiro(a); viúvo(a); separado(a), desquitado(a) ou divorciado(a), ignorado); escolaridade, em anos de estudo (sem escolaridade, 1-4, 5-7, 8, 9-11, ≥11); renda individual mensal, em salários mínimos (sem renda,<1, 1, 2-3, 4-5, >5); arranjo de moradia (mora só, com cuidador profissional, somente com o cônjuge, com outro de sua geração, com filhos/com ou sem cônjuge, com netos/com ou sem cônjuge, outros arranjos); domínios físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente, e; facetas funcionamento dos sentidos; autonomia; atividades passadas, presentes e futuras; participação social; morte e morrer; intimidade. A aplicação dos instrumentos na zona urbana ocorreu no período de agosto a dezembro de 2008 e na zona rural de junho de 2010 a março de 2011.

Os dados coletados em cada estudo, ou seja, zonas urbana e rural foram processados em microcomputador, por duas pessoas, em dupla entrada no programa Excel®. Posteriormente, procedeu-se à correção de dados inconsistentes, quando necessário, através da consulta à entrevista original. Os dados foram transportados para o software Statistical Packege for the Social Sciences (SPSS), versão 17.0. Na análise da qualidade de vida, a interpretação baseou-se conforme as sintaxes propostas pelo grupo WHOQOL, sendo que a pontuação dos escores varia de 0-100. Quanto maior a pontuação, melhor a percepção da qualidade de vida. Para o primeiro objetivo, foi realizada análise estatística descritiva por meio de distribuição de frequências absolutas e percentuais. Para o segundo objetivo utilizou-se análise bivariada por meio do teste t-Student. O ajuste para as variáveis sexo e idade, foi realizado através de regressão linear múltipla. Neste modelo multivariado foram inseridos todos os domínios e facetas de qualidade de vida. O nível de significância (α) foi de 99% e os testes considerados significativos quando p<α. Ambos os projetos foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, protocolos Nº897 e Nº1477. Os idosos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, após os esclarecimentos pertinentes. Somente após a anuência do entrevistado, foi conduzida a entrevista.

 

RESULTADOS

A Tabela 1, a seguir, apresenta as características socioeconômicas e demográficas da população estudada, segundo o local de moradia. No presente estudo, a maioria dos idosos da zona urbana era do sexo feminino; enquanto na rural, masculino. Ambos os grupos concentraram-se na faixa etária entre 60-70 anos; entretanto, maior percentual de idosos com 80 anos e mais no meio urbano foi superior ao rural. Referente ao estado conjugal, predominaram indivíduos casados nas zonas urbana e rural; porém, o percentual de idosos urbanos viúvos foi superior ao encontrado no âmbito rural. A maior parte dos idosos apresentaram 4-8 anos de estudo e renda individual mensal de um salário mínimo, em ambos os grupos. Em relação ao arranjo domiciliar, na zona urbana o maior percentual morava com os filhos, enquanto na rural residiam somente com o cônjuge. Na autoavaliação da qualidade de vida, a maioria dos idosos considerou como boa, tanto entre os idosos da zona urbana (64.8%) quanto entre aqueles da zona rural (59.5%). Referente à satisfação com a saúde, 64.9% dos idosos urbanos e 60.2% dos rurais referiram estar satisfeitos.

 

Na Tabela 2, a seguir, encontra-se a comparação dos escores de qualidade de vida dos idosos estudados segundo local de moradia e a análise de regressão linear múltipla para o ajuste das variáveis sexo e idade.

Concernente à qualidade de vida pelo WHOQOL-BREF, evidenciou-se maiores escores no domínio relações sociais, em ambos os grupos. Já os menores escores foram verificados no domínio físico para os idosos do meio urbano, e no domínio meio ambiente para aqueles residentes no meio rural (Tabela 2).

Na comparação dos domínios de qualidade de vida observou-se que os idosos da zona rural apresentaram escores significativamente superiores aos urbanos no físico (β=0.23; p<0.001), no psicológico (β=0.10; p<0.001) e nas relações sociais (β=1.65; p<0.001), mesmo após o ajuste. Assim, verificou-se que os idosos rurais tiveram avaliação da qualidade de vida superior aos da zona urbana em três dos quatros domínios do WHOQOL-BREF.

No que se refere à qualidade de vida mensurada pelo WHOQOL-OLD, observou-se maiores escores na faceta funcionamento dos sentidos para os idosos urbanos e na faceta intimidade para os idosos rurais. Concentraram-se os menores escores para o grupo da zona urbana na faceta autonomia, enquanto na zona rural na participação social. Os idosos rurais apresentaram escores superiores aos urbanos nas facetas autonomia (β=0.22; p<0.001), atividades passadas, presentes e futuras (β=0.16; p<0.001), participação social (β=0.10; p<0.001) e intimidade (β=0.15; p<0.001), permanecendo relacionadas mesmo após o controle.

Contudo, nas facetas funcionamento dos sentidos (β=-0.18; p<0.001) e morte e morrer (β=-0.06; p<0.001) os idosos urbanos apresentaram escores estatisticamente mais elevados aos residentes no meio rural, mesmo após ajuste para as variáveis sexo e idade. Observou-se que os idosos residentes na zona rural apresentaram avaliação da qualidade de vida superior aos da zona urbana em quatro das seis facetas do WHOQOL-OLD.

 

 

DISCUSSÃO

A prevalência do sexo feminino na zona urbana e masculino na zona rural diverge de inquérito desenvolvido com idosos no Rio Grande do Sul, no qual verificou porcentagem superior de mulheres em ambas as localidades, urbana (65.2%) e rural (64.5%).14 No entanto, corrobora com pesquisa que observou expressiva masculinização da população idosa rural em todos os municípios da Região Central do Rio Grande do Sul.15 Destaca-se que segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o sexo masculino predomina nos ambientes rurais sendo aproximadamente 107 homens para 100 mulheres.16 Este fato pode estar relacionado à maior migração das mulheres do campo para os centros urbanos. Esta tendência relaciona-se a busca dos serviços e das condições que o ambiente urbano proporciona, bem como, oportunidade de residir como filhos/netos ou parentes. Ressalta-se que no ambiente rural proporciona atividades típicas mais direcionadas aos homens podendo justificar a sua prevalência nesta localidade.16

Em relação à faixa etária, os achados encontrados convergem com dados demográficos brasileiros prevalecendo aqueles com 60 a 69 anos (55.7%) (IBGE, 2010). Cabe salientar que o maior percentual de idosos mais velhos residindo no ambiente urbano pode ser elucidado pela dificuldade de adaptação desses indivíduos no campo em decorrência da crescente fragilidade nesta faixa etária.17,18 Assim, esses indivíduos tendem a migrar para cidades na tentativa de facilitar o acesso aos serviços públicos de saúde e/ou sentimento de segurança proporcionado pela companhia dos filhos já migrados para esse meio.17 A maior prevalência de idosos casados também foi demonstrada em inquérito conduzido no sul do Brasil, onde 68.1% na zona urbana e 75.5% rural eram casados ou moravam com companheiro.14 Entretanto, o percentual superior de viúvos no meio urbano possivelmente está associado ao predomínio do sexo feminino nesse ambiente, pois sabe-se que as mulheres apresentam maior expectativa de vida comparada aos homens,6 aumentando as chances de viuvez.

Referente à escolaridade, os resultados dessa investigação corroboram em parte com censo demográfico que constatou maior percentual de idosos brasileiros com quatro a oito anos de estudo (38.0%), seguido daqueles sem instrução e menos de um ano de escolaridade (22.1%).6 Diferentemente, inquérito desenvolvido no Rio Grande do Sul observou que a maioria dos idosos, em ambos os grupos, possuía até quatro anos de estudo, zonas urbana (68.3%) e rural (76.4%).14 A renda individual mensal de um salário mínimo prevalente em ambos os meios foi condizente com dados da população brasileira que constatou maior percentual de idosos (43.2%) com renda mensal de um salário mínimo.6 Outro estudo conduzido em Sergipe também identificou rendimento de um salário mínimo entre a maioria dos idosos em ambos os meios, urbano (73.1%) e rural (75.4%).17

 Condizente com o resultado do presente estudo em relação ao arranjo domiciliar de idosos urbanos, dados do censo demográfico indicam que 43.2% da população idosa brasileira reside com filhos e/ou outros.6 Porém, o maior percentual de idosos morando somente com o cônjuge no meio rural pode estar associado a migração dos adultos para as cidades na busca de oportunidades de trabalho e condições de vida mais satisfatórias.17 Faz-se mister que o enfermeiro, como membro da equipe de saúde da atenção primária, faça o diagnóstico de indicadores sociodemográficos e econômicos dos idosos a fim de contribuir na implementação das ações em saúde fundamentadas na real necessidade de cada contexto. Deste modo, é salutar que o enfermeiro durante o seu processo de formação, seja estimulado a reconhecer as especificidades de cada população, considerando as diversidades relacionadas ao ambiente em que vivem, a fim de melhor direcionar as ações de saúde.

No que se refere a qualidade de vida, a avaliação positiva pela maioria dos idosos remete ao fato de que, possivelmente, a percepção sobre a qualidade de vida, que é subjetiva, esteja mais relacionada a questões pessoais do que a outros fatores, como o ambiente ou local em que reside.7 Quanto à autoavaliação da satisfação com a saúde, os achados desta investigação condizem com pesquisa realizada com idosos da zona urbana,no município de São Paulo, em que o maior percentual referiu estar satisfeito com sua saúde (42.1%).19 Por outro lado, investigação desenvolvida com idosos na zona rural constatou que o maior percentual referiu como regular (46.7%);18 porém esta pesquisa foi desenvolvida com octogenários, podendo explicar a diferença com o resultado do presente inquérito.

A autoavaliação do idoso sobre sua saúde pode indicar fatores que estão afetando seu estado de saúde e qualidade de vida. Deste modo, além dos aspectos biológicos, sugere-se que a enfermagem atue nos componentes psicológico e social considerando que estes também podem impactar no cotidiano do idoso. Destaca-se que embora a autoavaliação deste estudo seja positiva, o enfermeiro deve atentar para as características socioeconômicas destes idosos, considerando sua possível interferência no processo saúde-doença, a fim de programar as ações direcionadas às suas especificidades. Entre os idosos rurais, deve-se atentar para a saúde do homem otimizando o suporte do cônjuge com vistas a maximizar sua saúde. Já dentre aqueles que residem na zona urbana, as ações devem enfatizar as mulheres atentando-se para a faixa etária, devido sua possível relação com maior número de comorbidades. No que condiz aos domínios do WHOQOL-BREF, os maiores escores nas relações sociais nos meios urbano e rural corroboram com estudo realizado, em João Pessoa-PB, entre idosos.20 Ressalta-se que esse domínio avalia as relações e apoio social, além da atividade sexual;11 assim, possivelmente, esses aspectos se mantêm preservados entre os idosos nas diferentes localidades. Já o menor escore no domínio físico para os idosos do meio urbano e no meio ambiente para aqueles residentes na zona rural foi semelhante ao encontrado em pesquisa conduzida com idosos de João Pessoa-PB.20

Na comparação entre os grupos, WHOQOL-BREF, os maiores escores entre os idosos rurais remete a necessidade de reflexão dos fatores que tem contribuído para este resultado. No domínio físico este fato pode estar relacionado à manutenção das atividades laborais no campo até mesmo em idades mais avançadas, que contribui nas condições físicas mais satisfatórias. Além disso, é provável que, aqueles sem condições físicas para permanecerem no campo migrem para as cidades, pois se sabe que no âmbito rural a distância dos centros de saúde aliada à falta de transporte pode dificultar o acesso aos serviços de saúde.21 Soma-se a este fato que na zona urbana a proporção de mulheres e idosos mais velhos foram superiores à rural, podendo estar relacionada ao maior número de comorbidades e complicações de saúde; isto poderia favorecer a dor, o desconforto, a dependência de medicação ou tratamentos e a fadiga prejudicando as atividades da vida cotidiana, itens avaliados no respectivo domínio.11 Inquérito entre idosos urbanos na Índia sugere que a presença de morbidades e suas complicações é um fator importante a ser considerado durante a avaliação da qualidade de vida.22 Nesse sentido, torna-se relevante que o enfermeiro avalie periodicamente os idosos, considerando a localidade em que vivem, de forma a identificar alterações relacionadas às condições físicas. A identificação precoce de agravos de saúde pode contribuir para intervenções específicas de promoção de saúde, prevenção de doenças, diagnóstico e tratamento, podendo favorecer a manutenção da qualidade de vida. No entanto cabe destacar que na zona urbana, a ESF não possui 100% de cobertura, fator que pode ter influenciado neste resultado.

Referente ao domínio psicológico, investigação realizada na Índia também observou que idosos residentes na zona rural apresentaram escores maiores comparados aos urbanos (p=0.01).3 Já estudo conduzido em Porto Alegre-RS verificou que idosos que com maiores escores no domínio físico obtiveram escores mais altos no psicológico.23 Assim, esse fato pode estar relacionado aos maiores escores para o domínio psicológico entre os idosos rurais, visto que também apresentaram escores superiores no domínio físico. Pressupõe-se que escores mais elevados no domínio físico, representado por uma melhor condição de saúde física, podem impactar o domínio psicológico, por diminuírem as preocupações com o tratamento de doenças, por exemplo.23 Nesse contexto, salienta-se que a enfermagem pode contribuir por meio da investigação sobre os sentimentos e crenças dos idosos urbanos, por meio da consulta de enfermagem ou visita domiciliar.

Os maiores escores nas relações sociais entre os idosos rurais comparado ao meio urbano condiz com estudo desenvolvido em um município do Rio Grande do Sul (p<0.001).14 Outra pesquisa entre idosos da comunidade na Índia também observou baixa pontuação neste domínio.22 É possível que o vínculo entre idosos que residem em comunidades rurais se estabeleça como uma relação duradoura entre vizinhos e parentes. Por outro lado, na zona urbana pode ocorrer um maior distanciamento dos laços afetivos, favorecendo o isolamento social.20 Ademais, o maior percentual de idosos casados na zona rural pode ter contribuído para este resultado, visto que esse domínio avalia também as relações pessoais e atividade sexual.11 Assim, sugere-se que seja investigada a qualidade da rede de suporte do idoso na zona urbana considerando que a maioria reside acompanhada. Investigação realizada no Vietnã observou que os idosos residentes em áreas urbanas querem viver perto de seus filhos, mas não necessariamente juntos. Este fato relaciona-se a tensões entre a vida independente e influência da família na sua vida.24

A faceta funcionamento dos sentidos avalia o funcionamento dos sentidos e o impacto da perda das habilidades sensoriais.12 Partindo do pressuposto que os idosos residentes na zona urbana tenham maior facilidade de acesso aos serviços de saúde, infere-se que isso favoreça a identificação e intervenção mais precoce dos problemas relacionados às habilidades sensórias quando comparados aos que residem na zona rural. Pesquisa realizada no Brasil verificou que as taxas de uso dos serviços de saúde não eram condizentes com as reais necessidades dos idosos na zona rural e que o cuidado em saúde apresentava-se inadequado. Também foi maior a proporção de idosos da zona urbana que utilizaram os serviços de saúde em relação aos da zona rural.21Somado a isso, outro estudo no Brasil verificou ineficiência da identificação e intervenção dos serviços de saúde para os problemas relacionados à audição e visão em idosos residentes no meio rural.18 Dessa forma, esses fatores possivelmente estejam influenciando nos menores escores na faceta funcionamento dos sentidos entre aqueles residentes no ambiente rural. Assim, reforça-se a necessidade de que os serviços de saúde, representados pelas ESF atuantes nestas localidades, busquem realizar a avaliação global do idoso, procurando identificar alterações sensoriais presentes, a fim de intervir precocemente, minimizando as complicações oriundas dessa situação.

Os maiores escores dos idosos da zona rural na faceta autonomia pode ter sofrido influência, dentre outros fatores, da renda, visto que essa faceta avalia a capacidade do idoso em viver de forma autônoma e de tomar suas próprias decisões.12 Em ambos os grupos o maior percentual recebe um salário mínimo, e de acordo com dados do IBGE, no Brasil, essa renda normalmente provém da aposentadoria.6 Porém no campo a aposentadoria apresenta uma denotação diferente da zona urbana. Grande parte dos idosos continua a trabalhar mesmo após terem se aposentado, mantendo-se ativos.25 No presente estudo, observa-se que houve maior percentual de idosos rurais que recebia mais de um salário mínimo, o que pode significar que mantêm as atividades laborais mesmo depois de aposentados. Além disso, a aposentadoria rural, como renda adicional, pode favorecer maior autonomia, tranquilidade e liberdade ao idoso.26

Ademais, o maior percentual de idosos residindo com filhos na zona urbana pode ter favorecido os menores escores nessa faceta. É possível que os filhos influenciem na capacidade de decisão dos idosos quando residem no mesmo ambiente domiciliar, o que poderia ser ressaltado quando há comprometimento das condições físicas, como ocorreu com os idosos urbanos. A equipe de saúde deve procurar discutir com os familiares e o idoso sobre a importância da manutenção da autonomia, mesmo quando na presença de limitações, impostas pelo processo de envelhecimento natural ou pelo adoecimento. O enfermeiro pode ser profissional facilitador desse processo, durante a realização de visitas domiciliares e nas consultas de enfermagem.

A faceta referente às atividades passadas, presentes e futuras pode ser impactada negativamente quando há o comprometimento da dinâmica familiar, principalmente quando os idosos não estão satisfeitos com o reconhecimento dos familiares, sobre o que alcançaram na vida e com a possibilidade de realizações futuras.27 Neste estudo, observou-se durante a coleta de dados, embora não tenha sido objetivo, que existe na zona rural um estreito vínculo entre os idosos e familiares, podendo explicar os maiores escores desses indivíduos em relação aqueles do ambiente urbano.

A faceta participação social avalia, entre outros aspectos, a satisfação com o nível de atividade e com a maneira como o idoso utiliza o tempo.12 Assim, possivelmente, os menores escores dos idosos urbanos estejam relacionados à falta de ocupação desses indivíduos. Ao contrário, na zona rural o trabalho e a produtividade são valorizados entre os idosos mesmo em idades mais avançadas; fato este observado durante a coleta de dados. Esta faceta também avalia a satisfação com oportunidades em participar de atividades na comunidade.12 No ambiente urbano pode ocorrer um distanciamento entre vizinhos e diminuição de laços afetivos entre as pessoas, podendo culminar no isolamento social.20 Por outro lado, na zona rural as relações entre vizinhos e pessoas próximas tendem a permanecer de forma duradoura. Além disso, os idosos costumam participar de forma mais regular das atividades junto à comunidade, como nas festas típicas e religiosas. Esse fato pode ter contribuído para os maiores escores na zona rural comparado à urbana.

Quanto à faceta morte e morrer, os escores mais elevados entre aqueles que residiam na zona urbana denota a maior tranquilidade dos idosos que vivem na cidade no que se refere aos aspectos relacionados à morte. Contudo, é possível que no campo a distância dos centros urbanos, dos cuidados de saúde e dos familiares possa trazer insegurança e maior temor sobre os fatores que envolvem a morte. Destaca-se que a aceitação da finitude da vida pode levar à paz interior, favorecendo uma melhor qualidade de vida aos anos a serem vividos.28 Dessa forma, a aproximação do término da vida deve ser tema a ser discutido pelos profissionais da saúde junto aos idosos, de forma a ampliar o suporte emocional nesta fase da vida.

Na faceta intimidade os maiores escores na zona rural comparado ao urbano podem apresentar relação com o fato de que no âmbito rural ocorre uma tendência de se preservarem as relações interpessoais, principalmente, relacionadas aos laços de parentescos.25 Ademais, o processo de envelhecimento pode ser acompanhado da redução nos contatos sociais, refletindo em uma seleção ativa das pessoas em que há uma relação emocional mais próxima, importante para a melhor adaptação do idoso nessa fase da vida. É possível, ainda, a ocorrência de perdas de amigos e familiares que faziam parte da rede de relações sociais do idoso e adaptar-se a essas mudanças requer apoio social e manutenção de uma boa autoestima.29 Assim, deve-se enfatizar ao idoso a possibilidade da construção de novas amizades, ampliando a rede de apoio,29 de forma a estabelecer relações de confiança e amparo. Acredita-se que a enfermagem possa contribuir para maximização da qualidade de vida do idoso, na medida em que esteja integrada ao contexto desta população, buscando soluções junto à comunidade, idosos e familiares.

Conclusão. Os idosos da zona rural apresentaram escores superiores aos residentes no meio urbano na maioria dos domínios e facetas. Estes dados sugerem que residir em áreas urbanas pode estar impactando negativamente na qualidade de vida dos idosos. Ressalta-se que o enfermeiro deve ter habilidades de conhecer as necessidades sociais de saúde da população.30 Atenção deve ser dada aos idosos residentes na zona urbana, visto que apresentaram maior impacto na qualidade de vida. A consulta de enfermagem pode contribuir para identificação de agravos, favorecendo as práticas de intervenção relacionadas à prevenção de doenças e promoção da saúde, principalmente ao que se remete às condições físicas. A maior proximidade entre os domicílios e unidades de saúde pode favorecer o acesso aos serviços de saúde e a busca ativa dos idosos por meio das visitas domiciliares. Os espaços comunitários também podem ser aproveitados, para facilitar a formação de grupos de educação em saúde e de atividades de socialização, ampliando a rede de apoio e favorecendo a reflexão acerca dos anseios futuros e relações pessoais.

Nas áreas rurais os profissionais de saúde devem atentar para as especificidades culturais e hábitos, procurando identificar junto aos idosos estratégias que plausíveis de serem realizadas, considerando a distância física das unidades de saúde e domicílios. É importante também a realização da avaliação clínica, buscando identificar a existência de alterações sensoriais precocemente, a fim de estabelecer o planejamento terapêutico. A questão da finitude da vida também deve ser objeto de discussão, visto que esse item encontra-se impactado na zona rural.

Este estudo apresenta como limitação a diferença temporal na coleta dos dados nos meios rural e urbano. Inicialmente realizou-se a coleta na zona urbana, em que a amostra representativa dos idosos já vem sendo investigada e acompanhada pelo Grupo de Pesquisa em Saúde Coletiva desde 2005. Posteriormente, houve a possibilidade de se investigar a população idosa residente na zona rural, a qual possui total cobertura pela ESF. A escolha por instrumentos de avaliação cognitiva diferentes, apesar de similares, foi pautada nas possíveis diferenças culturais existentes entre os idosos avaliados, tendo como fundamentação a literatura científica na área temática.

Contudo, apesar das limitações acredita-se que a pesquisa possa contribuir para a formação de profissionais da área da saúde, no sentido de destacar a reflexão sobre o impacto do local de moradia para as condições de saúde e qualidade de vida dos idosos. Ademais, conhecer a realidade dos idosos rurais pode contribuir para maior conhecimento sobre essa população, com características peculiares e ainda pouco exploradas, além de poder estabelecer relação de comparação entre aqueles que residem na zona urbana. O conhecimento desses aspectos pode subsidiar a elaboração de ações e políticas de saúde mais específicas, considerando as diferentes realidades.

 

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