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Revista U.D.C.A Actualidad & Divulgación Científica

Print version ISSN 0123-4226

rev.udcaactual.divulg.cient. vol.27 no.1 Bogotá Jan./June 2024  Epub Mar 23, 2024

https://doi.org/10.31910/rudca.v27.n1.2024.2361 

Artigo Científico

Herbicidas pós-emergentes para o controle do capim-pé-de-galinha (Eleusine indica L.) nos estádios de pré-perfilhamento e em perfilhamento

Post-emergent herbicides to control goose grass (Eleusine indica L.) in pre-tillering and tillering stages

Jorge Luis Tejada1  2 
http://orcid.org/0000-0002-2102-1578

Arthur Arrobas Martins Barroso3 
http://orcid.org/0000-0001-7687-1396

Luis Felipe Solis-Rosas-Diaz4 
http://orcid.org/0000-0002-7244-8272

Leonel Alvarado-Huamán1 
http://orcid.org/0000-0002-2121-2454

Ebson Silva2 
http://orcid.org/0000-0001-7471-9323

Pedro Luís da Costa Aguiar Alves2 
http://orcid.org/0000-0003-2348-2121

1Universidad Nacional Agraria La Molina, Departamento de Fitotecnia, Facultad de Agronomía. Lima, Perú; e-mail: jorgetejada@lamolina.edu.pe

2 Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, UNESP. Jaboticabal, São Paulo, Brasil; e-mail: jorge.tejada@unesp.br

3Universidade Federal do Paraná. Curitiba, Paraná, Brasil; e-mail: arrobas@ufpr.br

4Universidad Nacional “San Luis Gonzaga”. Ica, Perú; e-mail: luis.solisrosas@unica.edu.pe

5* Universidad Nacional Agraria La Molina, Departamento de Fitotecnia, Facultad de Agronomía. Lima, Perú; e-mail: lealvarado@lamolina.edu.pe

6Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, UNESP. Jaboticabal, São Paulo, Brasil; e-mail: ebson.silva@etec.sp.gov.br

7Universidade Estadual Paulista. “Júlio de Mesquita Filho”, UNESP Jaboticabal, São Paulo, Brasil; e-mail: pl.alves@unesp.br


RESUMO

Eleusine indica é uma planta daninha de difícil controle com herbicidas pós-emergentes devido ao curto intervalo entre a emergência e o perfilhamento, em que o controle é mais limitado. Ademais, o surgimento de biótipos resistentes motiva realizar trabalhos desta natureza para encontrar mais opções de controle químico. O objetivo desta investigação foi avaliar a eficiência de herbicidas pós-emergentes no controle do capim-pé-de-galinha em dois estádios fenológicos. O trabalho foi realizado em vasos a céu aberto num delineamento inteiramente casualizado, com onze herbicidas aplicados em dois experimentos: um experimento na espécie com quatro folhas (pré-perfilhamento) e outro na planta com oito folhas (em perfilhamento). Foram atribuídas notas visuais de controle aos 7, 14 e 21 dias após a aplicação, coletando a parte aérea da planta na última avaliação para obter a massa seca. Com esses dados foi realizada a análise de variância e a comparação de médias com o teste Tukey a um nível de significância de 0,05. Dos herbicidas testados, pyroxsulam, mesotrione y nicossulfuron controlaram menos do 80 % da população com quatro folhas. No perfilhamento, pyroxsulam, mesotrione, nicossulfuron y tembotrione mostraram controle menor ou igual a 65 %. Independentemente do estádio fenológico, clethodim, haloxifop, amônio-glufosinato, glyphosate, paraquat, indaziflam e ametrina foram efetivos, com mais de 88 % de controle da espécie.

Palavras-chave: Controle químico de plantas daninhas; Eleusine indica; Estádios fenológicos; Resistência a herbicidas

ABSTRACT

Eleusine indica is difficult to control with post-emergence herbicides due to the short interval between emergence and tillering, which control is more limited. Furthermore, the emergence of resistant biotypes motivates research on this type to find more options for chemical control. The objective of this work was to evaluate the efficiency of post-emergence herbicides in the goosegrass control in two phenological stages. The work was carried out in pots in a completely randomized design with eleven herbicides applied in two experiments: one with plants of four leaves (pre-tillering) and another with plants of eight leaves (in tillering). Visual control notes were assigned at 7, 14, and 21 days after application, collecting the aerial part of the plant in the last evaluation to obtain the dry weight. With these data, variance analysis and means comparison were performed using Tukey's test at a significance level of 0,05. As a principal result, pyroxsulam, mesotrione, and nicosulfuron controlled less than 80 % of the four-leaf population. At tillering, pyroxsulam, mesotrione, nicosulfuron, and tembotrione showed less than or equal to 65 % of control. Regardless of phenological stage, clethodim, haloxyfop, glufosinate ammonium, glyphosate, paraquat, indaziflam, and ametrine were effective, with more than 88 % of control of the species.

Keywords: Eleusine indica; Herbicide resistance; Phenological stage; Weed chemical control

INTRODUÇÃO

A espécie Eleusine indica (L.) Gaerth. (capim-pé-de-galinha) (Poaceae), é uma das plantas daninhas mais nocivas para as culturas devido a sua elevada prolificidade (pode produzir quase 50 mil sementes por planta) e sua tolerância a diversas condições ambientais (Kashyap et al. 2024; Ma et al. 2015). Está entre as cinco espécies mais importantes no mundo, afetando em torno a 50 culturas em mais de 60 países, também pela geração de resistência a herbicidas, sendo um dos problemas mais importantes em culturas anuais no Brasil (Heap, 2020; Silva et al. 2009) como milho, soja e feijão.

O uso intensivo de glifosato na soja gerou biótipos resistentes de E. indica, sendo necessário o uso de outros herbicidas como a mistura de clorimuron-etilo + lactofen e aplicação sequencial de fluazifop-p-butilo, mostrando controle eficiente da espécie (Correia et al. 2011) No Brasil existem biótipos de E. indica com resistência a herbicidas que inibem a ACCasa (Vidal et al. 2006), EPSPS (Takano et al. 2018) e biótipos que apresentam resistência múltipla a esses dois mecanismos de ação (Heap, 2020).

O controle químico das plantas daninhas necessita de conhecimentos relacionados à tecnologia de aplicação, bem como a comunidade infestante, a fisiologia da cultura, as características físico-químicas dos herbicidas e às condições edafoclimáticas locais (Barroso et al. 2022). Destas considerações, o estádio fenológico das plantas daninhas constitui a base da eficácia do controle químico (Jerônimo et al. 2021).

Normalmente o controle de E. indica com herbicidas pós-emergentes é mais eficiente na presença de até um perfilho (Takano et al. 2018), por causa da menor espessura da cutícula das folhas e a maior quantidade de tecidos meristemáticos em plantas jovens (Oliveira & Inoue, 2011). Contudo, na prática às vezes E. indica não é controlada naquele estádio suscetível, sendo, portanto, relevante estudar o efeito de herbicidas pós-emergentes nessa espécie em perfilhamento.

Considerando a dificuldade no manejo por causa da resistência a herbicidas e pelo difícil controle com herbicidas pós-emergentes em estádios avançados de desenvolvimento (Takano et al. 2016), se reduziram as opções de manejo de E. indica. Portanto é necessário estudar a eficiência de herbicidas pós-emergentes com diferentes mecanismos de ação em distintos estádios de desenvolvimento da espécie. Diante disto, o objetivo deste trabalho foi avaliar herbicidas pós-emergentes para o controle do capim pé-de-galinha em dois estádios de desenvolvimento, pré-perfilhamento e em perfilhamento da planta.

MATERIAIS E MÉTODOS

Dois experimentos foram conduzidos a céu aberto em área anexa ao Laboratório de Plantas Daninhas da Universidade Estadual Paulista (UNESP), situado no município de Jaboticabal/SP (S 21°14'39,2" W 48°17'55,3").

O solo utilizado para preencher os vasos era do tipo Latossolo Vermelho Escuro com textura argilosa, pH(CaCl2 )=5.4, matéria orgânica=18 g/dm3, P(resina)=65 mg/dm3, K=2.8 mmolc/dm3, Ca=33 mmolc/dm3, Mg=9 mmolc/dm3 e H+Al=18 mmolc/dm3.

Sementes foram coletadas em plantas maduras de E. indica no local da condução do experimento, o foram semeadas 20 sementes do capim-pé-de-galinha em vasos de 0,5 litros. Duas semanas após a semeadura, foi realizado o desbaste a fim de deixar quatro plantas por vaso. As plantas foram mantidas com irrigação sempre que visualmente necessário durante todo o experimento.

Em um primeiro experimento, a aplicação dos herbicidas foi realizada quando as plantas possuíam quatro folhas, sem perfilhos (pré-perfilhamento), e em um segundo experimento, quando as plantas apresentavam em média oito folhas e a presença de cinco perfilhos (em perfilhamento). As aplicações foram realizadas com pulverizador costal, mantido a pressão constante de CO2, com barras de 1,5 m e quatro pontas do tipo XR11002, sendo regulado para distribuir 200 L/ha1. A dosagem dos herbicidas (L de produto comercial por hectare) foi extrapolada para a área total dos vasos por cada tratamento.

O delineamento experimental utilizado em cada experimento foi o inteiramente casualizado, com quatro repetições. A unidade experimental estava formada por quatro vasos de 0,5 L com quatro plantas de capim-pé-de-galinha em cada vaso, fazendo em total 176 vasos por experimento, onde foram aplicados em pós-emergência os herbicidas ametrina, amônio-glufosinato, clethodim, glyphosate, haloxyfop, indaziflam, mesotrione, nicosulfuron, paraquat, pyroxsulam e tembotrione, nas doses mostradas na tabela 1.

Tabela 1 Descrição dos herbicidas aplicados, seus mecanismos de ação e doses em litros do produto comercial (PC) e gramas do ingrediente ativo por hectare. 

*HRAC Global (2024).

O controle da planta daninha foi avaliado aos 7, 14 e 21 dias após a aplicação (DAA) através da escala percentual de notas, variando de 0 a 100 % de controle (Gazziero, 1995), sendo 0 % a ausência de sintomas e 100 % a morte da planta. Aos 21 dias após aplicação, coletou-se a parte aérea restante em cada unidade experimental foram colocadas em sacos de papel e secas em estufa com circulação forçada de ar à temperatura de 60 °C por 48 horas. Após esse período, as amostras foram pesadas em balança analítica para obtenção da massa seca.

Os dados de controle (porcentagem) foram transformados utilizando função arcoseno. Todos os dados foram submetidos à análise de variância a uma probabilidade de erro de 5 %; quando significativas, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey (p<0,05) utilizando-se o software AgroEstat.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No primeiro estádio, aos 7 DAA, nota-se que ametrina, amônio-glufosinato e paraquat foram eficazes no controle do capim pé-de-galinha, com valores de controle de 81,25, 77,50 e 100 %, respectivamente. Aos 14 DAA, haloxyfop, amônio-glufosinato, glyphosate, paraquat, indaziflam, tembotrione e ametrina promoveram controle da população com médias superiores a 80 %. Aos 21 DAA, clethodim, haloxyfop, amônio-glufosinato, glyphosate, paraquat, indaziflam, tembotrione e ametrina proporcionaram controle igual ou maior que 95 % (Tabela 2). Lorenzi (2014) considerou plantas de E. indica em estádio inicial (até o perfilhamento) altamente suscetíveis a clethodim, amônio-glufosinato, glyphosate, paraquat e tembotrione por apresentarem controle maior que 95 %, resultados coincidentes com o nosso estudo.

Os dados de massa seca da parte aérea acompanharam os resultados observados de controle da população, com médias menores que 0,07 g/planta para os herbicidas mais eficazes (Tabela 2): haloxyfop, clethodim, amônio-glufosinato, glyphosate, paraquat, tembotrione e ametrina. Pereira et al. (2020) também registraram menores valores de massa seca (menos de 12 g m-2) de E. indica mais outras gramíneas, após aplicação complementar de clethodim (108 g i.a. ha-1) e haloxyfop (62,35 g i.a. ha-1) no feijão caupi.

A aplicação de pyroxsulam e mesotrione resultou em controle pobre (55-69,9 %) e nicossulfuron em controle regular ou justo (70-81,9 %) de E. indica na última avaliação, segundo a escala da WSSA (2002). Estes herbicidas também propiciaram os maiores valores de massa seca acumulada (0,28, 0,27 e 0,09 g/planta para pyroxsulam, mesotrione e nicossulfuron, respectivamente) em relação aos demais tratamentos (Tabela 2). Devido ao escasso controle, as plantas não interromperam completamente seu crescimento e desenvolvimento, acumulando assim maior massa seca em comparação às plantas mais afetadas pelos herbicidas.

Tabela 2 Médias de controle visual (%) e massa seca da parte aérea (MSPA) de uma população de capim pé-de-galinha tratada com herbicidas pós-emergentes quando com quatro folhas totalmente expandidas (pré- perfilhamento). 

Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem significativamente pelo teste de Tukey, com nível de significância de 5 %. DAA: dias após a aplicação.

Nota-se que o glyphosate e os inibidores da ACCase (clethodim e haloxyfop) foram eficazes (mais de 95 % de controle) no controle da espécie, confirmando a ausência de resistência de E. indica para esses herbicidas. Apesar de as condições do experimento de Takano et al. (2018) foram diferentes ao nosso estudo (casa de vegetação e biótipos de E. indica resistentes ao glyphosate), eles encontraram resultados semelhantes com nosso trabalho, já que obtiveram 100 % de controle de E. indica com um perfilho após aplicação de haloxyfop (60 g i.a. por hectare) e clethodim (108 g i.a. por hectare). Aplicações de haloxyfop, clethodim e fluazifop em populações de capim pé-de-galinha de até dois perfilhos demonstraram até 90 % de controle (Molin et al. 2013; Ulguim et al. 2013).

Por outro lado, o escasso controle de E. indica pelos herbicidas inibidores da ALS (pyroxsulam e nicossulfuron) e inibidores da HPPD (mesotrione) se deve ao fato desses herbicidas controlarem predominantemente plantas daninhas eudicotiledôneas e algumas monocotiledôneas (Carvalho, 2013). O desempenho de clethodim e amônio-glufosinato também já foi relatado na literatura como eficaz no controle de capim pé-de-galinha (Burke et al. 2005; Ulguim et al. 2013). Segundo Burke et al. (2005), a aplicação de clethodim em plantas de capim pé-de-galinha que apresentam até seis perfilhos, promove 83 % de controle aplicando alta dose (140 g i.a. por hectare). Isso significa que plantas de E. indica mais desenvolvidas com perfilhos poderiam ser controladas com clethodim, porém incrementando a dose de 108 a 140 g i.a. ha-1, o que pode ser prejudicial desde o ponto de vista econômico e ambiental.

Entretanto, mesmo o controle de E. indica com herbicidas inibidores da ACCase seja eficiente, seu uso deve ser cuidadoso pela pressão de seleção que podem submeter às populações, selecionando biótipos com resistência múltipla ao local de ação (Takano et al. 2018). Segundo nossos resultados, outros herbicidas eficientes no controle de E. indicam foram os inibidores da síntese de parede celular (indaziflam), inibidores do FSII (ametrina) e inibidores da GS (amônio-glufosinato), podendo-se constituir em alternativas para a rotação de mecanismos de ação no manejo da planta daninha. No entanto, além do uso de herbicidas, pode se incluir no manejo integrado o uso de plantas de cobertura como o milho e crotalária, as quais podem até suprimir E. indica (D’amico-Damião et al. 2020).

No estádio de perfilhamento aos 7 DAA, os herbicidas amônio-glufosinato, glyphosate, paraquat e ametrina proporcionaram controle da população superior a 80 %. Aos 14 DAA, o controle de capim pé-de-galinha foi superior a 90 % em tratamentos com haloxyfop, amônio-glufosinato, glyphosate, paraquat e ametrina. Os herbicidas pyroxsulam, mesotrione e nicossulfuron se mostraram ineficientes no controle de capim pé-de-galinha, além do herbicida tembotrione, que não apresentou controle da população maior que 43,75 % na avaliação realizada aos 21 DAA (Tabela 3). Neste caso, em plantas de E. indica na presença de perfilhos, perde-se a possibilidade do uso dos herbicidas inibidores da HPPD (mesotrione e tembotrione) pelo pobre controle mostrado (menor que 66 %) Lorenzi (2014) coincide parcialmente com esses resultados ao mostrar que E. indica no estádio de quatro perfilhos é tolerante (0 % de controle) ao mesotrione e pouco suscetível (menos de 50 % de controle) ao tembotrione.

Considerando os herbicidas inibidores da ACCase, o haloxyfop teve ação mais rápida no controle da espécie em perfilhamento do que o clethodim, propiciando o haloxyfop 56,25 % e 11,25 % mais de controle quando comparado ao clethodim aos 14 DAA e 21 DAA, respectivamente. Os herbicidas amônio-glufosinato, glyphosate, paraquat e ametrina demonstraram controle eficiente da população já aos 7 DAA, com médias de controle superiores a 80 % (Tabela 3). Hooda & Chauhan (2023) apontaram que, de 12 herbicidas pós-emergentes, o amônio-glufosinato (750 g i.a. por hectare) ocasionou um dos menores valores de sobrevivência (8,35 % na média de dois locais) e massa seca (0,04 g por vaso na média de dois locais) de E. indica, demonstrando assim a eficácia do herbicida na espécie.

Tabela 3 Médias de controle (%) e massa seca da parte aérea (MSPA) de uma população de capim pé-de-galinha tratada com herbicidas pós-emergentes quando com oito folhas totalmente expandidas (em perfilhamento). 

Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem significativamente pelo teste de Tukey, com nível de significância de 5 %. DAA: dias após a aplicação.

Por causa do rápido crescimento de E. indica e a escassez de herbicidas pós-emergentes seletivos para culturas convencionais, há limitações para o controle dessa espécie em estádios avançados de desenvolvimento (Takano et al. 2016, 2018). Alem disso, as plantas se tornam menos suscetíveis aos herbicidas conforme avança seu estádio fenológico em decorrência da menor quantidade de tecidos novos (Marques et al. 2011), os quais absorbem melhor os herbicidas.

Outra limitação é a disponibilidade de herbicidas seletivos para as culturas e eficazes no controle de gramíneas, como no caso do milho, onde oito mecanismos de ação estão registrados para controle de capim pé-de-galinha (MAPA, 2021). Se a população de E. indica encontrada na área de cultivo for resistente à glyphosate ou à ACCase, ou a ambos, as opções para controle da espécie caem para seis mecanismos de ação. Dos herbicidas estudados neste trabalho, o amônio-glufosinato, glyphosate, mesotrione, nicosulfuron e tembotrione são seletivos para o milho, dos quais mesotrione e nicossulfuron não controlaram a espécie nos estádios iniciais e nem tembotrione controlou a E. indica em perfilhamento.

Para a soja, dos herbicidas estudados, cinco são seletivos para a cultura, dos quais clethodim, haloxyfop, amônio-glufosinato e glyphosate apresentaram controle eficaz de capim pé-de-galinha. Em casos de biótipos com resistência à herbicidas inibidores da ACCase ou ao glyphosate, o controle da espécie seria possível com o amônio-glufosinato em dessecação pré-plantio ou pós-emergência em culturas tolerantes a esse herbicida. O que ressalta a necessidade de se buscarem alternativas de controle da espécie na pré-emergência pelo uso de herbicidas residuais, aplicações sequenciais na dessecação pré-plantio e/ou pelo uso de outros métodos de controle, como a cobertura do solo com palhada (Silva et al. 2009; Lima et al. 2014).

Em conclusão, é indicado que os herbicidas clethodim, haloxyfop, amônio-glufosinato, glyphosate, paraquat, indaziflam, tembotrione e ametrina foram eficazes no controle de capim pé-de-galinha em estádio pré-perfilhamento. Plantas em perfilhamento foram eficazmente controladas pelos herbicidas clethodim, haloxyfop, amônio-glufosinato, glyphosate, paraquat, indaziflam e ametrina. Estádios mais avançados de desenvolvimento do capim-pé-de-galinha reduzem a eficácia de controle denicossulfuron e tembotrione.

Agradecimentos.

Os autores agradecem à Universidade Estadual Paulista (Jaboticabal) por permitir o uso do laboratório de Plantas Daninhas para a realização deste estudo.

REFERÊNCIAS

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Como citar: Tejada, J.L.; Barroso, A.A.M.; Solis-Rosas-Diaz, L.F.; Alvarado-Huamán, L.; Silva, E.; Alves, P.L.C.A. 2024. Herbicidas pós emergentes para o controle do capim-pé-de-galinha (Eleusine indica L.) nos estádios de pré- perfilhamento e em perfilhamento. Rev. U.D.C.A Act. & Div. Cient. 27(1):e2361. http://doi.org/10.31910/rudca.v27.n1.2024.2361

Artigo em acesso aberto publicado pela Revista U.D.C.A Actualidad & Divulgación Científica, licença Creative Commons CC BY-NC 4.0

Publicação oficial da Universidad de Ciencias Aplicadas y Ambientales U.D.C.A, Instituição de Ensino Superior Credenciada de Alta Qualidade pelo Ministerio de Educación Nacional de Colombia

Editado por: Helber Adrián Arévalo Maldonado

Financiamento: financiamento próprio

Recebido: 03 de Março de 2023; Aceito: 07 de Fevereiro de 2024

*autor correspondente: lealvarado@lamolina.edu.pe

Conflito de interesses:

O manuscrito foi preparado e revisado com a participação de todos os autores, que declaram não haver conflito de interesses que coloque em risco a validade destes resultados

Contribuição dos autores:

Administração do projeto por Jorge Luis Tejada, Pedro Luís da Costa Aguiar Alves e Arthur Martins Barroso. Revisão de redação e edição por Jorge Luis Tejada, Leonel Alvarado Huaman e Luis Felipe Solis-Rosas-Diaz. Conceituação, supervisão e redação por Jorge Luis Tejada e Ebson Silva.

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