Aincontinência urinária (IU) é um problema de saúde que acomete milhões de indivíduos ao redor do mundo comprometendo a qualidade de vida desses sujeitos 1,2. Até 1998 a IU era apenas considerada apenas como um sintoma, contudo, a partir de então passou a ser entendida como uma doença constando assim nas Classificações Internacional de Doenças (CID/OMS) 1,2.
Visando valorizar a queixa dos pacientes acometidos a Sociedade Internacional de Continência (SIC) definiu a IU como sendo "qualquer perda involuntária de urina" 1-3. Sendo então classificada de acordo com seus os sinais em: Incontinência urinária de esforço (IUE), Incontinência urinária de urgência (IUU) e a Incontinência urinária mista (IUM) 4.
Dessa forma, quando a perda involuntária de urina pela uretra ocorre simultânea ou secundária ao aumento da pressão abdominal, como por exemplo, durante o exercício físico, episódios de espirro ou tosse, na ausência de contração do músculo detrusor, a IU é classificada como IUE; quando a perda urinária é precedida ou acompanhada por uma sensação urinária imperiosa de urgência, classifica-se a IU como IUU e quando há presença de ambas as características é classificada como sendo IUM 2,5-7.
Dados epidemiológicos vêm demonstrando que a IU deve ser encarada como um significativo problema de saúde pública, podendo mundialmente afetar de 20 a 50% das mulheres em alguma fase da vida 8,9. No Brasil, aproximadamente de 30 a 43% das mulheres sofrem com a I em algum momento da vida 8. Sendo a IUE o tipo mais prevalente 8-10.
Verifica-se então que a IU pode vir a contribuir de forma negativa na qualidade de vida dos indivíduos afetados; podendo ainda acarretar prejuízos importantes a nível físico, psicológico, social, econòmico e sexual 5,7. Comumente tem-se observado que pacientes incontinentes apresentam diversas alterações psicológicas tais como: alterações no ciclo de sono, desconforto, perda da autoconfiança, isolamento social, vergonha, autoimagem prejudicada, e consequentemente baixa percepção de saúde, ansiedade e depressão 5,7.
Mesmo não havendo um consenso, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a QV pode ser definida como a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações 11.
E nesse contexto, pacientes incontinentes, depressivos e ou ansiosos podem vir a sofrer impacto negativo em diversos aspectos de sua QV, necessitando de especial atenção seja a nível individual seja coletivamente para minimizar tais impactos. E mesmo assim a relação entre depressão, ansiedade e IU ainda não está clara.
Frente à tais adversidades relacionadas à IU, ansiedade e depressão em mulheres o presente estudo se propõe avaliar o impacto da incontinência urinária sobre a qualidade de vida e sua relação com a sintomatologia depressiva e ansiedade em mulheres.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo observacional com corte transversal, realizado no Hospital Universitário Ana Bezerra, no município de Santa Cruz-RN, entre setembro e novembro de 2014. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairí da Universidade Federal do Rio Grande do Norte- FACISA/UFRN (CAAE: 28006414.0.0000.556) de acordo com os princípios éticos estabelecidos pela resolução CNS 466/12.
Para o presente estudo foram incluídas mulheres com 18 anos ou mais com queixas relativas à IU, e como critérios de exclusão: Mulheres com Infecção ativa do trato urinário (ITU) ou vaginal; tabagistas; comprometimento neurológico; ooforectomia (menopausa artificial); déficit cognitivo que prejudiquem no entendimento ou resposta dos questionários; e por fim questionários respondidos de forma incompleta.
A amostra não probabilística do tipo "conveniência" foi calculada através do programa Epi-Info®, versão 7.0, considerando um erro relativo de 10% que correspondeu a um erro absoluto de 3,70. O cálculo de amostra foi realizado tomando-se como referência a população de 11814 mulheres dos 18 anos ou mais no município de Santa Cruz/RN, de acordo com dados do IBGE ©Cidades (2010). Para este cálculo amostral tomou-se como base um estudo que observou prevalência de depressão associada à incontinência urinária em uma população de mulheres em Porto Alegre, Rio Grande do Sul (RS), cuja frequência foi de 37,0% 12. Foi considerada uma amostra estimada de 40 indivíduos.
Foram abordadas 47 mulheres, porém, após verificação dos critérios de elegibilidade pré-estabelecidos 07 mulheres foram excluídas do estudo (01 ITU, 01 tabagista, 02 ooforectomia e outras 02 haviam demonstrado déficit cognitivo que dificultava a compreensão e aplicação dos questionários). Sendo então incluídas no presente estudo 40 mulheres garantindo assim a validade externa do estudo.
As participantes foram recrutadas através dos serviços ambulatoriais do HUAB/UFRN e Clinica Escola da FACISA/UFRN. As mulheres obrigatoriamente haviam apresentado alguma queixa relacionada à IU, classificadas de acordo com critérios pré-estabelecidos pela Sociedade Internacional de Continência (SIC).
Os dados foram coletados, de forma individualizada através de entrevista direta e em local reservado, em dias e horários alternados priorizando a conveniência dos sujeitos da pesquisa.
A ficha de avaliação simplificada e semiestruturada utilizada no presente estudo continha 21 itens referentes ao perfil sociodemográfico, história clinica e obstétrica, dentre outros dados; e ao final foi acrescido um item abordando a autopercepção depressiva,, conforme Knorst; Resende e Goldim 12.
Foram aplicados questionários específicos para avaliação da qualidade de vida (King's Health Questionnaire - KHQ)13, da ansiedade e da depressão (EHAD)14.
E por fim foi aplicada a EHAD com a finalidade de se identificar a presença ou não de sintomatologia depressiva. A EHAD foi traduzida, adaptada e validada para a língua portuguesa por Machado 14, e inicialmente utilizada para identificar sintomatologia depressiva e ansiedade em pacientes internados (clínicos ou cirúrgicos).
Os dados coletados foram inicialmente organizados em planilhas no Excel® 2010, e posteriormente transportados para o software estatístico StatisticalPackage for the Social Sciences - SPSS® 18.0 no qual foi realizada a analise estatística. Foi utilizada estatística analítica através de "teste t" ou da análise de variância - ANOVA, para tratar possíveis associações entre as categorias e quantitativas, conforme adequação do número de grupos; e por fim Teste Qui-quadrado de associação de Pearson. Para tanto todos os cálculos foram realizados considerando 90% de Intervalo de confiança (IC).
RESULTADOS
O presente estudo incluiu um total de 40 mulheres incontinentes, para a melhor adequação dos dados foram agrupadas tanto coletivamente quando divididas em grupos de acordo com o tipo de IU, para efeito de análise estatística verificou-se que os grupos apresentavam homogeneidade entre si quanto as características sociodemográficas (idade, renda, escolaridade, estado civil) bem como Índice de Massa Corpórea (IMC).
O perfil dessas mulheres mostrou que as mesmas tinham idade média de 45,12anos (±15,81), no qual a maioria possuía até o ensino médio incompleto (55,0%), relataram possuir renda entre 1 a 3 salários mínimos (47,0%), e estar vivendo em união estável (45,0%). Dentre essas mulheres a maioria relatou praticar regularmente alguma atividade física (55,0%) e negou ser hipertensa (60,0%), ter diabetes (85,0%) ou mesmo outras doenças associadas (70,0%).
Ao verificar a ansiedade entre as mulheres incontinentes verificou-se que 50,0% delas apresentavam ansiedade e 45,0% das mulheres com IU apresentavam sintomatologia depressiva.. Ao se verificar ainda a autopercepção de depressão dessas mulheres, através da pergunta "você se sente depressiva?", observou-se que 57,3% das mulheres percebiam-se depressiva. Contudo, não se identificou associação entre ansiedade, depressão ou perfil clinico e sociodemográfico (Tabela 1).
IUE = Incontinência Urinária de Esforço; IUU= Urgi-incontinência; IUM= Incontinência Urinária Mista; Φ Análise de variância (ANOVA); θ teste de Qui-Quadrado
Traçando-se o perfil uroginecológico e o histórico obstétrico dessas mulheres destacamos que o a maioria das mulheres apresentavam queixas condizentes com IU há 02 anos ou mais, onde 25% 10 apresentava IUE, 30,0% 12 IUU e 45,0% 18 IUM. Mostrou-se ainda que o número médio de gestações, partos e histórico de abortamentos dessas mulheres foi de 3,60 (±3,12), 3,15 (±2,83), 0,42 (±0,63) respectivamente.
E ao serem questionadas quanto ao tipo de parto, apenas 22,5% referiram parto cesárea, enquanto em se tratando de parto vaginal 72,0% haviam relatado ter vivenciado essa experiência. E a maioria (60,0%) havia tido parto vaginal exclusivamente. Verificou-se ainda que 52,5% das mulheres relataram episiotomia, 35,0% laceração e 67,5% constipação (Tabela 2).
IU = Incontinência Urinária, IUE= Incontinência Urinária de Esforço, IUU= Urgi-Incontinência, IUM= Incontinência Urinária Mista; Φ Análise de variância (ANOVA); θ Teste Qui-Quadrado de Pearson (IC=90%). * Associação estatisticamente significativa (p<0,05).
Em relação a vida sexual dessas mulheres viu-se ainda que a maioria apresentava vida sexual ativa (80,0%), sem queixas de dor durante a relação sexual (50,0%) e tinham percepção positiva de orgasmo (65,0%).
Ao se tratar esses dados para verificação de possíveis associações entre o perfil uroginecológico, o histórico obstétrico dessas mulheres com seus respectivos tipos de IU a única associação estatisticamente significativa encontrada foi com entre a presença de laceração e IUM (p=0,004), no qual as mulheres com esse tipo de incontinência apresentaram maior percentual de epsiotomia que as demais (72,2%), conforme visto na Tabela 2.
Quanto à análise do impacto da qualidade de vida dessas mulheres o presente estudo identificou comprometimento em todos os domínios da QV. Observando que os piores escores foram pontuados no que refere ao impacto da IU sobre a QV (média 60,62, DP±31,23), limitações das atividades diárias (49,66, DP±3 5,78), Limitações físicas (47,91, DP±35,44), Percepção de saúde (47,70, DP ± 24,38) e no domínio relativo às Emoções (46,94, DP±38,11), conforme elencado na (Tabela 3).
IU = Incontinência Urinária, IUE= Incontinência Urinária de Esforço, IUU= Urgi-Incontinência, IUM= Incontinência Urinária Mista; tipo de IU.
Ao se investigar eventuais associações entre os escores da QV com o tipo de IU, verificou-se que mulheres que apresentavam IUM apresentavam piores escores quanto limitações das atividades diárias (p=0,002), limitações sociais (p=0,049) e apresentavam uma gravidade da IU pior que as que apresentavam outro tipo de IU (p=0,035), (Tabela 4).
IU = Incontinência Urinária, IUE= Incontinência Urinária de Esforço, IUU= Urgi-Incontinência, IUM= Incontinência Urinária Mista; ♦ teste t, realizado utilizando IC = 90%; Φ Análise de variância (ANOVA), realizado utilizando IC = 90%; *Associação estatisticamente significativa (p<0,05).
Verificou-se ainda que mulheres incontinentes quando depressivas e ou ansiosas, segundo EHAD apresentavam piores escores relativos à percepção geral de saúde, limitações das atividades diárias, limitações físicas, limitações sociais, emoções e ainda quanto ao sono e disposição quando comparadas as que não apresentavam sintomatologia depressiva ou ansiedade (Tabela 4).
Viu-se ainda que mulheres incontinentes que apresentavam sintomatologia depressiva apresentavam ainda pior escores quanto às limitações pessoais que as não depressivas (p = 0,007), contudo, essa relação não foi verificada no tocante da ansiedade, (Tabela 4).
DISCUSSÃO
Muitas vezes, a IU é erroneamente interpretada como parte natural do envelhecimento, sobretudo nas mulheres, uma vez que as taxas de prevalência se elevam com a idade e são maiores nessa população devido à sua fragilidade anatòmica e hipoestrogenismo causado pelo processo de menopausa 10.
Mesmo que outros estudos demonstrem que com o passar da idade as mulheres tendem à desenvolver IU15 o perfil das mulheres incluídas no presente estudo vem indicar, assim como outros estudos, uma perspectiva contrária de que a IU muitas vezes não está diretamente relacionada ao processo de envelhecimento, uma vez que a maioria das mulheres estava na fase adulta, praticantes de atividade física, sem doenças crònicas associadas, assim como diabetes ou hipertensão 8. O que leva a crer que outros fatores, além da idade, poderiam estar associados a IU.
O perfil sociodemográfico das mulheres do presente estudo evidenciando mulheres de baixa renda e escolaridade pode ser um reflexo dos locais, instituições públicas e de caráter acadêmico, onde essas mulheres foram arroladas para a pesquisa. Perfis semelhantes foram observados por outros estudos 8,12.
A depressão, assim como a IU, deve ser encarada como um problema de saúde publica em virtude da sua prevalência cada vez maior na população 16. Estima-se que mundialmente pode afetar de 3 a 11% da população geral, sendo a prevalência de depressão 2 a 3 vezes mais frequente em mulheres do que em homens 17. No Brasil, esse número pode ser ainda maior, afetando 17,8% da população em geral 18.
O presente estudo identificou uma elevada prevalência de sintomatologia depressiva entre as mulheres incontinentes incluídas. Tal achado é similar à outros estudos realizados abordando depressão e incontinentes 12,19-21. Ko et al. 22 ao estudar qualidade de vida e depressão em uma população de 141.815 idosos com e sem depressão, estudo coorte, verificou que o grupo com IU apresentou até o dobro de chances de apresentar depressão que o grupo continente.
O presente estudo não identificou associações entre depressão ou ansiedade com o tipo de IU. Divergindo de Bradley et al.20 no qual identificou-se que a maioria das mulheres que apresentavam IUU ou IM mostravam-se mais depressivas que mulheres com outros tipos de incontinência e que mulheres com algum grau de IU utilizavam mais medicações para tratamento e controle da ansiedade e depressão que as mulheres sem IU 20.
Ainda nesse sentido, um estudo seccional de base populacional comparando homens e mulheres com IU em três países (Suécia, Estados Unidos da América, e Reino Unido) observou que mulheres com que queixa de IU mista ou IU esforço mostraram-se mais propensas a desenvolver ansiedade e depressão 23.
Quando comparadas com mulheres continentes as incontinentes comumente apresentam maiores índices de ansiedade, qualidade de vida prejudicada e baixa satisfação de vida 22. E nesse contexto a severidade da IU também se relaciona com estresse psicológico, restrições sociais, restrições nas atividades diárias e em consequência disso resultam em uma barreira para uma convivência social normal 5,7.
O Presente estudo verificou uma série de prejuízos na qualidade de vida das mulheres incontinentes incluídas. Principalmente no que se refere à limitações das atividades diárias, limitações físicas, percepção de saúde e emoções. Identificou ainda que mulheres que apresentavam IUM apresentavam piores escores quanto às limitações das atividades diárias, limitações sociais e apresentavam uma gravidade da IU pior que as que apresentavam outro tipo de IU. Tais achados foram semelhantes aos achados de Knorst; Resende; Goldim 12.
E corrobora com outros trabalhos ao evidenciar que mulheres com IU apresentam uma percepção de saúde negativa 12,24, e essa percepção é ainda pior quando a mulher é acometida por IUM.
Diante do prejuízo na QV das mulheres incontinentes o impacto psicossocial gerado por tais prejuízos pode apresentar-se mais devastador do que as consequências físicas sobre a saúde, resultando em efeitos múltiplos e abrangentes que influenciam as atividades diárias, a interação social e assim a autopercepção do estado de saúde 12.
Verifica-se ainda que as mulheres com IUM apresentaram gravidade da IU pior que as que eram acometidas por outros tipos de incontinência.
Observou-se ainda que a ansiedade nessa população foi responsável também por uma série de impactos negativos na QV, incluindo pior percepção de saúde, limitações físicas, das atividades diárias, sociais, impacto nas emoções, sono e disposição dessas mulheres.
Assim como a depressão a ansiedade quando relacionada à IU pode gerar graves limitações ao individuo incontinente. Verifica-se inclusive que pode agravar o quadro de ansiedade, uma vez que as mulheres incontinentes apresentam-se em constante inquietude ou estresse emocional em virtude de diversos aspectos de seu problema urinário 25.
Em um estudo prospectivo, coorte, Watson et al.26 ao investigar possíveis associações entre ansiedade, depressão e o grau de severidade da IU identificou que a depressão não mostrou-se associada ao grau de severidade da IU, porém a ansiedade foi associada ao fato das mulheres incontinentes apresentarem um grau de severidade menor, no qual era se observadas menos perdas urinárias que as mulheres não ansiosas.
Nesse contexto ainda vê-se que pacientes incontinentes, depressivos e ansiosos demandam uma atenção mais complexa uma vez que a presença da sintomatologia depressiva e ansiedade comumente desperta reações emocionais que podem interferir negativamente no progresso do tratamento 14.
Perante os resultados observados no presente estudo propõe que sejam instituídas cada vez mais nos serviços de saúde protocolos de detecção precoce para IU, depressão e ansiedade. E a implantação de programas de tratamento para esses agravos e promoção de saúde, como programas de bem estar, através de ações e intervenções individuais e ou coletivas, como por exemplo, atividades físicas, esportivas, educativas e de recreação voltadas para essa população.
Em suma o presente estudo identificou impacto negativo na qualidade de vida de mulheres com incontinência urinária, principalmente, impacto da incontinência urinária, limitações das atividades diárias, físicas, emoções e percepção de saúde.
Ainda relação à qualidade de vida, mulheres com IUM apresentaram piores escores quanto limitações das atividades de vida diária e sociais em relação às mulheres que apresentavam outro tipo de IU.
Observou-se uma elevada prevalência de ansiedade e sintomatologia depressiva nessa população. E que quando depressivas e ou ansiosas mulheres incontinentes apresentaram um impacto maior em sua QV que mulheres que não tinham sintomatologia depressiva e ou ansiedade.
E quanto às limitações do estudo cita-se a o desenho do estudo transversal e a forma de seleção da amostra. Uma vez que amostra não probabilística, do tipo "conveniência", caracteriza-se por inclusão de indivíduos que estão convenientemente disponíveis para participar de um estudo e por serem arrolados diretamente nos serviços de saúde apresentem quadros clínicos muitas vezes mais graves do que normalmente se observaria no resto da população ♦