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Aquichan
Print version ISSN 1657-5997
Aquichan vol.16 no.1 Bogotá Jan./Mar. 2016
https://doi.org/10.5294/aqui.2016.16.1.1
Editorial
Sucessos, lições e prioridades emergentes no sistema de editoração científica na Enfermagem da América Latina
Éxitos, lecciones y prioridades emergentes en el sistema de edición científica en enfermería en Latinoamérica
Successes, Lessons and Emerging Priorities in the Scientific Publishing System in Nursing in Latin America
Isabel Amélia Costa Mendes
Universidade de São Paulo, Brasil.
iamendes@eerp.usp.br
Na última década, os periódicos de enfermagem tiveram uma evolução digna de nota na qualidade do sistema de editoração científica, sob os esforços de enfermeiros-líderes que tomaram para si, em nome de suas instituições, a responsabilidade e o desafio de assumir essa missão.
Diferentemente do sistema padrão de editoração científica utilizado em países de outras regiões e continentes, em que o editor científico relaciona-se com uma empresa comercial especializada e a ela transfere toda a interface complementar e operacional para a edição do periódico, a área de enfermagem na América Latina assume todas as funções vinculadas ao papel do editor. Essa prática se dá por questões culturais, econômicas e sociais, que são os determinantes da assunção de papéis para os quais os envolvidos não foram profissionalmente preparados: aprendem com a prática, esforçam-se por adquirir expertise, muitas vezes, acumulando essa árdua responsabilidade a tantas outras de natureza acadêmica das quais suas instituições de vínculo não podem liberá-los para o exercício do papel de editor.
Esses enfermeiros empreendedores aprenderam a lidar e aplicar políticas e estratégias de editoração selecionando e acionando revisores especialistas voluntários, capazes de detectar a credibilidade científica e consistência do manuscrito, sua originalidade, rigor, estilo, adequação teórico-metodológica, dentre outras competências. Aos revisores, deve-se creditar o valor da cooperação, de grande utilidade para o trabalho do editor, a quem cabe, de fato, a decisão de publicar ou não os manuscritos. Embora o processo de revisão por pares seja adotado amplamente e seja revestido de reconhecidos méritos, apresenta limitações que precisam ser constantemente avaliadas pelo editor.
Dentre as lições de sucesso dos mencionados empreendedores, podemos elencar a capacidade de estabelecer e cumprir metas de normalização, periodicidade, pontualidade, indexação gradativa e crescente em termos de quantidade e qualidade das bases de dados, o que repercute positivamente na valorização científica da profissão, de seus autores e das instituições a que estão ligados em cada país.
Nesse contexto, é de se ressaltar os ganhos obtidos por toda a comunidade em decorrência da introdução gradativa de títulos de enfermagem em bases que disponibilizam todos os artigos em acesso aberto. Ao mérito de ser admitido em uma base de elevado conceito e utilidade, deve ser somado o mérito da permanência nessas bases, o que só ocorre se indicadores de produtividade qualificada e de impacto forem alcançados com a frequência esperada. Assim, aos editores recaem cada vez mais responsabilidades e desafios.
Movimentos solidários e estratégias de compartilhamento têm surgido ao longo do caminho, como a organização de fóruns de discussão em cada país da região, o que resulta em ganhos para os editores, para os autores e para a Enfermagem. Há vários exemplos dessas conquistas e de iniciativas bem-sucedidas. Dentre elas, cabe aqui ressaltar o trabalho em rede, por meio de iniciativas nacionais e a RedEDIT, criada em 2006. Essa rede tem como metas o alcance de padrões homogêneos de qualidade e estratégias comuns para indexação, além de amplitude à visibilidade do conhecimento gerado pela Enfermagem Ibero-americana. Entre suas funções mais promissoras estão as de estimular e manter o interesse e o vínculo entre os membros da Rede, coordenar atividades regionais de disseminação e capacitação de técnicos e editores, promover encontros bianuais presenciais para discussão de temas no Fórum Latino-americano de Editoração Científica em Enfermagem. Além do seu evento próprio, a RedEDIT reúne suas lideranças anualmente, seja nos Colóquios Pan-americanos de Investigação em Enfermagem, organizados por Centros Colaboradores da OPS/OMS da região das Américas, com o apoio da OPS/OMS, seja nos eventos organizados pela Associação Latino -americana de Escolas e Faculdades de Enfermagem (Aladefe). São membros dessa Rede 43 periódicos oriundos de 11 países (1), representados nas reuniões por seus editores e colaboradores, que estão abertas aos interessados no tema. Também é aberta à inclusão de outros periódicos.
Os êxitos obtidos nessa trajetória pelas revistas apresentamse acompanhados por desafios que vão surgindo na medida em que se galgam novos patamares, como o aumento da produtividade e consequente demanda de manuscritos. Esse desafio aponta para uma prioridade a ser enfrentada pelos editores, em articulação com as instituições formadoras de pesquisadores: o sistema precisa contar com um quantitativo maior de revisores qualificados.
Uma segunda prioridade que emerge também na medida do volume e da complexidade do sistema de editoração é sua profissionalização. Temos defendido que a Enfermagem precisa encarar a editoração científica como um negócio e destiná-la a empresas do setor, as quais possuem profissionais com as competências necessárias para oferecer o apoio e prestar os serviços especializados que os editores científicos precisam. Poderão estes, assim, manter seu foco na definição da política editorial e na gestão do conhecimento a ser disseminado pela revista e na gestão dos talentos que contribuem com a faceta científica da editoração.
Portanto, são prioridades emergentes: investir na formação e no desenvolvimento de revisores e associar-se a editores profissionais. Temos defendido essa visão em reuniões regulares sobre editoração e acreditamos que é chegada a hora de ações correspondentes. Valoriza-se, assim, os enfermeiros-editores, empreendedores que têm trazido inquestionável contribuição para a Enfermagem!
Referências
1. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. Centro Colaborador da OPAS/OMS para o desenvolvimento da pesquisa em enfermagem. RedEDIT. 2015 [acesso em 10 dez. 2015]. Disponível em: http://www.eerp.usp.br/whocc/ [ Links ]