Introdução
A formação do profissional de saúde é objeto de reflexões, visto que há necessidade de recursos humanos capacitados para atender às necessidades do sistema de saúde brasileiro com todas suas particularidades.
Para responder a tal desafío, a formação dos profissionais de saúde atuantes no sistema de saúde vigente no Brasil -Sistema Único de Saúde (SUS), é objeto de frequentes estudos e reformulações. Desde o final da década de 1980, propostas de mudança na formação em saúde vêm sendo discutidas para qualificação dos recursos humanos para o bem cuidar da população. Como estratégia de reorganização dos serviços públicos com base nos preceitos do SUS, em novembro de 2005, foi instituído o Programa de Residência Multiprofissional em Saúde, com foco na produção de condições necessárias para a mudança do modelo assistencial restritivo de atenção à saúde 1. As residências multiprofissionais (RM) e em área profissional da saúde abrangem as profissões Biomedicina, Ciências Biológicas, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Psicologia, Serviço Social e Terapia Ocupacional 2.
O modelo biomédico, ainda pauta a formação dos demais profissionais da saúde de forma fragmentada e dificulta a formação generalista sob o ponto de vista de entendimento da intervenção e dos condicionantes do processo saúde-doença da população, criando obstáculos para a integralidade da assistência 3. Torna-se necessário, então, que o processo de formação esteja articulado com o mundo do trabalho e que o profissional seja preparado para trabalhar em equipe multiprofissional, para proporcionar a integralidade da atenção e a atuação, de acordo com as diretrizes e os princípios do SUS.
As RM, segundo Feuerwerker, foram inspiradas na residência médica, e têm como objetivo a articulação dos conhecimentos, muitas vezes fragmentados e desarticulados, adquiridos na graduação, com a complexidade dos determinantes que se inter-relacionam na vida e no cuidado à saúde da população 3.
A residência médica foi implantada no Brasil em 1944-1945, e é alvo de apontamentos críticos relacionados, sobretudo, à adequada oferta de supervisão qualificada e aos potenciais efeitos deletérios da carga horária de trabalho e da privação do sono 4. Experiências com residências médicas têm evidenciado que o treinamento pode ter efeitos deletérios à saúde, bem-estar e na qualidade de vida pessoal do profissional, bem como ser prejudicial à sua sensibilidade em relação aos pacientes, no seu desempenho profissional e acadêmico 5,6. Dada a recente implementação dos programas de RM, são encontrados poucos estudos na literatura, que investiguem a saúde dos residentes multiprofissionais.
Diante da contextualização recente dos programas de RM e de sua perspectiva como uma política indutora para qualificação do sistema de saúde brasileiro, é importante ter atenção à saúde do residente, uma vez que ele como protagonista neste processo é exposto à demanda de trabalho e expectativa de aprendizagem qualificada. Assim, o objetivo do estudo foi analisar e correlacionar a qualidade de vida, estresse e satisfação com o trabalho de residentes multiprofissionais de uma universidade pública do estado de São Paulo.
Materiais e métodos
Trata-se de um estudo transversal com residentes multiprofissionais de uma universidade pública do estado de São Paulo, matriculados nos anos de 2014 e 2015, do primeiro e segundo ano de cinco programas de RM com 90 vagas disponíveis, com inserção na atenção primária à saúde, na média e na alta complexidade. Foram excluídos os residentes em licença de qualquer natureza no período da coleta de dados. Esta foi realizada, inicialmente, via contato por e-mail com os representantes dos residentes de cada programa, os quais disponibilizaram os endereços eletrônicos dos indivíduos que aceitaram passar seus contatos, totalizando 61. Apenas 2 residentes negaram-se a disponibilizar seus contatos. Assim, os residentes foram convidados, por três tentativas em uma periodicidade de 15 dias, a participar da pesquisa, por meio de um questionário online (figura 1).
Foram avaliados: perfil sociodemográfico e ocupacional, qualidade de vida, estresse e satisfação com o trabalho.
O perfil sociodemográfico e ocupacional foi composto por questionamento sobre sexo, idade, estado civil, cor/raça, ocupação (de acordo com a Classificação Brasileira de Ocupações), prática de atividade física (questionário internacional de atividade física versão curta - IPAQ CURTO), tempo e disposição para o lazer, atividades profissionais fora da residência, formação prévia (outras pós-graduações), meios de transporte para chegar ao local de trabalho, atividades remuneradas além da RM 7,9.
Para a análise da qualidade de vida foi utilizado o WHOQOL-bref, que valoriza a percepção individual da pessoa. Trata-se de instrumento curto, de rápida aplicação e recomendado tanto para pessoas com algum tipo de doença como para as saudáveis 10. Foi validado para português brasileiro, ou seja, pt/br, e apresentou boa consistência interna, validade discriminante, validade concorrente, validade de conteúdo e confiabilidade teste-reteste 11. É composto por 26 questões para avaliar qualidade de vida em diversos grupos e situações. A primeira refere-se à qualidade de vida de modo geral e a segunda, à satisfação com a própria saúde, o que gera o escore da qualidade de vida geral 10. As outras 24 perguntas formam os domínios físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente 11. A cada item do questionário as respostas variam de 1 a 5, de forma que quanto mais próxima de 5, melhor a qualidade de vida. A soma dos escores finais médios de cada domínio são calculados por uma sintaxe, resultando em escore que pode variar entre 4 e 20 12. Utilizando-se a correspondência entre o WHOQOL-100 e o WHOQOL-bref, o resultado mais próximo de 100 representa melhor qualidade de vida 13,15.
Para a avaliação do estresse no trabalho foi utilizado Inventário de Sintomas de Stress para Adultos (ISSL), que permite diagnosticar o estresse, a prevalência dos sintomas (físicos ou psicológicos) e as fases de alerta, resistência e exaustão com alta confiabilidade (coeficiente alfa de 0.9121) 16,17. O ISSL possui 37 itens de natureza somática e 19 de natureza psicológica, compondo, no total, 53 sintomas divididos em três partes, que se referem às fases do estresse: alerta - o primeiro sintoma experimentado nas últimas 24 horas (> 7 pontos); resistência - sintomas da última semana (> 4 pontos); exaustão - sintomas do último mês (> 9 pontos) 18. A correção e a interpretação do ISSL foram realizadas por psicólogo (CRP 06/79121) 16.
A satisfação com o trabalho foi avaliada por meio da Escala Satisfação no Trabalho do OSI- Occupational Stress Indicator de Cooper, Sloan e Williams, com tradução e validação para o português brasileiro, ou seja, PT/BR, considerada com boa validade para medidas da saúde física e do componente psicossomático 19,21. São utilizados 22 aspectos psicossociais do trabalho, que compõem uma escala de Likert de seis pontos, e não possui um valor de corte definido ou divisão em níveis. A categorização foi feita segundo Martinez (2002) 17. 1. insatisfação: enorme insatisfação e muita insatisfação; 2. satisfação intermediária: alguma insatisfação e alguma satisfação; 3. satisfação: muita satisfação e enorme satisfação. Para melhor compreensão, as questões do OSI foram classificadas em seis domínios: comunicação - questões 1 e 10; relacionamento - questões 2, 13, 15 e 18; motivação - questões 5 e 8; realizações - questões 3, 4, 16, 17, 19, 20 e 22; perspectivas - questões 6, 7, 12 e 14; cobranças - questões 9, 11 e 21 22.
Os dados coletados foram analisados por meio do programa STATA versão 12. Para a análise das variáveis sociodemográficas, ocupacionais, da satisfação com o trabalho e qualidade de vida, foram utilizadas medidas de tendência central e dispersão e porcentagem. Foi estimada a prevalência de estresse com intervalo de confiança de 95 %. Foram analisadas as correlações e construídas as análises de regressão linear simples para verificar a interferência dos domínios da qualidade de vida com a qualidade de vida geral. Foi feita a correlação de Pearson entre os domínios (físico, psicológico, social e meio ambiente) e o domínio global da qualidade de vida. Por fim, para verificar a contribuição das variáveis sociodemográficas, ocupacionais, estresse e de satisfação com o trabalho nos domínios da qualidade de vida foram construídas regressões lineares múltiplas. O nível de significância adotado foi de 5 %.
Somente os residentes multiprofissionais que concordaram com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido participaram do estudo. Atendendo-se às Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos do Conselho Nacional de Saúde, o projeto desta pesquisa foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (Protocolo: 041292/2015) 23.
Resultados
Dos 63 residentes dos programas estudados, foram obtidos 61 contatos de e-mail e 42 residentes multiprofissionais responderam à pesquisa.
A prevalência de estresse na amostra foi de 78.9 % (IC95 %: 65.3 % - 92.5 %). A maioria dos residentes com estresse estava na fase de resistência (64.3 °/O), 9.5 °% alerta, 2.4 °% exaustão, 9.5 % alerta/resistência e em 14.3 % não foi possível determinar a fase.
Os sintomas de estresse prevalentes na fase de alerta foram tensão muscular (81 °%), mudança de apetite (54.8 °%), insónia (38.1 °%), ranger de dentes (35.7 °%). Na fase de exaustão, insónia (38.9 °%), mudança extrema de apetite (27.8 °%), problema dermatológico prolongado (22.2 °%), tiques e diarreias (16.7 °%). Os sintomas psicológicos na fase de alerta foram entusiasmo súbito (23.8 °%) e motivação e iniciar novos projetos (21.4 °%). Na fase de resistência foram pensar num único assunto (52.8 °%); dúvida de si próprio (50 °%), irritabilidade e sensibilidade excessiva (47.2 °%). Enquanto na fase de exaustão foram cansaço excessivo (69.4 °%), vontade de fugir (58.3 %), e ansiedade (44.4 %).
Para a satisfação com o trabalho (figura 3), os aspectos com os quais há maior proporção de residentes satisfeitos são: o grau em que a organização absorve as potencialidades que julga ter - potencialidades (35.7 °%) e a estrutura organizacional da sua residência - estrutura (35 °%). Já os aspectos com maior proporção de residentes insatisfeitos foram: relacionamento com outras pessoas nos locais de trabalho em que atua na residência - relacionamento (40.9 °%) e o grau de flexibilidade e de liberdade que julga ter em seu trabalho - flexibilidade (40.5 °%).
Com relação à qualidade de vida, a tabela 2 mostra o domínio psicológico, como sendo o melhor aspecto da QV. Em segundo lugar, tem-se o domínio físico, seguido da qualidade de vida geral, do meio ambiente e do domínio de relações sociais, respectivamente. Na mesma tabela, evidencia-se a influência que todos os domínios da qualidade de vida tiveram contribuição significativa sob o domínio geral (p < .001).
A fim de estudar o efeito das características sociodemográficas, ocupacionais e do estresse em cada um dos domínios de qualidade de vida do WHOQOL-Bref (psicológico, físico, meio ambiente, relações sociais e qualidade de vida geral), foram feitos modelos de regressão linear múltipla das características, nos quais os domínios eram colocados como variáveis dependentes. Na tabela 3, pode-se observar que utilizar carro como meio de transporte influencia negativamente a qualidade de vida geral, o domínio físico, o domínio social e o domínio ambiental. Ainda, nota-se que ter disposição para realizar atividades de lazer influencia positivamente os domínios geral, físico e psicológico. Ter estresse tem influência negativa no domínio psicológico. O maior o tempo de deslocamento entre a moradia do residente e os locais de atuação na RM é risco para o domínio social. Para o domínio ambiental, ter tempo para lazer é um fator de proteção.
Discussão
Ao analisar os dados, notou-se um perfil semelhante a outros estudos com residentes nos quais há predominância de residentes multiprofissionais do sexo feminino, solteiros e sem filhos, na faixa etária entre 22 e 35 anos 24,25. Nas últimas décadas, houve intensificação da participação das mulheres na atividade económica 26. Haddad et al. destacaram a predominância feminina em 13 cursos, de um total de 14, de graduação na área da saúde.
Nas profissões mais encontradas no nosso estudo, os autores observaram prevalência feminina de 90 °% entre os estudantes de serviço social, terapia ocupacional, fonoaudiologia e nutrição 27. Desta forma, pode-se destacar a feminização da força de trabalho no setor da saúde.
Diante da observação de que 78.9 °% dos residentes estavam estressados, se faz necessário refletir a influência deste dado na saúde dos profissionais. Dias et al. afirmaram que o estresse, além de poder desencadear doenças físicas, leva a esgotamento emocional e atitudes desfavoráveis em relação ao trabalho e mudanças comportamentais para com os colegas 28. Ainda, o estresse tem relação direta com a produtividade do indivíduo, de forma que fisiologicamente a presença dele interfere na diminuição de produção de adrenalina, o que o torna apático e menos produtivo 29. A maioria dos residentes encontravam-se na fase de resistência, na qual o indivíduo automaticamente tenta lidar com os seus estressores, de modo a manter sua homeostase interna. Nesta fase, há manifestação de sintomas da esfera psicossocial, entre elas medo, isolamento social, ansiedade, impotência sexual e oscilação do apetite 30. Se os fatores estressantes forem persistentes ou em grande dimensão, o indivíduo passa para a fase de exaustão, na qual não consegue mais conviver com o estresse e pode desenvolver doenças como hipertensão arterial, depressão, ansiedade entre outros problemas 31,32.
Para satisfação com o trabalho, a maior parte dos residentes encontrava-se no nível de satisfação intermediária. Entre os motivos de insatisfação, encontrava-se o relacionamento com os pares. Estudos destacam que o relacionamento ruim entre colegas influencia na satisfação no trabalho, o que corrobora com nossos achados. Ramires et al. identificaram que a insatisfação no aspecto relacionamento estava associada ao esgotamento profissional 33,34. Diante dos dados apresentados, torna-se fundamental a discussão quanto estratégias de auxílio ao enfrentamento destas questões dentro do contexto da RM. Em nosso estudo, 40.5 °% dos sujeitos se declararam insatisfeitos com o grau de flexibilidade e de liberdade que julgam ter em seu trabalho. O residente é um profissional que, perante seu conselho de classe e à sociedade, responde pelas ações as quais executa em seu trabalho. Por vezes, este é tratado somente como aluno, e desta forma tem sua autonomia diminuída. Sua participação no processo de trabalho deve ser ressaltada, pois ele está em treinamento e qualificação para melhor cuidar e atender as necessidades da população. De modo que é importante olhar além do conhecimento técnico-científico para valorizar também seu desenvolvimento como pessoa, para que o conhecimento profissional também seja balizado. A implantação de planos de fortalecimento das relações interpessoais no trabalho, programas específicos de promoção e prevenção da saúde física e mental dos profissionais são fundamentais para o processo de humanização das instituições de saúde e, por conseguinte, para melhoria do sistema de saúde 35. Assim, ao olhar e cuidar do residente, estamos indiretamente cuidando da população.
Com relação à qualidade de vida, não existem pontos de corte que determinem acima ou abaixo do qual se pode identificar esta como "ruim" ou "boa" 14. Contudo, pode-se traçar um paralelo para com a população em geral. Em nosso estudo, observou-se que o domínio psicológico, que avalia se o entrevistado está satisfeito com a frequência de sentimentos negativos ou consigo mesmo e com sua aparência, entre outras, mostrou média significativamente mais elevada em relação aos demais domínios. As relações sociais apresentaram a menor média dentre os domínios. Neste item, são abordados o apoio que recebe, a satisfação com a vida social e com as pessoas do seu círculo social. Os dados do questionário de satisfação com o trabalho, mostram baixa satisfação com o relacionamento entre os pares. Todos os valores foram inferiores ao de enfermeiros de unidades de terapia intensiva e nutricionistas, fisioterapeutas e enfermeiros de um hospital universitário, exceto o meio ambiente. Ainda pode-se destacar que em todos os domínios as médias apresentadas foram inferiores quando comparados à população brasileira em geral (físico = 58.9, psicológico = 65.9, social = 76.2 e meio ambiente = 59.9) 36,37.
Estes dados apontam para a necessidade de se ter atenção quanto à qualidade de vida dos residentes multiprofissionais. Nossos achados mostram que ter tempo e disposição para realizar atividades de lazer são fatores de proteção para qualidade de vida. Entretanto, utilizar carro para chegar aos locais de atuação da residência, presença de estresse e maior tempo de deslocamento entre a moradia do residente e os locais atuação na RM, tiveram influência negativa para esta variável. A utilização de carro como meio de transporte nas grandes cidades frequentemente enfrenta congestionamentos, que podem provocar efeitos indiretos à saúde, como estresse e ansiedade, diminuição do tempo em que o indivíduo pode realizar outras atividades como lazer, estar entre familiares ou descanso.
É importante considerar que os resultados esperados dos programas de treinamento em serviço de saúde, como é o caso das RM, são influenciados pela estrutura e logística dos mesmos. Segundo a Resolução CNRMS n°3, de 4 de maio de 2010, os Programas de Residência Multiprofissional em Saúde e em Área Profissional da Saúde devem ter a duração mínima de dois anos, com uma carga horária mínima total de 5760 (cinco mil, setecentos e sessenta) horas, o que equivale a uma carga de 60 horas semanais 38. Em um momento cultural no mundo do trabalho em que os sindicatos trabalhistas defendem a diminuição da jornada de trabalho principalmente devido à sobrecarga à saúde do trabalhador, a carga horária estabelecida pelos programas RM ultrapassa aquela definida pelas organizações competentes das profissões abrangidas. Afim de atender as necessidades de saúde do sistema brasileiro, o treinamento e a qualificação do profissional de saúde têm passado por reestruturações, de modo que as estratégias implementadas visam a integralidade do cuidado. Tais mudanças, quando bem planejadas e desenvolvidas, podem ser positivas na atuação do profissional e, por conseguinte, na assistência à população.
A prevalência do estresse nos residentes multiprofissionais foi alta, a maioria encontrava-se na fase de resistência seguida das fases de alerta e exaustão. Houve predominância de satisfação parcial em relação à satisfação com o trabalho de modo geral. A maior proporção de residentes satisfeitos foi com o quanto os programas absorvem suas potencialidades, suas estruturas organizacionais e implementação de mudanças e inovações. Em oposição, estavam insatisfeitos com o relacionamento com outras pessoas, com a flexibilidade e com liberdade no trabalho. A qualidade de vida dos residentes multiprofissionais aqui estudados avaliada pelo instrumento WHOQOL-bref apresentou as seguintes médias: domínio físico = 56; domínio psicológico = 58.2; meio ambiente = 52.1; relações sociais = 44.7 e qualidade de vida geral = 52.5. O estresse e a mobilidade urbana contribuíram negativamente para a QV, por outro o lazer teve influência positiva.
Vale considerar que este estudo foi transversal, não possibilitando fazer afirmações de causalidade. Apesar de estudarmos os diversos programas de RM, os resultados referem-se a uma faculdade de uma universidade pública do estado de São Paulo.
Sabe-se que a qualidade de vida envolve outros fatores além do trabalho, contudo, estes profissionais dedicam boa parte de suas horas semanais à residência, de modo que pode-se sugerir que as diretrizes dos programas RM estudados sejam discutidas a fim de fortalecer o relacionamento entre os profissionais, diminuir o estresse apresentado entre os outros fatores apontados como prejudiciais à saúde destes, o que pode favorecer também os serviços de saúde, nos quais eles estão inseridos, na medida em que indivíduos satisfeitos podem influenciar positivamente a qualidade da assistência prestada. Em geral, poucos estudos contemplam a saúde do residente multiprofissional, dessa forma sugere-se que sejam realizadas mais pesquisas a fim de explorar a saúde, o trabalho, o bem-estar físico e mental desses trabalhadores.