Introdução
No dia 1º de agosto de 2017, rodovias foram bloqueadas, em pelo menos seis estados brasileiros, por caminhoneiros que protestavam contra o aumento dos impostos praticados sobre o preço dos combustíveis e outros direitos e interesses no setor de transporte (g1 O portal de notícias da Globo, 2017a). Fatos como este têm se tornado frequentes no contexto brasileiro, o que tornam os ambientes de negócios cada vez mais turbulentos, num país onde 61,1 % do transporte de carga nacional são realizados pelo modal rodoviário (Confederação Nacional de Transportes, 2017).
Dezenas de empresas sofrem impactos por estarem conectadas à mesma rede de suprimentos em decorrência de rupturas no fluxo de bens e/ou informações advindos de eventos inesperados e inevitáveis. Tais eventos podem ter origem interna (quebra de máquina), externa (bloqueio de rodovias, como exemplo anterior) ou ambiental (eventos climáticos, como enchentes). Como consequência, empresas têm registrado queda de rendimentos financeiros e de desempenho anualmente (The Global Risks Report, 2017).
O conceito de cadeias de suprimentos resilientes tem como premissa a ideia de que nem todos os riscos potenciais podem ser evitados. Logo, é preciso preparo organizacional para lidar com interrupções inesperadas, respondendo a estas de forma efetiva e recuperando-se delas o mais rápido possível (Christopher & Peck, 2004; Chopra & Sodhi, 2014). Segundo a perspectiva de Välikangas (2010)), no passado, o conceito de resiliência era considerado inovação; no entanto, com as atuais crises e frequentes transformações ocorridas nos cenários de negócios, a resiliência passou a ter urgência para as organizações. Nesse novo ambiente, resiliência passa a ser essencial à sobrevivência dos negócios em longo prazo.
Indústrias de pequeno porte, em sua grande maioria, contam com processos terceirizados e poucos fornecedores para cada procedimento realizado, o que as deixam vulneráveis a possíveis rupturas em suas cadeias de suprimentos. Diante desse contexto, como a empresa em estudo pode torna-se resiliente em casos de ruptura no fluxo de bens? O presente artigo busca mapear as práticas realizadas por uma indústria de pequeno porte de modo a verificar se estas podem auxiliar na resiliência de sua cadeia de suprimentos. Para tanto, utilizou-se o método do estudo de caso, identificando práticas resilientes no sentido dos fornecedores e clientes da indústria metalomecânica e analisando a cadeia de suprimentos.
O artigo se estrutura em quatro seções. Na fundamentação teórica, são explicitados o conceito de resiliência e as práticas presentes na literatura. Posteriormente, é apresentado o método de pesquisa, seguido do estudo de caso, em que os resultados obtidos são discutidos e as propostas de práticas resilientes são levantadas. Por último, conclusões, limitações da pesquisa e propostas de futuros trabalhos são destacadas.
Fundamentação teórica
Uma cadeia de suprimentos é definida por Simchi-Levi, Kaminsky e Simchi-Levi (2009)) como atividades correlacionadas ao fluxo de informação e transformação dos produtos, tendo origem na extração da matéria-prima e, como destino, a entrega da mercadoria/serviço ao cliente final. Como consequência, centenas de empresas fazem parte de uma rede complexa e extensa, a qual engloba vários níveis (tiers) de fornecedores e clientes. A figura 1 ilustra uma estrutura genérica de cadeia de suprimentos.
Nesse contexto, há uma crescente necessidade de conscientização das organizações diante de riscos de diferentes naturezas - externos (risco de demanda e risco de fornecimento), internos (risco de processo e risco de controle) e ambientais (risco ambiental). O quadro 1 apresenta exemplos de rupturas no fluxo de bens listados na literatura.
Para Jüttner e Maklan (2011), tais fatores incentivam estudos sobre resiliência com objetivo de desenvolver métodos e sistemas seguros e flexíveis o suficiente para reagir a quebras inesperadas. O conceito de resiliência organizacional foi inicialmente utilizado para descrever a necessidade de as instituições reagirem mais rápido às modificações do ambiente de negócios (Nogueira & Hallal, 2013). Kamalahmadi e Parast (2016) e Ali, Mahfouz e Arisha (2017) definem resiliência como um conjunto de capacidades organizacionais responsáveis por combater e superar rupturas repentinas e inevitáveis no ambiente com ações proativas e reativas de antecipação, adaptação, resposta, recuperação e lição aprendida.
A partir de meados de 2000, pesquisadores e gestores têm desenvolvido diferentes estudos voltados à resiliência na organização e na cadeia de suprimentos. O quadro 2 lista as práticas resilientes identificadas a partir da literatura, suas descrições, e as principais referências utilizadas.
Método de pesquisa
O presente trabalho utiliza como método da pesquisa o estudo de caso único descritivo com abordagem qualitativa. O estudo de caso destaca-se como um dos mais relevantes meios de pesquisa na Engenharia de Produção, em especial, para a criação de novas teorias (Martins, Mello, & Turrioni, 2013). O enfoque descritivo tem como propósito descrever com detalhes o comportamento real das variáveis relacionadas à pesquisa, de forma a auxiliar no entendimento do problema observado. Já a pesquisa qualitativa permite a realização de estudos aprofundados sobre determinado tópico, além de oferecer maior liberdade para que o pesquisador explore o tema conforme seu interesse (Yin, 2016).
Para a condução do estudo, algumas etapas foram seguidas (figura 2). Essas etapas permitem que o estudo de caso se torne a investigação empírica de um fato atual dentro de um cenário de vida real.
A revisão de literatura seguiu as etapas definidas por Martins, Mello e Turrioni (2013): pesquisar trabalhos relevantes para o tópico em estudo, analisar, comparar e sintetizas as ideias e conceitos observados em relação ao desenvolvimento do trabalho em questão e integrar os resultados obtidos na fundamentação teórica. A busca na literatura foi realizada com base em estudos relevantes, a fim de responder às seguintes questões: O que se entende por resiliência na cadeia de suprimentos? Quais práticas são utilizadas para tornar a cadeia de suprimentos resiliente?
De modo a respondê-las, artigos científicos foram identificados a partir da busca no portal de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior/Ministério da Educação (que inclui 156 bases de dados, as quais se destacam Web of Science, Scopus, Science Direct e Wiley Online Library), a qual utilizou as palavras-chave: cadeia de suprimentos resiliente (resilient supply chain), resiliência na cadeia de suprimentos (supply chain resilience), práticas resilientes (resilient practices). Esses termos foram utilizados individualmente nas buscas separadas no portal supracitado. Não foi estabelecido nenhum intervalo de tempo para busca com vistas a obter um panorama sobre a temática ao longo dos anos.
Coleta de dados
A indústria escolhida para condução deste estudo de caso único é uma empresa de pequeno porte, que conta com um quadro enxuto de colaboradores. O seu portfólio é bastante amplo e contempla, em geral, acessórios para portas e janelas. Entre os mais comercializados, destacam-se fechaduras, roldanas, puxadores e batentes. Para a coleta de dados, foram realizadas entrevistas aprofundadas, análise de dados secundários e observação in loco dos processos operacionais da empresa. Logo, com o cruzamento e integração dos dados (triangulação), tornou-se possível fornecer um embasamento claro para o alcance de resultados confiáveis.
As entrevistas foram realizadas com a gerência e a direção da empresa (quadro 3). Entende-se que estes níveis hierárquicos contam com uma visão ampla do negócio, pois possuem contato com todos os setores da organização: Compras, Vendas, Produção, Logística e Administração em geral.
A entrevista serviu de base para ter um conhecimento mais aprofundado da organização. As perguntas foram no sentido de buscar entender por quais rupturas a empresa tem passado (ou passou) e como faz (fez) para se recuperar. A partir desses questionamentos, que foram feitos de maneira não estruturada, foi possível identificar diferentes práticas resilientes que a empresa aplica (discutidas na próxima seção - quadros 4, 5 e 6).
Análise de dados
Para a análise dos dados, foi utilizada a estratégia de confrontar os dados coletados com a teoria pesquisada na literatura existente. Dessa forma, foi montado um quadro que relaciona as ações adotadas pela empresa com as práticas resilientes indicadas na pesquisa (quadro 7).
Resultados e discussão
Neste tópico, são apresentados os resultados obtidos por meio da coleta de dados, com destaque para as rupturas no fluxo de bens e/ou informações de origem interna (quadro 4), externa (quadro 5) e ambiental (quadro 6).
Rupturas internas
Os eventos de rupturas internas relatados pelos entrevistados, assim como a identificação de práticas resilientes embutidas nas ações da empresa, são destacados no quadro 4. Como rupturas internas, observaram-se: a ocorrência de quebras de máquina, falhas de comunicação interna, má gestão e falhas na comunicação interna, e problema estrutural na planta fabril.
As quebras de máquinas foram solucionadas com a execução de manutenção corretiva e preventiva. A primeira é considerada uma como uma das ações dentro do plano de contingência (McManus et al., 2007; Costa, Silva & Pereira, 2016), enquanto a segunda pode ser considerada uma prática de gestão de risco (Christopher & Peck, 2004; Pereira, Christopher & Silva, 2014; Ali, Mahfouz & Arisha, 2017; Durach & Machuca, 2018; Koronis & Ponis, 2018). Sugere-se, para complementação, a manutenção produtiva total, a implementação da prática de manutenção preditiva dentro de gestão de risco, além da criteriosa seleção de fornecedores (Tukamuhabwa et al., 2017), de forma a contratar parceiros que forneçam componentes de qualidade.
As falhas na comunicação interna no atendimento de pedidos são enfrentadas com um plano de contingência, em que a gestão sinaliza a produção (de maneira imediata) e solicita a priorização imediata do pedido em atraso. Sugere-se que a organização invista em melhorias na comunicação interna com a utilização de quadros de gestão visual que informem detalhes sobre o atendimento do pedido, além de passar a programação de produção diária para a equipe de manufatura. De forma complementar, a gestão de estoque (Pereira & Silva, 2015), citada pela literatura, também pode ser adotada como forma de atender a variações na demanda e urgências quando há problemas no processo interno. Isso incrementa, por consequência, a resiliência da cadeia ante essa ruptura.
Má gestão de recursos financeiros e falhas na comunicação interna impactaram na falta de capital para a compra de matéria-prima necessária ao atendimento de pedidos. Essas rupturas foram solucionadas com a comunicação com clientes, ao buscar prazos de entrega mais estendidos e arrecadar capital nesse meio-tempo; posteriormente foi desenvolvida uma gestão estratégica para renovar a gestão da empresa e melhorar a comunicação interna. Nesse caso, a literatura indica a gestão da capacidade associada às medidas de desempenho e de coordenação (McManus et al., 2007; Mathaisel & Comm, 2011), em que a atuação de sua gestão passa a estar alinhada às estratégias e objetivos definidos pela empresa. A gestão de estoque (Christopher & Peck, 2004; Pereira, Christopher & Silva, 2014; Ali, Mahfouz & Arisha, 2017) possibilita administrar custos e quantidades condizentes de estocagem, de forma a proporcionar à organização uma manutenção de estoque sensata.
No caso do problema estrutural, ocasionado pela formação de goteiras na fábrica, a gestão da empresa aplicou a reforma do telhado e a reorganização do estoque como ações corretivas aos impactos de atraso no fluxo produtivo e atraso no prazo de entrega de pedidos aos clientes. Esses posicionamentos evidenciam as práticas de plano de contingência e gestão de estoque. Após a execução de tais práticas, o conhecimento adquirido, prática identificada como gestão do conhecimento (Kamalahmadi & Parast, 2016; Tukamuhabwa et al., 2017; Koronis & Ponis, 2018), irá auxiliar em melhorias no plano de contingência.
Rupturas externas
Quanto aos eventos de rupturas externas (quadro 5), a empresa sofreu impactos no recebimento de matéria-prima por falhas nas empresas fornecedoras e greves. Nas situações de atraso de matéria-prima em decorrência da má gestão interna com relação a um fornecedor exclusivo, a indústria comunica-se com a concorrência local e solicita o empréstimo do que está em falta com o compromisso de devolver ao receber do fornecedor. Essa parceria com o concorrente, identificado como uma prática resiliente aplicada pela empresa em estudo, não foi identificada na literatura. Identificou-se a colaboração e comunicação externa (Pereira, Christopher & Silva, 2014; Ali, Mahfouz & Arisha, 2017) de maneira geral, a qual é normalmente relacionada aos fornecedores e clientes.
As práticas resilientes apresentadas pela literatura que contribuem para mitigar impactos ocasionados pelo atraso de fornecimento externo são: gestão de estoque (Christopher & Peck, 2004), base de fornecedores e desenvolvimento de fornecedores (Pereira & Silva, 2015). Dessa forma, manter um estoque de segurança torna possível superar esse incidente com mais responsividade. Já o aumento da base de fornecedores apresenta-se como oportunidade de diminuir a dependência da empresa perante um único parceiro (single sourcing). A contrapartida dos custos envolvidos para manter um estoque e gerenciar uma carteira maior de fornecedor é justificada, nesse caso, pela minimização dos riscos de ruptura.
Costa, Silva e Pereira (2016) ressaltam ainda que a colaboração e comunicação com fornecedores colocam em prática a habilidade de trabalhar com outra instituição a fim de obter benefício mútuo e auxiliar no processo de verificação de propostas de alteração de atendimento. Já a prática referente ao desenvolvimento de fornecedores (Ali, Mahfouz & Arisha, 2017) é capaz de tornar os parceiros de negócio mais responsivos ante perturbações, além de desenvolver um parceiro em regiões próximas, obtendo maior rapidez em momentos de rupturas.
Os problemas de má qualidade de matéria-prima de algumas empresas fornecedoras foram solucionados com o reprocessamento desta pelo próprio fornecedor (desperdício). A empresa ainda realizou um plano de ação (plano de contingência), em que reformulou sua carteira de fornecedores, selecionando e contratando uma nova empresa parceira (seleção de fornecedores). Conforme literatura, outras práticas resilientes podem ser aplicadas para o problema, tais como: desenvolvimento de fornecedores (Pereira & Silva, 2015), as quais permitem a conquista de uma cultura de colaboração, alinhamento e sinergia entre empresa e parceiros, além do aperfeiçoamento do negócio.
A greve dos Correios (empresa responsável pela execução dos sistemas de envio e entregas de correspondências no Brasil) ocorrida em setembro de 2016 nos estados do Ceará, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe, Ceará e Piauí (g1 O portal de notícias da Globo, 2017b) impactou no envio de amostras dos produtos para possíveis compradores. Para não comprometer a imagem da empresa perante os consumidores, investiu fortemente na comunicação entre eles, repassando imagens dos produtos por e-mail e enviando status sobre a paralização. De forma complementar, buscou rotas terrestres alternativas para o envio das amostras ao cliente. A literatura destaca o uso de diferentes modais de transporte para responder mais eficazmente a uma ruptura (Pereira, Christopher & Silva, 2014; Costa, Silva & Pereira, 2016). No entanto, essa prática não se aplica, pois o único modal acessível e utilizado pela empresa é o rodoviário.
A greve dos caminhoneiros, ocorrida em novembro de 2015, também afetou a cadeia de suprimentos da indústria ao impedir o abastecimento de matéria-prima e entrega dos pedidos dentro do prazo. Esse impacto foi enfrentado com a adoção de rotas alternativas. Sobre essa situação, a literatura, em contrapartida, indica a prática da gestão de estoque (uso de estoques de segurança para absorver as flutuações externas), mostrando-se como uma boa alternativa para superar a ruptura e fortalecer a resiliência da cadeia (Christopher & Peck, 2004; Pereira & Silva, 2015).
Rupturas ambientais
Como rupturas de ordem ambiental (quadro 6), registrou-se a ocorrência de enchentes e fortes chuvas na região da empresa, que geraram impactos na cadeia de suprimentos da empresa como um todo. Diante da ruptura causada pelas enchentes, McManus et al. (2007), Ponomarov e Holcomb (2009) e Christopher (2012) destacam a gestão de riscos na cadeia de suprimentos e o plano de contingência. Essas práticas consideram a sazonalidade de chuvas e possíveis alagamentos na região, e desenvolvem, por consequência, ações antecipadas. O investimento em equipamentos tecnológicos como forma de previsão mais acurada da meteorologia poderia ser uma alternativa, entretanto é inviável pelo custo de implantação.
Nesse cenário, a empresa adota a gestão de estoque, comunicação intensiva com clientes reportando status diário sobre a condição de enchente na cidade e região, identificação de rotas terrestres alternativas, e posicionamento estratégico de um centro de distribuição, estocando produtos de seu portfólio em uma cidade estável estanho que se refere a essa ameaça ambiental. De forma complementar, a adoção da gestão do conhecimento (Kamalahmadi & Parast, 2016; Ali, Mahfouz & Arisha, 2017; Tukamuhabwa et al., 2017; Koronis & Ponis, 2018) destaca-se como prática capaz de fortalecer resiliência à empresa e sua cadeia diante de todas as rupturas citadas durante a coleta de dados.
Como justificativa, por meio da aplicação dessa prática, a organização passa a manter e gerenciar uma variedade de informações referentes a eventos passados de rupturas, fato capaz de auxiliar na tomada de decisões e na estabilização da cadeia de suprimentos de forma mais rápida e eficiente (Costa, Silva & Pereira, 2016).
Diante da análise e discussão dos dados deste estudo de caso, as práticas resilientes identificadas na literatura e no estudo de caso são sintetizadas no quadro 7. Ainda, uma terceira coluna foi adicionada a fim de destacar práticas que, apesar de disporem oportunidades para solucionar e/ou mitigar o problema (de acordo com a literatura), a empresa em estudo não conseguiu implementá-las. No caso de tecnologias para a troca de informação para o auxílio na gestão de risco (como discutido em rupturas ambientais), a empresa não possui recursos financeiros para arcar com os altos custos de implementação dessa tecnologia. Já em relação com a escolha de modais de transporte (discutido em rupturas externas), a empresa concentra seus recebimentos e despaches apenas no modal rodoviário, devido às características dos seus produtos e, especialmente, à localização e necessidades de seus fornecedores e clientes ao longo da cadeia.
Considerações finais
Foi possível identificar que a empresa em estudo executa práticas resilientes em suas operações como forma de lidar com rupturas nos fluxos de bens em sua cadeia de suprimentos. As práticas identificadas e que também são sugeridas pela literatura foram: plano de contingência, gestão de estoque, colaboração e comunicação externa, gestão do conhecimento, seleção de fornecedores, posicionamento estratégico de um centro de distribuição. Outras práticas foram identificadas a partir deste estudo empírico: parceria com concorrentes, manutenção preventiva e preditiva, identificação de rotas terrestres alternativas, comunicação e colaboração interna. Estas últimas se destacam, portanto, como contribuição teórica deste estudo.
Além disso, duas práticas identificadas pela literatura destacaram-se pela impossibilidade de implementação: o uso de tecnologias de apoio à troca de informação e a escolha de modais de transporte, já que são normalmente aplicadas em empresas de grande porte, pois requerem altos investimentos financeiros. Complementarmente, este estudo contribui com estudos sobre resiliência no contexto brasileiro, os quais atualmente ainda são escassos.
A adoção das práticas resilientes indicadas neste estudo proporcionam à empresa capacidade de flexibilidade, agilidade e rapidez em adaptar-se às situações de transição, bem como a conquista de resiliência na sua cadeia de suprimentos, ao permitir que a empresa se reestruture e volte ao seu desempenho normal, ou superior, após enfrentar rupturas em seu fluxo.
Quanto a limitações encontradas, destaca-se a falta de documentação de registros e de gestão do conhecimento da empresa, perdendo-se informações que poderiam contribuir para uma análise mais abrangente sobre eventos de rupturas passados pela indústria. Outra limitação foi a impossibilidade de entrevistar fornecedores e clientes, o que poderia ampliar a visão das rupturas e levantar outras práticas.
A partir dos resultados e limitações deste estudo, pesquisas futuras poderiam explorar práticas resilientes praticadas por diferentes empresas em diferentes setores (a partir de um estudo multicaso), além de identificar quais práticas resilientes são mais indicadas para cada tipo de ruptura na cadeia de suprimentos. Ainda, o desenvolvimento de indicadores de desempenho para o monitoramento das operações ao longo da cadeia é também uma pesquisa relevante, pois, a partir da gestão desses indicadores, torna-se viável a realização de uma gestão mais efetiva da carteira de fornecedores, cobrando melhorias e interrompendo parcerias quando necessário.